Em 4 pontos, por que o metrô olímpico virou a grande dúvida da Rio-2016
A construção da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro é a obra mais cara em execução para a Olimpíada de 2016 e também uma das mais atrasadas. Orçada atualmente em R$ 9,77 bilhões, ela só deve ficar pronta no dia 1º de agosto, ou seja, cinco dias antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016 – fato que causa apreensão entre os organizadores do megaevento esportivo.
Todo o esquema de mobilidade torcedores e turistas pensado para o período da Olimpíada depende do funcionamento da nova linha do metrô carioca. Por isso, a dúvida sobre a real condição do Linha 4 funcionar durante os Jogos é considerada hoje a maior relacionada à Rio-2016.
Entenda os principais motivos da desconfiança sobre o projeto em quatro pontos:
1. o prazo é apertado e as obras estão atrasadas
A construção da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro é uma das obras prometidas para a Olimpíada com o prazo de execução mais apertado. Além disso, está atrasada.
O projeto para implantação de um trecho de metrô entre a zona sul do Rio e a Barra da Tijuca, bairro com o maior número de competições olímpicas, foi incluído na primeira versão do plano de legado dos Jogos Olímpicos, lançado em abril 2014. Naquela época, o governo do Rio já previa que a Linha 4 só entrasse em operação no fim de junho –ou seja, menos de dois meses antes da Olimpíada.
Acontece que construção dos 16 quilômetros de túneis e de cinco estações atrasou. A inauguração da Linha 4 foi adiada para o dia 1º de agosto, a cinco dias da abertura dos Jogos Olímpicos. O adiamento aumentou as dúvidas de organizadores da Olimpíada sobre o funcionamento da nova linha durante o evento. O governo garante que a obra ficará pronta a tempo.
2. o governo está em calamidade financeira
A dúvida aumentou desde que o governo do Rio de Janeiro começou a apresentar dificuldades para arcar com os pagamentos da obra do metrô. Em uma grave crise financeira, o Estado deve cerca de R$ 350 milhões a empreiteiras responsáveis pela obra (Odebrecht, Queiroz Galvão e outras). Precisa ainda de R$ 150 milhões para pagar por serviços que devem ser feitos até a Olimpíada para que a Linha 4 do Metrô esteja operando nos Jogos.
Em busca de uma ajuda federal para obra e outros projetos olímpicos, o governador em exercício Francisco Dornelles decretou estado de calamidade pública no Estado. Diante dessa situação, a União prometeu ajudar o governo do Rio com R$ 2,9 bilhões.
Uma medida provisória e um decreto determinando a transferência dos recursos ao Estado já foram publicadas. O dinheiro, porém, só deve chegar na semana que vem. O secretário de Transportes, Rodrigo Vieira, afirmou que, após a ajuda, não há risco de a obra olímpica da Linha 4 parar.
3. Apenas 30 dias para testes: um risco à segurança
A falta de pagamento e os atrasos na execução da construção acabaram reduzindo o cronograma de testes da Linha 4 do Metrô. Segundo o TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro), inicialmente, 90 dias de provas seriam realizados antes de sua abertura do metrô. Agora, serão apenas 30, e isso pode até comprometer a segurança dos usuários da linha.
O TCE-RJ realizou uma auditoria do contrato de construção da Linha 4 e constatou as mudanças nos testes da nova linha do metrô. Os próprios técnicos do órgão informaram em relatório que o "ritmo acelerado imposto à fase final das obras suscita dúvidas quanto à suficiência do tempo reservado a todos os ajustes e testes necessários para a realização de uma operação segura e confiável."
O secretário de Transportes do governo descartou qualquer risco aos usuários. Segundo ele, os testes do metrô seguem padrões internacionais e priorizam a segurança dos passageiros.
4. Alternativa requer plano emergencial
A apreensão em torno da entrega da obra da Linha do Metrô deve-se também à falta de alternativas de transporte entre a zona sul do Rio, a área mais turística, e a Barra da Tijuca. Caso o metrô não opere durante os Jogos, um plano de contingência terá que acionado para transporte turistas e torcedores.
Esse plano envolve a instalação emergencial de um BRT (Bus Rapid Transit) ligando a Barra à zona sul, além da transferência de ônibus que atendem outras áreas da cidade para o serviço olímpico de transportes. Ou seja, caso o metrô não fique pronto, até o transporte de outras áreas do Rio pode ser prejudicado durante a Olimpíada.
O secretário municipal de governo, Rafael Picciani, afirmou que esse plano de contingência já está elaborado e testado. Ele espera, porém, que não seja necessário tirá-lo do papel. De acordo com Picciani, todas as informações disponíveis levam a crer que há 99% de chances de a Linha 4 do Metrô estar operando durante a Olimpíada. "A contingência não será necessária", previu.