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Piscina sem teto faz Rio-2016 repetir estrutura de 24 anos atrás nos saltos

Júlio César Guimarães/UOL
Maria Lenk recebeu os saltos no Pan-2007 e os atletas tiveram problemas com o frio imagem: Júlio César Guimarães/UOL

Daniel Brito

Do UOL, em Brasília

Pela primeira vez desde Barcelona-1992, as provas de saltos ornamentais dos Jogos Olímpicos serão realizadas em uma piscina sem cobertura. O palco é o Maria Lenk, na Barra da Tijuca. Os competidores disputarão o ouro precisando vencer ainda as condições climáticas. E isto não é o que a Fina (sigla em inglês para Federação Internacional de Natação, que rege os saltos) gostaria para 2016.

“A Fina propôs ao Comitê Organizador dos Jogos-2016 a instalação de uma cobertura temporária sobre a piscina dos saltos ornamentais”, afirmou por e-mail ao UOL Esporte, com exclusividade, o romeno Cornel Marculescu, diretor executivo da Fina. “Mas não recebemos uma confirmação definitiva do Rio-2016”, concluiu o cartola. O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 foi contactado pela reportagem, mas disse que não há projeto para cobrir a piscina de saltos do Maria Lenk.

Já são cinco edições consecutivas, desde Atlanta-1996, que a modalidade é disputada em uma estrutura indoor (coberta). Nos Jogos dos Estados Unidos, por exemplo, o Georgia Tech era uma arena com teto, mas sem as paredes laterais. O vento, contudo, não atrapalhava os atletas porque era barrado pela estrutura das arquibancadas.

Atletas e comissões técnicas de diversos países já se queixaram do Maria Lenk. A experiência nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro-2007 não foi das melhores.

Uma forte frente fria pairou sobre a sede dos Jogos naquele julho de 2007 e trouxe muito vento, chuva (atípica para a época), e temperaturas abaixo dos 20ºC. Muitos saltadores, especialmente os mais técnicos, como mexicanos, colombianos e canadenses, evitaram até fazer o aquecimento, dadas as condições climáticas.

Os saltos ornamentais requerem muita concentração do atleta. Qualquer influência externa pode arruinar uma série de saltos. Ao ar livre, ele estará sujeito à ação do vento, do frio ou até mesmo do sol. 

Em Barcelona-1992, ainda houve uma justificativa cenográfica para manter os saltos em piscina descoberta. Do alto do Montjuic, monte na porção sudoeste da cidade, que abrigou algumas das instalações, os saltadores se apresentavam com a cidade de pano de fundo. Diversas fotos circulam na internet de acrobacias no ar tendo a famosa catedral da Sagrada Família compondo a imagem. Até o Mundial de Esportes Aquáticos de 2013, também em Barcelona, tornou a utilizar a instalação, após anos de abandono e desuso pelo governo catalão.

Nem a paisagem o Maria Lenk pode oferecer. Ao fundo do parque aquático da Barra, há dois prédios grandes cercados por construções menores, formando o que dificilmente seria uma das melhores vistas do Rio de Janeiro. Outra desvantagem brasileira, é que agosto está no trimestre mais frio do ano para os cariocas, enquanto que em Barcelona fazia calor.

Os países com boas condições financeiras, já tentam fazer seus atletas se aclimatarem com as condições impostas para 2016. “Como a piscina será descoberta, temos que ir enfrentando desde já as condições meteorológicas. O pouquinho que nós pudermos saber, já ajuda muito”, disse Andy Banks, um dos técnicos do time de saltos do Reino Unido.

Já Tom Daley, o saltador medalha de bronze em Londres-2012 que é o queridinho da mídia britânica, prefere apostar no imponderável. "A piscina é melhor que eu esperava", disse ao UOL Esporte, quando passou um período de treinamento no próprio Maria Lenk, em fevereiro deste ano. “Espero que não instalem um teto na piscina dos Jogos-2016, porque os chineses não estão acostumados a competir nessas condições. Assim, o vencedor sairá daquele que conseguir lidar com isso no dia da competição”, previu. Os chineses já abocanharam 24 das 32 medalhas de ouro olímpicas disputadas desde Atenas-2004.

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