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Por que uma norte-americana é o maior nome do Mundial de esportes aquáticos

Guilherme Costa

Do UOL, em Kazan (Rússia)

Anote o nome de Katie Ledecky. Se o Mundial de esportes aquáticos disputado em Kazan (Rússia) servir como parâmetro, você vai vê-lo várias vezes no topo do pódio dos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro. Aos 18 anos e egressa recentemente do colegial, a norte-americana está invicta em competições de nível internacional e já se credencia para ser um dos maiores destaques individuais do megaevento do próximo ano.

Ledecky despontou em 2012, aos 15 anos, quando conquistou o ouro olímpico dos 800m livre. Também venceu a prova no Mundial de Barcelona, disputado na temporada seguinte, e ainda foi ao topo do pódio do torneio nos 400m livre, nos 1.500m livre e no revezamento 4x200m livre.

Em Kazan-2015, Ledecky repetiu todos os títulos e ainda acrescentou ao currículo a vitória nos 200m livre. E fez tudo isso quebrando três recordes mundiais. O último deles foi registrado no último sábado (08), nos 800m livre, prova que ela nadou em 8min07s39 – dez segundos de vantagem para a vice-líder Lauren Boyle, que fez 8min17s65.

De Londres a Kazan, a trajetória de Ledecky soma incríveis dez vitórias em dez provas de nível mundial (um ouro olímpico e nove mundiais). O programa repleto que ela teve na Rússia ainda fez da norte-americana a primeira atleta de qualquer gênero a acumular títulos mundiais de 200m, 400m, 800m e 1.500m no estilo livre.

Ledecky nadou um total de sete provas em Kazan. Percorreu 6.200 metros em sete dias, com direito a uma dobradinha entre 1.500m e 200m livre no terceiro. Entre a decisão da primeira prova e as semifinais da segunda, a norte-americana teve um intervalo inferior a 20 minutos naquela noite – quase o mesmo que ela levou para completar os 1.500m (15min25s48, com recorde mundial e 15 segundos de frente novamente para Lauren Boyle).

O jeito da nadadora ainda é o de uma garota de 18 anos. Ledecky fala pouco e é bem menos assertiva do que a compatriota Missy Franklin, por exemplo. No entanto, o somatório entre precocidade, invencibilidade, distância para as concorrentes e resistência em alto nível faz de Ledecky o grande nome do Mundial de Kazan.

“Eu não sinto nenhuma pressão. Não sinto como se fosse algo que eu precisasse fazer, mas achei que seria verdadeiramente divertido. Acho que o tempo de hoje [sábado] mostrou que eu soube controlar bem a semana”, disse Ledecky depois do recorde dos 1.500m livre.

Graças à participação de Ledecky, os Estados Unidos são o país com mais ouros na natação de Kazan (a delegação norte-americana tem sete, e cinco foram coletados pela atleta). A seleção que ela defende tem um total de 18 medalhas na Rússia, desempenho bem distante das 29 de Barcelona-2013. Se há um motivo para essa queda não criar uma crise, esse motivo se chama Katie Ledecky.

A campanha histórica da nadadora em Kazan fez dela uma aposta óbvia para uma coleção de medalhas na Rio-2016. E claro, isso criou comparações entre ela e o compatriota Michael Phelps, recordista histórico de pódios olímpicos (22), que conseguiu o ouro em 18 ocasiões.

“Eu acompanhei Michael quando ele ganhou oito medalhas em Pequim-2008 [recorde para um atleta em uma edição dos Jogos]. Foi muito difícil, e eu tenho certeza que ele seria o primeiro a dizer que ela é uma aberração da natureza por tudo que tem feito”, disse Frank Busch, diretor da seleção norte-americana de natação, ao jornal “New York Times”.

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