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Paes ironiza ameaça de demissões e ratifica prazo de obra olímpica

Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski*

Do UOL, no Rio de Janeiro

Um dia depois de a imprensa noticiar uma ameaça de demissão em massa na obra olímpica do Parque de Deodoro, o prefeito Eduardo Paes convocou jornalistas para uma entrevista coletiva e ironizou o que ele chamou de "uma estratégia burra" da Queiroz Galvão para conseguir antecipar recebimentos da prefeitura. A empresa é a responsável por parte da obra de Deodoro. Segundo Paes, ela está recebendo em dia, não demitirá seus funcionários e muito menos atrasará a entrega da instalação olímpica.

"A empresa vazou informações sobre o aviso prévio de mil trabalhadores para tentar pressionar a prefeitura para que possa receber mais rápido. Isso é uma estratégia burra de comunicação que já conhecemos bem", disse Paes. "Os pagamentos estão sendo feitos em dia. Há trâmites burocráticos que devem ser cumpridos para os pagamentos de toda obra pública. Esses trâmites serão sempre cumpridos, mesmo que a empresa não goste."

A obra do Parque de Deodoro tocada pela Queiroz Galvão está orçada em cerca de R$ 630 milhões e compreende a construção de uma pista de canoagem, de ciclismo BMX e a reforma de outros equipamentos esportivos já usados nos Jogos Pan-Americanos de 2007. A prefeitura licitou e fiscaliza o andamento da obra. O dinheiro para o projeto vem do governo federal.

Paes disse que, apesar do corte de gastos do governo federal, nenhuma obra essencial para a Olimpíada sofreu com qualquer tipo de falta de recursos. Só em Deodoro, mais de R$ 110 milhões já foram desembolsados após medições de execução de obra. Por isso, não há qualquer motivo para demissões ou suspensão do projeto.

"Empreiteiro é assim. Ele sempre vai chamar você de chefe, reclamar que a obra não dá lucro e que o pagamento está atrasado. Parece que todos passam por um cursinho", ironizou Paes. "Mas a verdade é que eles ganham muito dinheiro."

O prefeito disse que, depois que tomou conhecimento das notícias sobre demissões em Deodoro, ligou pessoalmente à presidência da Queiroz Galvão. Disse que reclamou pessoalmente da tentativa de pressão da empresa, que horas depois emitiu uma nota negando qualquer risco para a obra.

Na nota, a Queiroz Galvão informou que "a colocação de trabalhadores em aviso prévio, tratar-se de medida preventiva que certamente será revertida com a regularização dos pagamentos relativos às etapas construtivas executadas, pagamentos esses já em andamento na Prefeitura". Complementou ressaltando que "as obras encontram-se rigorosamente dentro do cronograma".

Setenta demitidos

Apesar de a prefeitura e empresa falarem da regularidade dos pagamentos da obras, ao menos 70 funcionários da Queiroz Galvão no Parque de Deodoro foram mesmo demitidos. O número foi informado pela presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada, Nilson Duarte Costa, que também visitou nesta tarde a canteiro da obra olímpica.

Joedson de Lima Santos, de 33 anos, trabalhava na carpintaria da obra e perdeu o emprego. Disse que outros 200 funcionários foram demitidos. O número não foi confirmado. "Estão todos com medo. Disseram que todo mundo pode ser dispensado", declarou.

Anderson de Souza, de 35 anos, também foi demitido. Disse que foi surpreendido pela notícia e culpou o atraso de pagamentos da prefeitura.

*Atualizada às 17h

 


 

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