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Atualizada em 18.11.2015 21h49

Dirigente ameaça tirar hipismo do Brasil na Rio-2016 e cria crise política

Antonio Lacerda / EFE
Primeira obra inaugurada no Parque Olímpico de Deodoro, Centro Olímpico de Hipismo foi aberto em agosto deste ano imagem: Antonio Lacerda / EFE

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Em evento realizado na Sociedade Hípica Paulista, o presidente da CBH (Confederação Brasileira de Hipismo), Luiz Roberto Giugni, deflagrou nesta quinta-feira (07) uma crise política envolvendo a modalidade. O dirigente reclamou do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e disse que a ausência de garantias sanitárias ameaça a manutenção do Brasil como sede do esporte nos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro. A pasta respondeu, contestou as declarações e enxergou motivação política.

“Nosso problema é com o Ministério. Não há nenhum acerto sobre o certificado sanitário para Europa, Estados Unidos e Canadá. Eles não têm garantias de trazer cavalos para cá e encaminhá-los de volta”, disse Giugni no evento. “Se o problema não for resolvido até o fim do mês, corremos risco de não ter evento no Brasil”.

Giugni não detalhou a origem da preocupação da CBH, mas o temor tem a ver com medidas sanitárias no transporte de cavalos entre aeroporto e local de competição. Na última terça-feira (06), a FEI (Federação internacional equestre, na sigla em inglês), o Comitê Organizador da Rio-2016 e a entidade que comanda a modalidade em âmbito nacional tiveram reunião por telefone para discutir o assunto.

“A FEI está preocupada, mas até o momento nós não temos nenhuma confirmação oficial sobre esse risco. Achamos cedo para uma preocupação formal”, disse o Comitê Rio-2016.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, contudo, contestou a versão do dirigente e disse que o Brasil tem até folga em relação a prazos de protocolos sanitários. A pasta acusa Giugni de ter feito tom alarmista por questões políticas.

“O cara fica dizendo que as Olimpíadas podem não acontecer, mas não tem nem poder para isso. Ele é que precisa esclarecer”, disse um funcionário do Ministério.

O presidente da CBH não quis conversar com a imprensa depois do evento na Sociedade Hípica Paulista. A despeito das acusações do Ministério, o dirigente emitiu apenas uma nota oficial reafirmando o tom que havia usado anteriormente.

Em nota oficial assinada pelo presidente Ingmar de Vos, a FEI adotou um tom menos incisivo: "Tivemos discussões nesta semana, e eu espero que o Ministério da Agricultura consiga o certificado rapidamente para que possamos seguir com os preparativos para os Jogos Olímpicos. Os protocolos de biosseguridade vão garantir a segurança dos nossos cavalos, e nós estamos confiantes de que eles terão condições de participar da Rio-2016".

A realização de uma competição de hipismo é cercada de enorme preocupação com aspectos sanitários. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou em abril deste ano, por causa dos Jogos Olímpicos, uma instrução normativa sobre entrada de animais no país.

Segundo o texto, os animais devem ser mantidos por pelo menos 45 dias antes do embarque em estabelecimentos com medidas de biosseguridade e supervisão veterinária contínua. Além disso, são vetadas atividades reprodutivas naturais ou artificiais nesse período.

A instrução também impõe restrições a contato com animais que apresentem sinais clínicos de doenças infecciosas ou contagiosas. Animais precisam ser submetidos 48 horas antes da viagem a um tratamento antiparasitário de amplo espectro.

O protocolo foi adotado no evento-teste do hipismo, no início de agosto. “Estou absolutamente convencido de que será um excelente local de competição para os Jogos Rio-2016”, disse depois da competição o diretor de competição da FEI (Federação internacional equestre, na sigla em inglês), Tim Hadaway.

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