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Como a passagem de bastão a Dunga pode alterar o curso da seleção olímpica

Marlon Costa/CBF
Micale faz último amistoso à frente da seleção sub-23, que terá Dunga no comando imagem: Marlon Costa/CBF

Dassler Marques

Do UOL, em Maceió

O treinador Rogério Micale faz seu último amistoso no comando da seleção olímpica neste domingo (18h30 de Brasília), diante da África do Sul em Maceió. Os passos seguintes da seleção Sub-23 terão Dunga como treinador: convocação, preparação a partir de julho e o comando nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016. Entre essas etapas, uma possível mudança de curso deve acontecer. 

Micale, que treinará os garotos brasileiros pelo sétimo jogo e possivelmente seja auxiliar de Dunga no torneio, usa termos curiosos para definir o que imagina de uma equipe de futebol. Ex-goleiro, ex-treinador das bases de Figueirense e Atlético-MG, ele acredita que os comportamentos de seus times se assemelham ao jogo de dama. Ou, até mesmo, à evolução das escolas de samba melhor organizadas. Significa que, no gramado, tal qual no tabuleiro ou na avenida, as movimentações das peças são sempre coordenadas. 

Considerado um estudioso incansável do jogo por seus colegas mais próximos, Rogério Micale impôs uma série de conceitos ousados à Sub-23, assim como havia feito na seleção vice do último Mundial Sub-20. Quase todos eles se resumem no fato de que a linha de defensores joga adiantada, próxima do círculo central. O goleiro se comporta como líbero, os zagueiros estão livres para passar a bola pelo centro e o jogo deve ser constantemente invertido de um lado a outro. De forma coordenada, como no jogo de dama. 

A imposição do sistema que Micale gosta de chamar de "anarquia organizada", porque traz ordem ao jogo e libera atacantes, foi difícil. Os goleiros, por exemplo, não se sentiam à vontade para ficarem longe da pequena área. Os zagueiros preferiam passes mais seguros. Mas, para o treinador que se inspirou em Pep Guardiola, Jürgen Klopp e Marcelo Bielsa para construir seu estilo, jogar bonito e ser protagonista só será possível se for dessa forma. 

O que Dunga fará sobre isso?

A mudança de comando na seleção olímpica deixa justamente esse dilema em aberto: até que ponto Dunga vai manter essas ideias? Na equipe principal, o funcionamento da equipe é baseado em preceitos distintos, sem defensores muito avançados, com menos ultrapassagens nas laterais e sem um meia que joga colado ao centroavante. Os riscos assumidos normalmente são menores. 

A CBF se preocupa com essa passagem de bastão, mas vê Dunga mais aberto para incorporar ao menos parte desses conceitos na Sub-23. Há a avaliação de que, nas últimas partidas da seleção principal, problemas à parte, o time teve um comportamento menos conservador e princípios modernos foram colocados em prática. O próprio treinador fez de Gabriel, convocado na sexta-feira, seu nono jogador com idade olímpica chamado para o time principal. É sinal de confiança no trabalho feito com os jovens.

Certo é que, mesmo antes de assumir o cargo, Dunga fez mudanças na rotina do time olímpico. Entrevistas foram praticamente vetadas, o contato com os torcedores diminuiu, com exceção de uma atividade aberta em Vitória, e uma comissão técnica mais numerosa foi montada. Uma série de protocolos internos já foram colocados em prática na excursão por Espírito Santo e Alagoas. 

O lateral Fabinho, que já serviu a seleção principal e olímpica, comparou os trabalhos. "Por sermos uma equipe mais jovem, jogamos de uma forma mais aberta, com muita qualidade ofensiva. O Micale passa para nós que tenta montar um esquema parecido com o Dunga. Não pode ser tão diferente porque o Dunga vai assumir", disse no sábado. 

Seleção escalada contra a África do Sul

Ederson; Fabinho, Wallace, Dória e Douglas Santos; Rodrigo Caio e Matheus Sales; Malcom, Felipe Anderson e Gabriel Jesus; Luciano. 

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