Natação muda após Mundial e vai priorizar possíveis medalhistas para 2016
A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) evitou falar em meta de medalhas para o Mundial de esportes aquáticos disputado em Kazan (Rússia). Em vez disso, trabalhou com um objetivo de colocar 12 atletas em provas finais e tentou incutir em todos os integrantes da delegação a necessidade de um discurso focado em evolução coletiva. Só que isso ficou no passado: o planejamento da entidade para os Jogos Olímpicos de 2016, que serão disputados no Rio de Janeiro, será individualizado e dará prioridade aos nomes que tiverem mais chance de obter um lugar no pódio.
“Prioridade vai ser cuidar dos que estão mais próximos do pódio. Óbvio que a ordem das coisas ao logo do processo pode mudar e que alguém pode chegar mais perto, mas vamos trabalhar com prioridade”, disse Ricardo de Moura, diretor-geral da CBDA.
É essa ideia, por exemplo, que tem norteado todo o tratamento dado pela CBDA ao caso Cesar Cielo. Principal nome da natação brasileira, o atleta chegou a Kazan aquém de sua condição ideal e foi o sexto colocado na decisão dos 50m borboleta, prova em que detinha o bicampeonato mundial. Depois, alegou uma inflamação no ombro esquerdo e deixou a Rússia sem participar sequer das eliminatórias dos 50m livre.
“Vamos tratar individualmente sob todos os pontos de vista. Antes, vamos escutar. Vamos chegar junto, mas queremos alinhar isso porque sabemos que ele é um cara importante para o grupo. Vamos tratar isso com o respeito que ele merece por tudo que já fez”, admitiu Moura.
A entidade pretende fazer uma reunião para cobrar Cielo. O encontro servirá para um debate sobre pontos como a comissão técnica montada pelo nadador em 2015 e o quanto ele tem dedicado tempo à vida pessoal – o atleta casou-se recentemente e vai ser pai em setembro.
O restante da delegação brasileira passará por avaliação no dia 16 de agosto, um domingo, em reunião marcada para a sede do Sesi-SP. A CBDA pretende fazer os encontros antes do início do Troféu José Finkel, na segunda-feira (17).
A partir disso, a ideia é tratar casos de acordo com o grau de prioridade. Os planos da CBDA para desenvolver nadadores que disputam provas de distâncias maiores, por exemplo, ficarão para o início do ciclo olímpico seguinte. A partir de 2017, os atletas de fundo e meio-fundo devem passar a dividir treinos com a equipe de maratonas aquáticas.
Em contrapartida, a CBDA vai dar ênfase a provas mais fortes, como o revezamento 4x100m livre masculino. O conjunto seguirá fazendo sessões de treino como a que foi feita em Charlotte (Estados Unidos) antes do Mundial.
A proposta da confederação é radicalmente diferente do que aconteceu no Mundial. O Brasil levou a Kazan um time com vários nadadores novatos, como Matheus Santana, 19, e Jhennifer Conceição, 18, e a CBDA baseou seu discurso em dois pontos desde o início da competição: desenvolvimento de sentido coletivo e ganho de experiência.
“Não dá para avaliar o processo todo apenas pelo Mundial. É preciso ver o contexto, e não poderia haver um ambiente mais propício sobre o que vão ser as dificuldades de 2016: muitos dias de vila, fuso-horário, viagem, todas as questões possíveis. O atleta chegou e viu um mundo diferente”, comentou Moura. “Quem passou por esse processo saiu daqui fortalecido e mais cascudo”, completou.
O Brasil saiu de Kazan com dez participações em provas finais e quatro medalhistas (pratas com Etiene Medeiros, Nicholas Santos e Thiago Pereira e bronze com Bruno Fratus). O desempenho ficou aquém da meta da CBDA, que esperava emplacar 12 atletas em provas decisivas.