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Atualizada em 15.01.2016 17h24

Brigando com prefeitura, construtora esvazia obra olímpica para hipismo

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

Enquanto Prefeitura do Rio de Janeiro e construtora Ibeg travam uma batalha por conta da rescisão do contrato da obra do Centro Olímpico de Tênis, a preparação de outra instalação olímpica sob responsabilidade da empresa é prejudicada. Está praticamente parada a reforma do Centro Nacional de Hipismo, em Deodoro, necessária para a Rio-2016.

Orçada em R$ 157 milhões, a obra começou em julho do ano passado e deve ser concluída até junho de 2016. Hoje, entretanto, quase não se vê operários trabalhando para conclusão da reforma olímpica.

Nesta sexta-feira (15), o UOL Esporte visitou o canteiro de obras da área. Encontrou máquinas paradas, trabalhadores à espera de orientações e, mais do que isso, descrentes quanto ao futuro do projeto essencial para os Jogos do Rio.

"Não tem quase ninguém trabalhando. A obra mesmo está parada", relatou um operário, que não quis se identificar. "Até novembro do ano passado, eram mais de 200 pessoas trabalhando aqui. Hoje, se tiver 30 é muito. E não há o que fazer. Ninguém está aqui nos dando as tarefas e dizendo o que cada um deve assumir".

A reforma do Centro Nacional de Hipismo para a Olimpíada compreende adaptações nas pistas de saltos e da modalidade cross-country. Também prevê a construção de novas baias e uma nova clínica veterinária para atender aos cavalos que competirão no Rio de Janeiro, em agosto deste ano.

As obras nas pistas até foram concluídas, segundo os operários. Em agosto, um evento-teste de hipismo chegou a usar os equipamentos esportivos. Acontece que as obras das estruturas de apoio ainda não foram finalizadas. Segundo os funcionários da Ibeg, não há mobilização para a entrega das construções.

“Sou um dos poucos que restou aqui. As obras estão paradas”, contou outro funcionário. "Muita gente já foi transferida para outra obra da empresa, na Urca. A gente que ficou tem medo de acabar demitido, ficar sem emprego. Essa briga entre a prefeitura e a empresa assusta, não é? Nós somos o lado mais fraco".

Troca de acusações

A "briga" a que o funcionário da Ibeg se refere começou na semana passada, com protestos de operários da Ibeg e construtoras parceiras no Centro Olímpico de Tênis. Os trabalhadores manifestaram-se alegando terem sido demitidos sem terem recebido as verbas rescisórias a que têm direito. A Ibeg informou não ter pago os operários por não ter recebido corretamente da prefeitura.

Levando os protestos em consideração e alegando atrasos no Centro Tênis, a prefeitura então rescindiu o contrato da Ibeg e suas parceiras. As empresas entraram na Justiça em busca de uma decisão liminar para reassumir o projeto imediatamente. A liminar foi negada. Segundo a prefeitura, na semana que vem, uma nova empresa deve assumir a obra.

Paralelamente, a Ibeg entrou com uma outra ação na Justiça visando a impedir que a prefeitura venha a rescindir o contrato da obra do Centro Olímpico de Hipismo. O município cobrou a empresa na semana passada devido a atrasos na execução do projeto. A companhia alega que a administração municipal não tem repassado os projetos necessários para a obra.

Ainda na quinta, a Justiça já concedeu uma liminar em favor da Ibeg. A decisão provisória impede que a empresa saia do Centro de Hipismo.

Se trabalhar, continua

Nesta sexta, o prefeito Eduardo Paes afirmou que não é intenção da prefeitura romper o contrato do Centro de Hipismo com a Ibeg. “Queremos que as obras sejam concluídas dentro do preço pactuado com a empresa”, afirmou.

Sobre o tênis, o município retificou o anúncio da rescisão contratual com a Ibeg e suas parceiras, mas manteve o rompimento do contrato. Por meio da retificação, o município deu prazo por cinco dias para que a companhia recorra da multa de R$ 11 milhões aplicada pela prefeitura. A administração também alterou o fundamento legal do rompimento contratual. Em vez dos atrasos e não cumprimentos de legislações trabalhistas, a prefeitura divulgou nesta sexta que o acordo foi rescindido por "interesse público".

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