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Medalha e jeito pilhado transformam Fratus em líder na natação brasileira

Guilherme Costa

Do UOL, em Kazan (Rússia)

11h44 (de Brasília) deste sábado (08): Bruno Fratus terminou os 50m livre em 21s55 e faturou a medalha de bronze no Mundial de esportes aquáticos de Kazan (Rússia), primeira dele na história da competição. 13h17: pouco mais de 1h30 depois, o nadador de 26 anos estava mais uma vez na piscina. Foi o segundo brasileiro na prova decisiva do 4x100m livre misto e fechou seu trecho em 47s83, melhor parcial do conjunto verde-amarelo que obteve um sexto lugar. Da velocidade à disposição de estar em duas disputas tão próximas, Fratus mostrou o quanto é relevante na atual delegação nacional. O que o relógio não conta, porém, é que a participação dele foi muito além dos segundos na água ou dos minutos de um intervalo curto. Pelo nível de foco e pelas cobranças, ele acabou assumindo um papel de liderança no grupo.

Foi isso que os companheiros de time perceberam no revezamento, por exemplo. “Lá no revezamento o Bruno pilhou muito a gente. Quando eu vi ele fazendo 47s eu disse: ‘Vou fazer 52s’. Fiquei triste de não ter conseguido nem 53s, mas adorei a pilha que ele colocou em mim”, contou Daynara de Paula.

Até o fim dos 50m livre, Fratus nem sabia que participaria do revezamento. Ele só foi avisado depois de ter encerrado a prova individual e de ter passado pela área em que estavam os jornalistas na Kazan Arena.

Fratus também não havia participado das eliminatórias – entrou no lugar de Marcelo Chierighini, poupado para o 4x100m medley no domingo (08). “Ele faz uma pressão danada. Se juntarmos as quatro do revezamento feminino não dá ele”, comparou Larissa Oliveira.

Segundo Daynara, a pressão de Fratus sobre os colegas de revezamento começou ainda na sala de controle e não parou até o instante em que eles entraram na água: “Eu estava em cima do bloco esperando a Larissa, e ele veio do lado gritando, dizendo para ir logo. Saí com 0,2 de reação, o que é ótimo”.

“É difícil falar. Não tenho a mínima noção do quanto eu acrescento, mas tento ser o melhor companheiro de equipe na seleção, no Pinheiros e em Auburn quando eu estou treinando. Tento ser o cara positivo, que não deixa ninguém sossegar ou ficar satisfeito com a média. Tento ser o cara que bota todo mundo para suar no treino e deixa a galera bem acordada na competição”, respondeu Fratus.

O nadador brasileiro é descrito por Brett Hawke, técnico da universidade de Auburn, como o atleta mais focado com quem ele já trabalhou. Não existe traço mais marcante no comportamento de Fratus.

Foi assim neste sábado, logo depois de ter conquistado a medalha nos 50m livre. “A gente vive de resultado. Se eu olhar e ficar satisfeito com meu bronze, alguém que está querendo meu bronze vai vir atrás de mim. Tenho que estar sempre querendo evoluir e correndo atrás de algo melhor. É o que eu tenho prazer de fazer: sentar, definir um plano, fazer uma temporada e treinar, sentir dor e todo esse processo que vocês conhecem”, finalizou o brasileiro.

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