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Férias sem culpa, treinar mais ou estudar rivais: as táticas até Rio-2016

Danilo Verpa/Folhapress
Fabiana Murer ficou com a prata no salto com vara dos Jogos Pan-Americanos imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Do UOL, em São Paulo*

Toda uma vida de treinamentos para que minutos (ou segundos, às vezes) decidam qual será a recompensa para aquele esforço todo. A um ano desse momento-chave, o que fazer para chegar melhor preparado? Cada um tem a sua estratégia. Para estarem na melhor forma possível na Rio 2016, os brasileiros variam as estratégias: de férias sem culpa a treino redobrado, passando pela busca de um detalhe fundamental como um cavalo adequado.

Para entender qual será a preparação nesse “sprint final”, o UOL Esporte conversou com atletas, técnicos e dirigentes, que traçaram os planos para o próximo ano. Com o material em mãos, é possível dividir as estratégias em quatro partes distintas. 

Quem já está bem cotado para um bom resultado sabe que a maior parte do trabalho foi feito. Neste caso, quer descansar, dosar os esforços e só fazer os ajustes finais, como a saltadora Fabiana Murer.

"2016 começa no meio de outubro, que é quando volto a treinar. Tem mundial em pista coberta nos EUA. Eu procuro não mudar o ritmo. Tenho de ter vida social e fazer o possível para esquecer os treinos e a pista. É importante descansar. Vou viajar nas férias, vou ficar fora de forma para só depois voltar e recuperar tudo. Vou fazer a preparação antes da Olimpíada mais no Brasil", disse a atleta. 

Só quem nem todo mundo pode se dar ao luxo de relaxar tanto. Entre os que estão bem preparados, têm aqueles que estão em busca de uma evolução importante para sonhar com a medalha. Por isso, para estes, o ano que falta até os Jogos será direcionado para trabalhos específicos.

"Traçamos um plano para este Pan que era de testar novos conjuntos e temos de seguir com este plano até 2016. É importante o Doda também encontrar um bom cavalo para conseguir ajudar nossa equipe. Até 15 de janeiro, podemos definir as montarias. E depois disso, treinar bastante, ver onde estamos falhando", disse Rodrigo Pessoa, cavaleiro e técnico da equipe de saltos. 

Do outro lado da moeda estão aqueles que ainda passarão por competições importantes até chegarem ao Rio de Janeiro. Pré-olímpicos ou Mundiais que ainda estão pela frente podem definir o futuro dos atletas ou suas pretensões na hora decisiva. 

Por último estão os atletas que já têm vaga assegurada, mas ainda precisam diminuir a distância para as principais potências olímpicas de suas modalidades. Para eles, 12 meses é tempo suficiente para intercâmbios, testes e mais aprimoramento.

Veja, abaixo, como os atletas dividem suas preparações em quatro modelos de trabalho até agosto de 2016:

Eles estão no ponto e só precisam de ajustes:

"Eu fiz uma cirurgia no joelho no início desse ano, mas já me recuperei. O que eu preciso é ter mais cuidado para programar os meus treinamentos. Eu não consigo mais estar no auge físico a temporada toda, não tenho mais 25 anos. É que a vela é um esporte em que experiência conta. O fato de já ter decidido muitos campeonatos na minha vida e passado por tudo em termos de pressão é muito positivo". Robert Scheidt, atleta da vela.

"2016 começa no meio de outubro, que é quando volto a treinar. Tem mundial em pista coberta nos EUA. Eu procuro não mudar o ritmo. Tenho de ter vida social e fazer o possível para esquecer os treinos e a pista. É importante descansar. Vou viajar nas férias, vou ficar fora de forma para só depois voltar e recuperar tudo. Vou fazer a preparação antes da Olimpíada mais no Brasil". Fabiana Murer, atleta do salto com vara

"Como não nos deixaram jogar a Copa do Mundo [pelo fato de o Brasil já estar classificado para a Olimpíada], teremos até o Rio uma série de amistosos e a disputa da Liga Mundial do ano que vem. É a hora de buscarmos um equilíbrio da equipe, já que no vôlei mundial neste momento não existe mais uma equipe hegemônica. Para 2016, o time está praticamente formado, com apenas alguns nomes indefinidos". Rubinho, assistente da seleção masculina de vôlei.

Eles podem se dar bem, mas precisam aprimorar:

"No Pan, ela mostrou que está entre as melhores do mundo no individual e que está melhorando no salto. Mas a trave é o aparelho forte e queremos colocá-la na final olímpica. A Flávia vem trabalhando muito bem, mas é preciso ter calma. Este é somente seu primeiro ano entre os adultos. E também vamos trabalhar esta questão do carisma, que é muito importante na ginástica". Alexandre Carvalho, técnico da ginasta Flávia Saraiva.

"Traçamos um plano para este Pan que era de testar novos conjuntos e temos de seguir com este plano até 2016. É importante o Doda também encontrar um bom cavalo para conseguir ajudar nossa equipe. Até 15 de janeiro, podemos definir as montarias. E depois disso, treinar bastante, ver onde estamos falhando". Rodrigo Pessoa, cavaleiro e técnico do hipismo.

Eles ainda têm competições importantes pela frente:

“Temos um passo importante a dar no Mundial, que vai classificar revezamentos para os Jogos Olímpicos [os 12 melhores em cada prova]. Esperamos conseguir classificar todos. As meninas estão muito confiantes de que vão classificar. E a partir daí, elas têm de acreditar que podem estar nas finais. Estamos chegando e esperamos cada vez mais fortalecer a natação feminina". Fernando Vanzella, técnico da natação feminina.

"Um percentual importante dos jogadores aqui [do Pan] vão jogar o Pré-Olímpico. Estou fazendo avaliações diárias dos jogadores que estão aqui e da posição que jogam. Não só pensando em 2016, mas também pelo futuro da seleção do Brasil. Vou avaliar de perto a situação de cada um deles para formarmos os melhores times possíveis". Rubén Magnano, técnico da seleção masculina de basquete.

Estamos fazendo um trabalho de amadurecimento com as jogadoras mais jovens, tentando dar a elas uma rodagem, pois o ritmo que jogam no Brasil é totalmente diferente. Se não tivermos a vaga e não ganharmos no Pré-Olímpico não vamos. Eu assumo a responsabilidade". Luiz Zanon, técnico da seleção feminina de basquete.

"Temos um passo importante para dar até chegar a Olimpíada do Rio de Janeiro que é a disputa do Mundial [em dezembro, na Dinamarca]. O objetivo agora é focar neste campeonato, no qual defenderemos o título, para depois pensarmos na Olimpíada. É um passo de cada vez que precisa ser dado". Fernanda Silva, jogadora da seleção feminina de handebol.

"Agora simplesmente meu objetivo muda, o objetivo é ter o melhor resultado por equipes. Quando vou ao ginásio treinar penso nisso, em melhorar cada vez mais no salto e no solo para poder ajudar o time a se classificar para os Jogos Olímpicos e depois buscarmos um bom resultado lá". Arthur Zanetti, campeão olímpico na ginástica artística.

Eles vão aproveitar o tempo em intercâmbios:

"Já temos programadas várias viagens. A Gui Lin joga Liga da Áustria. Faltava esse tipo de intercâmbio com outras ligas. A Carol [Kumahara] vai para a China. Tem de mostrar que tem condições em termos de jogo e mental. O Brasil feminino nunca teve tanta chance. Esse ritmo de jogo de agora em diante é importante para o Rio. Todos asiáticos e europeus vão participar, é a chance [de se aprimorar]". Hugo Hoyama, técnico da seleção feminina de tênis de mesa.

"Temos de focar na preparação, fazer mais treinos no exterior e buscar conhecimento nos países que são referências da modalidade, como Rússia, Bielorrússia e Ucrânia". Ana Paula Ribeiro, atleta da ginástica rítmica. 

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