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Neymar tem raiva de perder até no paintball e quer voltar a ganhar no Rio

Lucas Figueiredo/MoWa Press
Neymar treinou pela primeira vez na seleção olímpica do Brasil na terça-feira imagem: Lucas Figueiredo/MoWa Press

Dassler Marques e João Henrique Marques

Do UOL, em Teresópolis e em Barcelona

Depois de um início de trajetória com vitórias e gols pela seleção brasileira, Neymar acumula decepções com a camisa amarelinha nos últimos três anos. A Olimpíada é a chance de virada para um jogador que tem na extrema competitividade uma de suas maiores marcas. Algo que ele leva, inclusive, para fora dos gramados. 

Em maio, durante uma partida de paintball marcada em Barcelona por Daniel Alves para comemorar seu aniversário, Neymar estava no time derrotado. Naquele momento, ele chegou a perder um pouco do controle após ouvir algumas provocações bem-humoradas.

A irritação do atacante em um momento de descontração impressionou os colegas e reforçou a impressão de que é alguém que jamais suporta perder. Nesse mesmo dia, provavelmente por irritação, Neymar sequer foi a um jantar comemorativo que Daniel Alves havia agendado e que contou com a presença de todos os outros brasileiros do Barça. 

Arquivo Pessoal
Neymar, Daniel Alves, Douglas e Adriano em partida de paintball em Barcelona imagem: Arquivo Pessoal

Pela seleção brasileira, por outro lado, Neymar mostra que não é de jogar a toalha. A presença na Olimpíada em detrimento da ida à Copa América foi uma decisão da CBF, porém que ele próprio respaldou. Conquistar a medalha de ouro, inédita para o futebol masculino, é o novo desafio. E Neymar, desde cedo, sempre quis estar ali. 

Neymar era louco pela seleção brasileira desde adolescente

Primeiro treinador dele na seleção brasileira, Lucho Nizzo conta um episódio marcante que ocorreu em 2009, quando Neymar tinha sete anos a menos que os 24 de hoje. Na época, já integrava os profissionais do Santos, que acertou com a CBF que o atacante não jogaria o Sul-Americano Sub-17 na ocasião.  

"Quando convoquei, o (Vagner) Mancini treinava o Santos e disse que o Neymar não tinha nada a ganhar, que só iria se fosse na seleção principal. Na época, eu não queria medir forças, mas disse que achava importante para ele maturar e completar todas as etapas da formação. E o Neymar me falou, 'estou doido para ir', mas não dependia de mim. Nem dele. As direções acertaram na época e isso prevaleceu. Ele só foi liberado para o Mundial", conta Lucho. 

Na Olimpíada, a exemplo do que ocorria nessa época, Neymar era um jogador com reputação muito acima de todos os demais, segundo observa o próprio treinador. Mas era o desejo de servir a seleção que fazia a diferença. "A primeira convocação dele comigo foi em março de 2009. Ele já era badalado. A multa dele era de R$ 150 milhões", explica.

"Em tudo, ele tem aquele tesão de ganhar. Ele já tinha uma marca muito grande na participação, no convívio da época. Colocava uma intensidade em tudo com os meninos, que é importante em tudo na vida. O futebol envolve 11 cabeças e isso contagia os demais. No bobinho, na brincadeira, mesmo alguma coisa sem importância, ele queria estar sempre participando de tudo", define Lucho Nizzo, atualmente sem clube. 

Cenário favorável para voltar a brilhar

A alegria de estar na seleção, nos últimos meses, chegou a se perder para Neymar. Na Copa do Mundo, sofreu a lesão mais dura de uma carreira marcada pela presença sempre constante em campo e correu o risco de perder os movimentos. Recuperado rapidamente, teve a melhor temporada de sua vida, mas na Copa América 2015 perdeu o controle e acabou suspenso da competição. A partir dali, a relação com Dunga se desgastou e novos cartões voltaram a aparecer. 

Na Olimpíada, há alguns sinais de que as coisas poderão mudar. O treinador Rogério Micale propõe uma relação aberta e de reverência ao atacante do Barcelona. "O que a gente puder fazer para ele se sentir bem, vamos fazer", declarou na terça. A estratégia de aproximação do jogador mais importante do grupo é na base de uma relação mais compreensiva. Felipe Anderson e Rafinha Alcântara, dois grandes amigos dele, também estão nesta seleção. 

Dentro do sentido de competitividade, Neymar volta a mostrar que pode ser o mesmo de outros tempos. Criticado em momentos recentes por estar distante da seleção, ele foi um dos primeiros a se apresentar em Teresópolis na segunda-feira. Algo mais próximo do jogador que pegava voos às pressas, ignorava o cansaço e treinava na sequência pelo Santos. Que reclamou de ser substituído no Barcelona pelo simples motivo de que quer sempre estar em campo, pois é extremamente competitivo. 

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