Vídeos

RJ adia projeto esportivo, e estádio de atletismo é alugado para baladas

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

A arena de atletismo mais famosa do Rio de Janeiro acaba de ser transformada em um lugar para grandes festas. Após adiar mais uma vez o início da reforma e a consequente reabertura do Estádio Célio de Barros, anexo ao Maracanã, o governo do Rio de Janeiro resolveu alugar o espaço para eventos musicais e culturais. Receberá R$ 30 mil por dia de aluguel.

No último final de semana de junho, aliás, o Célio de Barros já recebeu seu primeiro evento. A estrutura do estádio foi usada por milhares de jovens que compareceram à festa Holi One, também conhecida como o Festival das Cores. No festival, um palco foi montado na área em que ficava a estrutura para arremesso de peso. Já o público espalhou-se em cima da pista de corridas.

Atualmente, essas estruturas esportivas do Célio de Barros estão cobertas por uma camada de asfalto. Ela foi colocada ali em 2013, depois de os equipamentos usados por atletas e esportistas amadores terem sido destruídos durante a reforma do Maracanã para a Copa das Confederações e a Copa do Mundo.

A obra no Maracanã para Copa terminou em julho de 2013, dias antes da Copa das Confederações. Antes de ser concluída, enfrentou atrasos, os quais fizeram a Fifa cobrar publicamente o governo do Rio. Visando a acelerar a execução da reforma, o governo, então, fechou o Célio de Barros. Transformou o estádio em depósito de material de construção e estacionamento de máquinas e caminhões.

O fechamento e a destruição do Célio de Barros geraram protesto de atletas. Inicialmente, porém, as queixas foram ignoradas pelo governo pois ele planejava demolir o estádio de atletismo após a Copa do Mundo. A demolição do espaço fazia parte do projeto de privatização da administração do Maracanã, lançado em 2012.

Acontece que o próprio governo desistiu de demolir o Célio de Barros após os protestos pela reabertura do espaço se intensificarem. Foi prometida pelo então governador Sérgio Cabral a reforma e reinauguração do estádio de atletismo.

Desde então, entretanto, a reforma do espaço já foi adiada duas vezes. Em 2013, o então secretário estadual de Esportes, André Lazaroni, disse que ela seria iniciada após a Copa do Mundo e terminaria antes da Rio-2016. Em 2014, logo após assumir a Seelje (Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude), Marco Antônio Cabral, filho de Sergio Cabral, adiou a reinauguração do Célio de Barros para depois da Olimpíada.

Meses depois, Marco Antônio Cabral disse que a reforma demorará ainda mais para terminar já que ela só vai começar após os Jogos Olímpicos. Na Rio-2016, o Célio de Barros será usado novamente como espaço de apoio para a organização do evento. Para o governo, portanto, não faria sentido reformá-lo antes da Olimpíada.

Sabendo que o estádio permanecerá fechado até o fim de 2016, o governo resolveu alugá-lo para gerar receitas num momento de crise. “Como o Célio de Barros está ocioso e o Estado passa por um momento de readequação orçamentária, a ativação do local com atividades culturais representa uma fonte de renda adicional para a Suderj (Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro), para manutenção e pequenas reformas dos seus equipamentos esportivos”, justificou.

O aluguel para festas, entretanto, desagradou mais uma vez a comunidade esportiva. A técnica de atletismo do Vasco da Gama e presidente da AACB (Associação dos Atletas e Amigos do Célio de Barros), Solange Chagas, criticou a decisão governo. “É lamentável o que está acontecendo com o palco sagrado do atletismo, que é o Célio de Barros”, afirmou ele. “Tomei conhecimento, me certifiquei e já me pronunciei. É uma pena que eles [o governo] ignoram. ”

Vale ressaltar que, após o fechamento do Célio de Barros, atletas e esportistas amadores perderam seu local de treinamento. No final do ano passado, o governo do Rio firmou um convênio com o Botafogo para que essas pessoas pudessem treinar na pista de atletismo da parte externa do Engenhão. No mês passado, contudo, a pista foi fechada para que possa ser reformada para a Olimpíada, que começa daqui a pouco mais de um ano.

Topo