'Quem é Cielo?' Ídolo olímpico, Alexander Popov critica nadador brasileiro
Cesar Cielo, 28, tem o currículo mais laureado da história da natação brasileira. Atual recordista dos 50m livre e dos 100m livre, é dono de três medalhas olímpicas (dois bronzes e um ouro, conquistado em Pequim-2008) e seis títulos mundiais. Ainda que tenha sido destronado nos 50m borboleta e deixado Kazan antes de disputar os 50m livre, é um dos principais nomes das competições de velocidade na história recente. Só não peça para o russo Alexander Popov, 43, concordar com isso. Ídolo do esporte no país-sede do Mundial de esportes aquáticos, ele fez duras críticas ao brasileiro.
“Quem é Cielo?”, questionou Popov ao ser abordado sobre o nadador. “Ele é o dono do recorde mundial dos 100m livre? Não é um garoto francês?”, completou o russo.
Popov ganhou nove medalhas olímpicas em provas de velocidade (cinco pratas e quatro ouros) e sempre foi citado por Cielo como um ídolo. No entanto, o russo não aprova o comportamento do brasileiro.
“Tenho um bom amigo do Brasil, que é o [ex-nadador] Gustavo Borges. Ele tem classe, e eu sempre comparo nadadores do Brasil com ele. Na minha opinião, Cesar Cielo não tem a mesma qualidade como personalidade e como nadador. O respeito pelos competidores.... Muitas coisas. São diferentes classes, e eu estou mais acostumado com o clássico. Gustavo é um embaixador fantástico para o esporte brasileiro e para a natação em particular. O Cesar Cielo é bom para ele mesmo”, avaliou Popov.
As críticas de Popov incluíram até a participação de Cielo no Mundial de esportes aquáticos de Kazan. Após ter perdido a prova final dos 50m borboleta, o brasileiro foi cortado por causa de uma lesão no ombro esquerdo e deixou a Rússia antes de participar sequer das eliminatórias dos 50m livre, distância em que defenderia o tricampeonato.
“Eu tenho uma questão: se ele tinha uma lesão no ombro, por que veio para cá? Podia ter dado a posição dele para outra pessoa no time brasileiro e dado a oportunidade de disputar. Por quê?”, continuou o russo.
Em 2012, Popov já havia feito duras críticas a Cielo. O brasileiro havia sido flagrado em exame antidoping realizado no Troféu Maria Lenk do ano anterior, mas alegou que havia consumido um suplemento contaminado. “Na minha opinião, é um caso inaceitável. Ser um campeão olímpico e se envolver num escândalo desse é inaceitável”, disse o russo ao jornal Lance! durante os Jogos Olímpicos de Londres-2012.
Elogios à preparação do Brasil para 2016
As críticas a Cielo, contudo, não encerram a ligação de Popov com o Brasil. O russo também é membro da comissão de coordenação do COI (Comitê Olímpico Internacional) para os Jogos Olímpicos e visita o país regularmente para falar sobre a edição de 2016. Nesse caso, a avaliação dele é bem mais positiva.
“Existem preocupações sobre segurança e transporte, mas acho que o Rio de Janeiro vai ser uma sede fantástica”, analisou Popov. “Estamos otimistas sobre a cidade estar pronta e as arenas estarem prontas. Os Jogos vão acontecer de qualquer jeito, mas definitivamente terão um sabor brasileiro. Samba”, encerrou.
O russo explicou que o trânsito é um fator que o COI considera preocupante na reta final da preparação brasileira para os Jogos Olímpicos. Em contrapartida, adotou tom contemporizador ao falar sobre a poluição na Baía de Guanabara, sede das competições de vela: “Eles disseram que vão aumentar o número de barcos para retirar o lixo que estiver boiando. Melhorar a qualidade da água segue sendo um grande assunto, mas a cidade do Rio de Janeiro está definitivamente trabalhando nisso”.
Popov ainda comparou a Rio-2016 com a Copa do Mundo de 2014, que também foi sediada no Brasil. “A percepção dos Jogos é muito melhor do que a perspectiva em torno do último grande evento do Rio de Janeiro. Muito melhor”, comparou.