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Marido de Ivete conquistou vaga nas Olimpíadas do Rio e vai levar a cantora

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

Ele é casado com uma das mulheres mais famosas e admiradas do Brasil, a cantora Ivete Sangalo. Mas opta pela discrição e prefere ficar longe dos holofotes. Se priorizasse comodidade, poderia muito bem escolher como trabalho fazer parte do estafe de sua esposa. Mas nem pensou nisso e preferiu fazer o que gosta e sabe. Assim como a amada, Daniel Cady também faz sucesso na profissão que escolheu a ponto de garantir sua vaga nas Olimpíadas de 2016.

Sim, não é só atleta que carimba vaga; mas quem trabalha ao redor da carreira deles, também. Daniel não é um competidor, mas vai representar o Brasil. Ele é nutricionista do nadador de maratonas aquáticas Allan do Carmo, que carimbou o passaporte para o Rio no Mundial de Kazan, e é convocado com frequência pela seleção brasileira da modalidade para as principais competições.

Este ano, ele estará com a seleção na etapa do circuito mundial na China, em outubro, e em 2016 vai desembarcar no Rio com a esposa famosa e o filho, o pequeno Marcelo de cinco anos, a tiracolo. Ele considera que estar em uma Olimpíada é a realização de um sonho e acha que vai dar para unir trabalho e prazer.

“É a primeira vez que eu vou para uma Olimpíada, nunca fui, só assistia. Eu que sempre gostei de esportes, gosto de natação, atletismo... vou trabalhar e vou dar uma passeada, tirar folga e levar a mulher e o filho. Meu filho já faz natação também desde os três anos de idade, é um peixe, quero passar para ele esse exemplo, ele ir, acompanhar, o esporte tem que fazer parte da vida”, disse.

“Dá para conciliar e aproveitar até porque a medalha se ganha no treino. O que tem que ser feito, tem que ser feito antes. Na competição, você só executa o que foi planejado”, disse.

E será que Ivete Sangalo vai completar a família olímpica e se apresentar na cerimônia de abertura ou encerramento no Rio? “Eu acho até que vai ter alguma coisa nesse sentido, os dois trabalhando e curtindo, mas estou por fora”, desconversa.

Assim como para os atletas, os Jogos representam um sonho para Daniel. Ele também orienta atletas de MMA, tênis e stand up paddle, mas se encontrou mesmo na natação, esporte que ele praticou a vida toda e chegou a ser vice-campeão baiano.

O nutricionista se lembra bem de quando começou a acompanhar Allan de Carmo poucos dias antes de ele nadar o Mundial e perder a vaga nos Jogos de Londres por algumas posições, há cerca de três anos. Com algumas braçadas mais rápidas, a frustração teria sido substituída pela alegria plena.

Os dois (e mais uma equipe inteira) juntaram os cacos da tristeza e construíram um novo foco: as Olimpíadas do Rio. E o trabalho foi forte com boa dose de disciplina por parte do aluno, estudo por parte do profissional e muita dedicação e sintonia de todos.

“Quando conheci o Allan ele já treinava muito bem, mas me procurou porque podia evoluir mais. Ele já tinha ido a algum nutricionista, mas tinha sido uma conversa pouco específica. Fizemos uma mudança muito grande, bem radical de composição corporal. Se você vir uma foto de Allan de três ou quatro anos atrás, ele ficou mais forte, ganhou mais massa muscular, definiu mais, perdeu gordura, melhorou ainda mais a performance e os resultados vieram”.

Daniel conta que os encontros semanais e o entrosamento foram fundamentais. Ele descobriu, por exemplo, que o atleta tinha um quadro intenso de desidratação e perdia mais água que os companheiros de piscina.

“A gente descobriu uma serie de individualidades. A gente se via toda quarta feira, eu conversava com o técnico, assistia a ele treinando, é muito importante essa conversa. Descobri que ele tem perda hídrica muito grande, ele desidrata muito. Em um treino ele perde de 3 a 5kg de água, enquanto a maioria perde 1,5kg . A gente conseguiu corrigir, com uso de suplementação, com uma alimentação mais favorável para que ele retenha água e não perca tanta. Fizemos um ajuste fino de alguns detalhes que foram dando certo. Nesse nível de competitividade, é no detalhe que o resultado vem.”

De fato, cada mínimo detalhe faz diferença. Até a temperatura e a agitação das águas influenciam a performance. E a alimentação acompanha o ritmo. Allan, por exemplo, prefere mar agitados com água fria.

Esse olhar atento já deu resultado. Allan conseguiu a vaga para os Jogos de 2016 ao ficar com a nona colocação nos 10 km da maratona aquática no Mundial de Esportes Aquáticos de Kazan - os dez primeiros garantiram a vaga olímpica. Ele ainda levou a medalha de prata na prova por equipes. Agora, Daniel comemora a conquista e sabe que tem mais um ano para o pupilo chegar bombando no Rio. 

"Vibro por saber também que tem uma pontinha do meu trabalho influenciando, é muito gratificante. Já conheço o Allan na totalidade dele, vamos manter o que já vem dando certo, vamos tentar integrar ainda mais o lado técnico com a parte física para que ele ganhe um pouco mais de força, massa muscular, velocidade. Vamos continuar monitorando, o ideal é que chegue nem muito magro, nem muito gordo, até porque dentro da água a quantidade de gordura influencia a flutuabilidade, acredito que ele vá chegar no ápice, já está bem perto disso. Ele pode muito bem pegar uma medalha, a diferença nas provas é muito pequena, ele está disposto a dar o sangue”.

De olho na medalha, Daniel terá muito trabalho até 2016. Nessas horas, ele deixa de ser o marido da Ivete e ela que se torna a esposa do Daniel. Com muito orgulho.

“Ivetinha se não fosse cantora seria atleta, gosta de nadar, remar, gosta de malhar. Faz parte da filosofia de vida dela, a gente assiste ao UFC de madrugada, acompanha as provas de natação, está sempre ligado, na Copa do Mundo assistimos a vários jogos juntos. E nas Olimpíadas ainda mais. Ele me vê acordando cedo para ir para a piscina trabalhar, sabe o sacrifício dos caras, gosta e acha legal eu ter o meu trabalho”.

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