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Estádio onde joga seleção tem obras há 6 anos e já encareceu R$ 150 milhões

Dassler Marques/UOL
O colorido Estádio Kléber Andrade recebe Brasil Sub-23 x Nigéria nesta quinta-feira imagem: Dassler Marques/UOL

Dassler Marques

Do UOL, em Cariacica (ES)

O preço saltou de R$ 86 milhões para R$ 236 milhões. E, após seis anos de obras e três licitações, o Estádio Kleber Andrade, palco do duelo entre a seleção brasileira olímpica e a Nigéria, nesta quinta-feira (24), em Cariacica, não conseguiu ficar pronto para o povo capixaba.

Por lá jogaram recentemente os quatro grandes do Rio de Janeiro e o Cruzeiro, mas os problemas ainda estão por praticamente todas as partes. O amistoso é preparatório para os Jogos Olímpicos, mas o Kleber Andrade era estádio de treinamentos para a Copa do Mundo de 2014. 

No último fim de semana, o lateral vascaíno Júlio César desabafou após duelo com o Boavista contra o defeito mais inusitado do Kleber Andrade. "Essas escadas são o terceiro tempo, é um absurdo". Para ir do campo ao vestiário, os jogadores precisam subir mais de 60 degraus. Já a imprensa, do gramado até as cabines, enfrenta aproximadamente 130 degraus. 

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Jogadores precisam subir mais de 60 degraus para chegar aos vestiários imagem: Dassler Marques/UOL

As escadas rolantes e elevadores previstos no projeto original, e realizado pelo Consórcio Andrade Valadares-Topus, não são os únicos itens faltantes. Era previsto, por exemplo, um prédio educacional, que não saiu do chão. Ainda não há placar eletrônico, e um exemplar alugado pela CBF será usado no amistoso dessa quinta-feira. Ao se caminhar por vestiários e áreas internas, percebe-se tubulações à vista, paredes ainda no reboco e estruturas inacabadas.

BANHEIROS, INTERNET, PONTOS CEGOS...E MAIS GASTOS

Outro problema importante no estádio diz respeito aos banheiros. Em jogo recente no Kleber Andrade, o corredor de acesso a uma ala de banheiros alagou com a chuva. Pior é a situação para as mulheres: há apenas um sanitário feminino com três vasos à disposição no estádio com capacidade para mais de 21 mil torcedores localizado na Região Metropolitana de Vitória. No andar mais baixo das arquibancadas de ambos os lados, há pontos cegos. 

A utilização de aparelhos celulares e computadores no Kleber Andrade é outro desafio. O sinal de telefonia móvel, independentemente da operadora, é instável ao redor do gramado e inexistente nas áreas internas, como vestiários.

Apesar de novas injeções de dinheiro nas obras, o governo local deve investir mais R$ 1 milhão na aquisição de estruturas internas de segurança, como grades e tapumes. Atualmente, elas são alugadas para realização de jogos. 

PONTOS POSITIVOS

A iluminação é compatível ao adotado nos principais estádios do futebol brasileiro e mundial. Outro ponto que tem recebido elogios é o gramado. Similar ao padrão Fifa da Copa do Mundo, o campo também tem sistema de irrigação de primeira linha. 

ESTÁDIO FOI COMPRADO POR R$ 7 MILHÕES

Inaugurado nos anos 80, o Kleber Andrade foi vendido pelo Rio Branco-ES ao governo do estado por R$ 7 milhões em 2008. O estádio foi utilizado por Camarões na preparação da Copa 2014, mas não estava apto para a realização de jogos na ocasião. 

SECRETÁRIO DEIXA ESTÁDIO EM SEGUNDO PLANO

Em entrevista ao jornal local A Gazeta, o secretário de Transportes e Obras Públicas, Paulo Ruy Carnelli, disse que o governo local trata de outros assuntos. 

"Os grandes serviços que faltam no Kleber Andrade não estão na nossa prioridade e não consigo nem falar em data de conclusão do estádio. As prioridades do governo foram o equilíbrio fiscal e aquilo que tivemos recursos: educação, segurança e saúde. As obras de prédios educacionais, quadras poliesportivas, unidades de polícia tiveram um maior carinho nosso. (...) Percebemos que dá para utilizar o Kleber Andrade com segurança da maneira que está". 

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