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Disputa por verbas derrubou homem-forte da Olimpíada do Rio-2016

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Leyser, ex-secretário executivo do Ministério, foi exonerado após pressão do PRB imagem: Carol Guedes/Folha Imagem

Eduardo Ohata, Gustavo Franceschini e Vinicius Konchinski

Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro

Presidente nacional do PRB (Partido Republicano Brasileiro), Marcos Pereira disse que Ricardo Leyser deixou a secretaria executiva do Ministério do Esporte por pressão da base do partido, o mesmo de George Hilton, titular da pasta. Figura importante na organização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Leyser era visto com ressalvas por deputados que queriam ter mais verbas aprovadas para seus Estados.

“Havia uma reivindicação antiga. O Ricardo Leyser está no Ministério do Esporte há muito tempo, é do PC do B [Partido Comunista do Brasil]. A bancada queria que fosse alguém que representasse mais o partido. O ministro explicou a situação ao Leyser há um mês e o convidou a retornar à Secretaria de Alto Rendimento, que era o cargo que ele ocupava até a entrada do ministro no cargo”, disse Marcos Pereira, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Leyser foi exonerado do cargo nesta terça-feira de forma surpreendente. A reportagem apurou que ele havia trabalhado até tarde da noite de segunda-feira e se preparava para ir ao Ministério quando soube da notícia por assessores próximos. Seu substituto será Marcos Jorge Lima, presidente do PRB em Roraima e secretário de Cultura do Estado até então.

“É um rapaz competente, de formação sólida. O cargo de executivo do Ministério é mais burocrático. Antes, o partido não conseguia viabilizar as emendas, não liberava verba para projetos nos Estados. O Leyser estava muito sobrecarregado, porque além das questões burocráticas ele ainda trabalhava muito com a organização para a Olimpíadas”, disse Marcos Pereira.

Questionado a respeito de um possível dilema ético, o presidente do PRB argumentou que a demanda não era exclusiva de seu partido. “É do jogo, é da lei. Um deputado pode pedir uma emenda para liberar obra em hospital, escola, transporte... Dada a quantidade de trabalho que ele tinha, isso não estava acontecendo. Deputados de outros partidos da nossa bancada e até amigos meus da oposição também questionaram. O ministro não quer que ninguém seja privilegiado, mas sim que as emendas sejam avaliadas”, disse Pereira.

Só que o ministro não esperava que a troca viesse tão cedo. Em conversa com o próprio Leyser na última terça, George Hilton argumentou que havia indicado a mudança à Casa Civil há algumas semanas, mas não esperava que a exoneração fosse publicada imediatamente e também foi pego de surpresa.

Agora, o futuro de Leyser está em discussão. Funcionário do Ministério do Esporte desde a sua criação, em 2003, o político do PC do B participou ativamente da organização do Pan de 2007 e foi um dos principais responsáveis do Brasil Medalhas, plano de investimento lançado em 2012 com o objetivo de colocar o Brasil entre os dez líderes do quadro de medalhas em 2016.

Há, entre quem acompanha de perto os rumos do esporte nacional, a sensação de que Leyser pode ser encaixado em algum outro posto ligado à organização dos Jogos Olímpicos. Um dos caminhos é apontado pelo próprio Marcos Pereira, que fala até em um acordo prévio entre o político do PC do B e George Hilton.

“Quando falou com ele há um mês o ministro sugeriu a ele que retornasse à Secretaria de Alto Rendimento, que era o lugar em que ele estava quando o George Hilton assumiu. Àquela altura, ele aceitou dizendo que era parceiro e que queria concluir a questão das Olimpíadas”, disse Pereira.

A informação, no entanto, não é confirmada pelo Ministério do Esporte e nem por Ricardo Leyser, que foram procurados pelo UOL Esporte para comentar as declarações de Marcos Pereira, mas preferiram não comentar.
 

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