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Goleira histórica no handebol, Chana é "da casa" no país do Mundial

Gustavo Franceschini/UOL
Chana Masson posa para foto na arena de Kolding, na Dinamarca, onde o Brasil jogou imagem: Gustavo Franceschini/UOL

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Kolding (Dinamarca)

O Brasil foi campeão do mundo sem ela em 2013, mas ninguém discorda que Chana Masson tem a ver com a conquista na Sérvia, há dois anos. Hoje só torcedora das ex-companheiras na eliminação do Mundial de handebol, a goleira que marcou a história da seleção feminina é “dona da casa” na Dinamarca, onde vive há sete anos e quer trilhar seu caminho para a Rio-2016.

Chana hoje tem 36 anos e depois de 15 temporadas na Europa batalha para virar cidadã dinamarquesa. O país-sede do Mundial virou a casa da goleira, que adotou um brasileiro de 17 anos e vive com o marido em Odense, onde estuda a língua local para adotar de vez a “nova casa”.

Arquivo pessoal
Chana Masson posa para foto com o filho imagem: Arquivo pessoal

“Com oito anos aqui eu ganho visto permanente. Ganho direito aos benefícios que os dinamarqueses têm e consigo fazer o curso de treinador para poder trabalhar no futuro. Eu estou bem aqui. Recusei proposta do Buducnost [de Montenegro, atual campeão da Liga dos Campeões de handebol] para ficar. Todo mundo me chamou de louca”, diz Chana, primeira jogadora brasileira a assinar com um clube europeu.

A experiência da goleira no Velho Continente passou por Espanha, Alemanha e Dinamarca. Em 2011, após o Mundial disputado no Brasil, ela esteve perto de acertar seu retorno ao país, mas decidiu permanecer. Os números mostram que ela ainda tem o que oferecer no handebol dinamarquês, considerado um dos mais fortes do planeta.

Há dois anos, Chana foi titular do campeão Viborg, seu ex-clube. Hoje, ela está à frente do Odense, clube mais modesto que lhe oferece a chance de voltar a trabalhar em uma equipe em ascensão e a perspectiva de um emprego após a aposentadoria. Mesmo com o time na antepenúltima colocação, a brasileira é a sexta melhor goleira da Liga Dinamarquesa, com 38% de aproveitamento nas bolas que chegam à sua meta.

E aí vem a dúvida: se está em forma, por que Chana não defende mais o Brasil. Não é por opção dela. Depois dos Jogos Olímpicos de 2012, o técnico Morten Soubak decidiu não convocar mais a veterana e apostou em Babi Arenhart e Mayssa Pessoa, hoje duas jogadoras de destaque da equipe.

“Eu sempre tive a personalidade forte, e eu acho que ele queria que o grupo todo fosse forte. Nós nunca falamos sobre isso. Nos encontramos só duas vezes depois de Londres. Eu entendo e respeito muito ele, acho que faria igual se fosse técnica. Só que estou aqui para mostrar que mudei, que sei ser só mais uma. Eu quero ir para o Rio ano que vem”, disse Chana.

“Aqui”, no caso, é Kolding, base da seleção no Mundial antes da eliminação. A cidade fica a 70 km de Odense, onde Chana vive, e recebeu a visita da goleira veterana pela primeira vez no último domingo, justamente no dia da derrota para a Romênia. Foi um marco para ela, que em 2013 torceu de longe pelas amigas.

“Fiquei muito feliz pelas meninas, muito mesmo. Eu amo de paixão todas elas. Mas foi difícil, na Sérvia eu não conseguia nem ver os jogos. Hoje não, hoje eu estou aqui, hoje eu consigo. E o Brasil tem ótimas goleiras, em nenhum momento eu acho que deveria estar no lugar de ninguém, mas eu falo pra elas: ‘Não reclama de nada. Vocês não sabem o que é estar fora. Eu daria um dedo para estar aí’”, diz Chana.

A obsessão por voltar à seleção é tão grande que ela até adia outros planos profissionais. Um dos nomes mais conhecidos do público entre as atletas que não estão no time atual, a goleira já foi convidada para comentar as Olimpíadas, mas adiou a tomada de decisão.

“Eu quero ir para jogar. Se não der certo eu posso pensar. Em todo caso, eu faço parte da Comissão dos Atletas do COB [Comitê Olímpico Brasileiro], então vou estar lá. Mas meu desejo é estar em quadra. Tenho condições e vou tentar mostrar isso”, disse Chana. 

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