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Qual é a prova mais disputada na seletiva do Brasil na natação da Rio-2016?

 Erich Schlegel-USA TODAY Sports
Joao De Lucca, Bruno Fratus, Matheus Santana e Marcelo Chierighini foram a equipe do revezamento 4x100m no Mundial de Kazan (Rússia) imagem: Erich Schlegel-USA TODAY Sports

Guilherme Costa

Do UOL, em Palhoça (SC)

Sete representantes do país entre os 50 melhores do planeta em 2015. Dez atletas separados por menos de um segundo. O atual recordista mundial. Uma prova com margem pequena para erros. A disputa por vagas no revezamento das Olimpíadas. São muitas as razões para prestar atenção no que vai acontecer nesta sexta-feira (18), em Palhoça (SC), na primeira seletiva da natação brasileira para os Jogos Rio-2016. Afinal, não há disputa mais acirrada (e com nível técnico mais alto) na equipe nacional do que a dos 100m livre para homens.

“São oito ou até mais atletas do Brasil entre os melhores do mundo. Eu acredito que é difícil falar em 100% de aproveitamento, mas a maioria deve nadar perto do melhor tempo. Aí a gente vai ter uma disputa bastante boa, o que é bom para o Brasil”, avaliou Alberto Silva, o Albertinho, técnico da natação masculina do país.

O Brasil tem direito a inscrever dois atletas por prova individual dos Jogos Olímpicos de 2016. Portanto, se três ou mais nadadores obtiverem índice, os dois melhores representarão o país.

Contudo, o anfitrião já está classificado para o revezamento 4x100m da Rio-2016. O desempenho dos atletas nas seletivas dos 100m valerá para composição da equipe, que pode ter até seis nadadores.

Aí entra uma questão estratégica: ao contrário do que aconteceu em Londres-2012, todos os inscritos nos revezamentos da Rio-2016 precisarão nadar. Se o Brasil levar um atleta, ele precisa ter condição de classificar o país nas eliminatórias ou disputar uma prova final. “A gente precisa de uma briga muito boa, com tempo bem fortes, por causa dessa nova regra”, disse Albertinho.

 

Por que os 100m livre são a prova mais disputada da seletiva

 

Nos dois primeiros dias, o Open de Palhoça teve 11 atletas com índice para os Jogos de 2016. Somente nos 100m borboleta o país já excedeu o número de vagas para as Olimpíadas – Marcos Antônio Macedo, Henrique Martins e Nicholas Santos fizeram tempo suficiente para estar no Rio de Janeiro em 2016.

Entre os nadadores inscritos nos 100m livre, porém, apenas um dos integrantes da última bateria tem tempo de entrada superior ao índice. E ainda assim, os 49s04 de João de Lucca não estão muito distantes dos 48s99 necessários para a vaga.

Em 2015, cinco nadadores brasileiros já fizeram os 100m livre abaixo do índice. A marca foi batida por Marcelo Chierighini (48s27), Matheus Santana (48s52), Pedro Spajari (48s87), Henrique Martins (48s92) e Cesar Cielo (48s97).

A lista ainda não conta com João de Lucca e Bruno Fratus, cujo melhor tempo em 2015 foi 50s01. Os dois estiveram no revezamento 4x100m do Mundial de esportes aquáticos de Kazan (Rússia), ao lado de Marcelo Chierighini e Matheus Santana, e saíram de lá com um quarto lugar.

Fratus teve o desempenho mais impressionante da seletiva olímpica até aqui. Na quarta-feira (16), abriu o revezamento 4x50m com 21s37, melhor tempo da carreira e segundo melhor do planeta na temporada.

 

O fator Cesar Cielo

 

A seletiva dos 100m livre será o primeiro grande teste para Cesar Cielo em Palhoça. O nadador voltou a nadar na última quarta-feira, no revezamento 4x50m, após ter ficado longe das competições por quatro meses por causa de uma lesão no ombro.

Cielo fez um tratamento para a inflamação e descansou. Quando retomou os treinos, há dez semanas, decidiu priorizar os 100m livre, prova que ele vinha negligenciando – o nadador dava prioridade total aos 50m livre, distância em que foi campeão olímpico (Pequim-2008) e tricampeão mundial (Roma-2009, Xangai-2011 e Barcelona-2013).

“Eu trabalhei um pouquinho mais para os 100m livre desta vez, apesar de ter sido um tempo mais curto de semanas, mas estou com uma expectativa legal. Quero fechar bem o ano”, disse o nadador. Cielo ainda é o recordista mundial da prova (46s91 em Roma-2009).

 

Donos dos melhores tempos estão descansados

 

Marcelo Chierighini e Matheus Santana, donos dos melhores tempos do país nos 100m livre em 2015, ainda não caíram na piscina em Palhoça. Ambos deram prioridade total à seletiva olímpica dessa prova.

Fratus e Cielo, por exemplo, disputaram o revezamento 4x50m. “Nunca gostei de quebrar o gelo em competições. Sempre estou pronto no primeiro dia”, avisou Fratus.

 

A distância para o topo do mundo não é tão grande

 

Na noite de quinta-feira, Henrique Martins nadou os 100m borboleta em 52s14 e confirmou o índice olímpico que havia registrado durante a manhã. No entanto, a situação da prova não pode ser comparada com o panorama dos 100m livre.

“Sei que todo mundo está mirando os 51 segundos. Estamos buscando isso há alguns meses. Não saiu hoje, mas o resultado foi bom”, avaliou o nadador. “Só que não vai dar para fazer muita coisa na Olimpíada com 51 segundos. Aí vamos precisar de um 51s baixinho. Quem conseguir fazer 50s talvez pegue final”, adicionou.

Nos 100m livre, a distância entre os brasileiros e o topo do planeta é menor. O melhor tempo da prova em 2015 foi registrado pelo chinês Ning Zetao, que fez 47s84. O australiano Cameron McEvoy conseguiu 47s94.

A realidade não é nada distante para os brasileiros. No revezamento, por exemplo, a meta estipulada pelos atletas locais é estar na casa de 47 segundos.

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