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Sem clube, Ana Marcela Cunha pode perder técnico às vésperas da Rio-2016

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Ana Marcela Cunha não vai ficar no Sesi-SP, mas ainda não definiu comissão técnica para a reta final do ciclo olímpico imagem: AP Photo/Sergei Grits

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Segunda colocada na maratona aquática de 10km no Mundial de esportes aquáticos de 2015, disputado em Kazan, a holandesa Sharon van Rouwendaal, 22, chegou ao Rio de Janeiro no dia 24 de outubro para um período de treinos na cidade que receberá os Jogos Olímpicos do próximo ano. A antecipação da europeia não poderia ser mais simbólica. Na mesma semana, a brasileira Ana Marcela Cunha, medalhista de bronze na Rússia, cumpria aviso prévio. Ela não chegou a um acordo com o Sesi-SP, com quem tem contrato até o dia 31 de outubro, e colocou em xeque a preparação para a Rio-2016.

A carreira de Ana Marcela Cunha, 23, é administrada pelos pais da atleta, que não chegaram a um acordo financeiro com o Sesi-SP e já iniciaram negociações com outros clubes. Na segunda-feira (25), enviaram um e-mail padrão a seis equipes para questionar vários aspectos sobre o interesse na nadadora. É possível que um novo time seja anunciado no sábado (31), depois do término do contrato atual – procurados pelo UOL Esporte, os responsáveis pela carreira da baiana não quiseram se pronunciar.

“Quem fez essa lambança foram os pais dela. Ela já deixou clara a vontade de continuar a parceria. Ela quer seguir treinando comigo, e eu quero seguir dando treinos para ela. Como eles vão montar isso? Não sei”, disse Fernando Possenti, atual técnico da nadadora.

Possenti é contratado do Sesi e tem uma equipe com sete nadadores: “Eu comecei aqui sozinho há sete anos e sou concursado. Se for para sair, não pode ser para ficar só com ela. Se eu ficar só com ela, os pais podem ter outro surto de ideias mirabolantes e me deixar sem ninguém”.

O treinador já não acompanhou Ana Marcela na etapa da China da Copa do Mundo de maratona aquática, em outubro deste ano. A brasileira venceu a prova e acumulou seu 15º pódio consecutivo na modalidade.

“Eu não fui por toda a problemática que se criou. O Sesi entendeu que eu não tenho só ela de atleta, e eu não podia deixar os outros seis que treinam comigo para acompanhar alguém que estava cumprindo aviso prévio. Sou funcionário daqui”, relatou Possenti. “Mas a gente conversava diariamente e discutia a estratégia. Graças à tecnologia era possível fazer um acompanhamento”, completou.

O papel do técnico na maratona aquática é ainda mais relevante do que em outras provas da natação. Além da questão de preparação do atleta, existe um aspecto estratégico quanto aos pontos de alimentação, por exemplo. Em Kazan-2015, o terceiro lugar de Ana Marcela teve enorme ligação com isso – Sharon van Rouwendaal e a francesa Aurelie Muller, vencedora da prova, treinam com o mesmo profissional e fizeram um plano conjunto, diferente do que foi posto em prática pela brasileira.

“Estou aguardando um posicionamento dos pais dela ainda. Eles ficaram de buscar algo, mas não me apresentaram nada. Espero que isso se resolva logo porque a Olimpíada está batendo na porta. Todas as adversárias dela estão se preparando com tranquilidade, sabendo o que fazer. Eu tenho todo o planejamento comigo, mas não sei se vou poder executar”, ponderou Possenti.

Ana Marcela conquistou três medalhas em Kazan-2015 (faturou também uma prata nos 5km e um ouro nos 25km, provas que não fazem parte do programa das Olimpíadas) e chegou a seis pódios, recorde entre todas as brasileiras que disputam Mundiais de esportes olímpicos. Ela é hoje uma das principais apostas de COB (Comitê Olímpico do Brasil) e CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) para a Rio-2016. 

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