! Olimpíada ameaça colônia de pescadores em lagoa do Rio - 09/05/2015 - UOL Olimpíadas

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Olimpíada ameaça colônia de pescadores em lagoa do Rio

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

A realização das regatas de remo e canoagem da Olimpíada de 2016 na Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro, virou um problema para 30 pescadores do local. Há décadas trabalhando no espaço, eles podem ter suas atividades paralisadas por causa das competições. Temem ainda serem definitivamente removidos do local para abrirem espaço para projetos olímpicos cariocas.

A Colônia Z-13 é formada por descendentes de pescadores que, desde o início do século passado, trabalham na Lagoa. Depois de inúmeras mudanças impulsionadas pelo processo de urbanização do espaço, o grupo acabou instalado permanentemente num píer e quatro quiosques construídos pela própria Prefeitura do Rio à beira do espelho d’água mais famoso da cidade.

A estrutura é simples e serve para estacionamento de barcos e alojamento dos pescadores. Tem, contudo, uma vista deslumbrante e visão privilegiada para a raia de remo que será usada na Olimpíada. E é justamente por isso ela deve ser diretamente impactada pela realização do maior evento esportivo do mundo, o que gera aflição entre os membros da colônia.

“Já disseram que vão usar nosso espaço para os Jogos. Já disseram que a gente não vai poder pescar aqui por até seis meses para não atrapalhar as competições. Mas ainda não há uma posição oficial”, afirmou o presidente da Colônia de Pescadores Z-13, Pedro Marins, 62 anos, que há meses negocia com autoridades o seu futuro e de seus colegas. “Nosso maior medo é que ter que sair e não poder mais voltar para a Lagoa.”

Marins disse que criou-se à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas. Seu pai pescou no local. Hoje, ele e seus irmãos mantêm-se com ajuda do dinheiro dos robalos, tainhas e outros tipos de peixe existentes no espaço.

Até agora, nem Marins nem seus colegas de colônia sabem como vão se sustentar caso a pesca pare mesmo por causa da Olimpíada. Essa indefinição incomoda Isnaldo Justo, de 70 anos, outro membro da Z-13. Nada, porém, o incomoda mais do que a possibilidade de perder definitivamente o seu posto de trabalho.

“Isso aqui é a minha vida. Podemos até parar para não atrapalhar a Olimpíada. Não somos contra os Jogos. Mas queremos ter certeza que poderemos voltar”, afirmou.

Junto com a Associação de Moradores da Lagoa e Jardim Botânico, a Colônia Z-13 move uma ação judicial cobrando definições do governo quanto à situação dos pescadores. Recentemente, o presidente da EOM (Empresa Olímpica Municipal), Joaquim Monteiro, e o subprefeito da zona sul do Rio, Bruno Ramos, até reuniram-se com membros da colônia em busca de uma solução. A decisão final, porém, ainda depende do governo do Estado, responsável pela adequação da Lagoa e do estádio de remo às necessidades olímpicas.

Procurado pelo UOL Esporte, o governo disse que ainda não há definição sobre o que será dos pescadores. O secretário estadual da Casa Civil, Leonardo Espíndola, declarou no mês passado que haverá, sim, impactos em diferentes atividades econômicas no entorno da Lagoa por causa da Olimpíada, inclusive a pesca. Segundo ele, negociações amenizarão eventuais perdas a cada uma delas. “Vamos tentar minimizar os prejuízos.”

Em agosto deste ano, antes mesmo dos Jogos, a Lagoa Rodrigo de Freitas recebe um evento-teste da Olimpíada. De 5 a 9, acontece no local o Campeonato Mundial de Remo Junior, promovido com apoio do Comitê Organizador Rio-2016.

Questionado sobre a pesca na Lagoa, o Comitê Rio-2016 não se pronunciou.

 

 

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