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Projeto olímpico do governo sofre com demissões e crise política

Alan Marques/ Folhapress
General Azevedo e Silva deixou presidência da APO. Órgão tem presidente interino imagem: Alan Marques/ Folhapress

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

O segundo mandato de Dilma Rousseff (PT) na Presidência está perto de terminar seu quinto mês. Seu governo, entretanto, não conseguiu até agora recolocar nos eixos seu projeto para a Olimpíada de 2016, o qual foi abalado por demissões e desdobramento de uma crise política nacional.

O plano federal para os Jogos Olímpicos do Rio sofreu sua primeira baixa logo em fevereiro, um mês após o início do novo governo Dilma. No dia 6 daquele mês, o então presidente da APO (Autoridade Pública Olímpica), general Fernando Azevedo e Silva, pediu demissão, insatisfeito com rumores sobre sua substituição.

A APO foi criada em 2009 justamente para coordenar todo o esforço público em prol da Rio-2016. Azevedo e Silva comandava o órgão desde outubro de 2013. À frente da Autoridade Olímpica, ele havia conseguido cumprir um dos grandes desafios do órgão: divulgar o orçamento dos Jogos de 2016. Logo no início do novo governo Dilma, entretanto, ele passou a ser visto como substituível.

Tanto foi assim que, dias depois da presidente anunciar seus novos ministros, surgiu um novo nome para a presidência da APO: Edinho Silva. Tesoureiro da campanha à reeleição de Dilma, ex-prefeito de Araraquara e ex-deputado estadual, Edinho chegou a ventilar que, em breve, estaria na Autoridade Olímpica. Isso enquanto Azevedo e Silva ainda presidia a APO.

Ciente da movimentação para sua substituição, o general pediu demissão. Edinho Silva, no entanto, nunca chegou a assumir o comando da Autoridade Olímpica.

Antes de chegar ao cargo, ele precisaria ter seu nome aprovado pelo Senado. Isso tornou-se cada vez mais difícil depois que a Operação Lava-Jato levantou suspeitas sobre as finanças da campanha de Dilma Rousseff. Edinho, então, virou ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência).

Surgiu daí um novo nome para a presidência da APO: Ana Moser. A ex-jogadora de vôlei foi convidada pelo governo para assumir a Autoridade Olímpica em abril. Demonstrou interesse. Entretanto, uma carta que ela enviou em 2009, enquanto o Rio ainda disputava o direito de sediar os Jogos Olímpicos, pesou contra ela.

Na carta, endereçada a membros do COI (Comitê Olímpico Internacional), Moser pediu votos contra o Rio. Disse, inclusive, que os Jogos Olímpicos aqui serviriam para que “os milionários do COB” ficassem ainda mais ricos. Depois que a história voltou à tona, a aprovação da ex-jogadora no Senado também tornou-se inviável. A própria presidente Dilma Rousseff descartou seu nome.

Sem Moser, Dilma anunciou numa visita ao Rio que o presidente interino da APO, Marcelo Pedroso, deve ser efetivado. Pedroso está na Autoridade Olímpica desde 2014. É servidor público, já foi secretário executivo do Ministério da Cultura e diretor da Embratur. Ele vem tocando as atividades do órgão desde a saída do general Azevedo e Silva. Antes de ser elevado a presidente efetivo, porém, ainda precisará ser oficialmente indicado por Dilma e sabatinado no Senado. A indicação de Pedroso ainda saiu. A APO, portanto, segue sem presidente.

Alto Rendimento

Outro problema que surgiu no projeto olímpico federal aconteceu na Secretaria de Alto Rendimento do Ministério do Esporte. O órgão é responsável por gerir a maior parte do investimento público feito na preparação de atletas para a Rio-2016. Até o início do segundo  mandato de Dilma, era comandado por Ricardo Leyser, promovido a secretário executivo do ministério.

Após a promoção de Leyser, o governo buscou um nome de peso para a secretaria de Alto Rendimento. Trouxe o ex-atleta, preparador físico e diretor geral do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014, Ricardo Trade. Ele não durou três meses no cargo. Em março, para a surpresa da cúpula do ministério, pediu demissão para tornar-se diretor geral da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei).

Quem acabou com a secretaria de Alto Rendimento foi Carlos Geraldo. Radialista e bacharel em administração, Geraldo chegou ao ministério neste ano, junto com o ministro George Hilton (PRB). Antes, era presidente do PRB de Pernambuco e da Record News, emissora da Rede Record. Nunca trabalhou com esporte.

Apesar das mudanças na Secretaria de Alto Rendimento e a indefinição na APO, segundo o Ministério do Esporte, o projeto olímpico federal não foi comprometido. De acordo com o governo, “o plano federal para os Jogos Rio 2016 envolve diferentes órgãos de governo, que seguem executando o planejamento para garantir o sucesso da organização do evento, o que foi atestado pelos representantes do COI em recente visita ao país”.

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