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Adversário do Brasil na Olimpíada já teve de fugir do Estado Islâmico

Do UOL, em São Paulo

Um iraquiano que fugiu do Estado Islâmico (EI) com medo de se tornar refém do grupo terrorista ou mais uma das suas inúmeras vítimas tornou-se o grande herói do futebol do país e em agosto virá ao Rio de Janeiro para disputar a sua primeira Olimpíada. E mais, será adversário do Brasil no dia 7 de agosto no Estádio Mané Garrincha

O homem em questão é Ayman Hussein, que em 18 meses conseguiu dar uma reviravolta completa em sua vida como o UOL Esporte mostrou em reportagem publicada no dia 18 de fevereiro.

O gol marcado por Hussein contra o Qatar, no dia 29 de janeiro, na vitória por 2 a 1 na prorrogação da disputa do terceiro lugar do Campeonato Asiático Sub-23 e que garantiu a vaga olímpica foi um dos raros momentos de alegria nos últimos tempos.

Em meados de 2014, Hussein era um desabrigado. O receio que tinha do EI fez o atleta e sua família deixarem a cidade de Kirkuk. Mas seu irmão, que trabalhava para a polícia local, não conseguiu seguir o mesmo caminho. Acabou abduzido pelos extremistas.

"Ninguém sabe exatamente o que aconteceu a ele", disse em entrevista à agência Associated Press.

Hoje, Hussein vive em Bagdá com companheiros da seleção. Já sua mãe e outros irmãos encontraram refúgio nas cercanias de Kirkuk, localizada a 236 quilômetros da capital.

Mas esta não foi a única vez em que extremistas interferiram diretamente em sua vida. Em 2003, seu pai foi vítima de um ataque terrorista de autoria da Al Qaeda. A explosão de um carro-bomba causou a sua morte.

Apesar de tantas dificuldades em seu caminho, Hussein nunca pensou em desistir de sua carreira de jogador, iniciada por acaso quando foi descoberto jogando em um parque de Kirkuk por um técnico do time da cidade.

AP Photo/Karim Kadim
Ayman Hussein é recebido como herói após garantir vaga do país na Olimpíada imagem: AP Photo/Karim Kadim

"Eu agradeço a Alá pela minha situação de vida hoje. Muito dos iraquianos desalojados vivem em tendas", afirmou.

A perseverança pagou seu preço. Após o gol que valeu a vaga no Rio, Hussein e seus colegas foram recebidos por uma multidão no aeroporto de Bagdá.

"Eu ainda estou lidando com situações muito difíceis, mas isso me dá ainda mais motivação para fazer minha família e meu país orgulhosos", disse naquela oportunidade.

Hussein também foi recebido por Haider al-Abadi, primeiro-ministro do país, e pelos líderes da Força de Mobilização Popular, um grupo xiita que luta contra o EI.

Sobre a vinda para o Brasil, ele já mostra ansiedade, apesar de ter pouco conhecimento sobre o país.

"Conheço o Brasil apenas pelas coisas que vejo no Youtube e TV. Sei que é um país famoso pelas suas praias e mulheres", disse à Associated Press.

No Rio de Janeiro, a seleção iraquiana disputará a sua quinta Olimpíada. Em Atenas-2004, o país ficou muito perto de uma medalha, mas acabou derrotado pela Itália na disputa pela medalha de bronze. 

Além do Brasil, os iraquianos vão enfrentar também no Grupo A a África do Sul e a Dinamarca.

AP Photo/Hadi Mizban
imagem: AP Photo/Hadi Mizban

 

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