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Conheça a estratégia de um brasileiro por pódio na maratona do Rio-2016

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Marílson fará apenas três maratonas até o fim da carreira, no Rio-2016 imagem: REUTERS/Stefan Wermuth

Daniel Brito

Do UOL, em Brasília

Se a carreira de Marílson Gomes fosse uma maratona, pode-se dizer que ele entrou agora no sprint final, nos últimos quilômetros, aqueles em que, além do fôlego, é preciso técnica apurada e garra. Características que este maratonista, nascido há 37 anos em Ceilândia (DF), mostrou que tem nas corridas de rua pelo mundo. Mas ainda serão colocadas à prova pela última vez nos próximos 500 dias.

Marílson determinou que a maratona olímpica, no Rio-2016, será sua última prova oficial. E é nela que ele pretende realizar seu último desejo como atleta de alto rendimento: subir ao pódio. É uma meta bastante ousada. E, por isso, cada passo está sendo calculado. Literalmente. 

Pelas contas dele e do treinador Adauto Domingues, serão preciso mais duas maratonas até cruzar a última linha de chegada no sambódromo do Rio, em 2016, local determinado como o final da prova nos Jogos Olímpicos. A primeira será em 26 de abril, em Hamburgo, na Alemanha. Trata-se de uma prova de boas lembranças aos brasileiros. Dois maratonistas do país já triunfaram lá: Nivaldo Filho (1989) e Vanderlei Cordeiro de Lima (2004). De lá, Vanderlei partiu para a histórica maratona olímpica em Atenas, quando terminou em terceiro, após ter sido atrapalhado por um padre irlandês a sete quilômetros do fim.

Marílson precisa correr abaixo de 2h15min para obter o índice e definir qual será sua penúltima maratona: no Pan de Toronto, em julho, ou no Mundial de atletismo, em agosto, em Pequim. Brasil tem direito a duas vagas no Canadá e três na China. O melhor tempo da carreira do atleta é 2h06min34, de 2011. Mas desde 2013, o brasiliense não cumpre os 42.195 metros da prova. Em 2014, tentou em Londres e Amsterdã. Uma bronquite na Inglaterra e uma lesão no tendão de aquiles, na Holanda, o impediram de concluir em ambas.

Por isso, Marílson e Adauto querem esperar o resultado de Hamburgo para determinar qual será a penúltima prova antes do Rio-2016.
“Primeiro, preciso conseguir o índice”, ponderou o atleta. “Se conseguir, daí vamos decidir: vou para o Mundial para ser mais um, será que vale a pena?”, se perguntou. “Já no Pan, iria com  ambição de conquistar medalha, que é importante para para os patrocinadores, é importante lembrar disso”, completou Adauto.

Entre uma maratona e outra, ele intercalará com corridas de rua em distâncias menores e treinamentos no CT da BM&F Bovespa, em São Caetano, e também na altitude. “Acho que estamos fazendo tudo certinho para competir no Rio-2016. Estou me sentindo bem, muito melhor do que em 2014”, disse.

Mais de duas décadas de planejamento
Desde que trocou o barro vermelho da periferia brasiliense para treinar em São Caetano, ainda aos 14 anos, Marílson iniciou uma trajetória para se tornar um maratonista de sucesso. Começou nos 800m, evoluiu para os 1.500m, até chegar aos 10.000m, no qual foi prata no Pan do Rio-2007, até largar as pistas e partiu para as corridas de rua. Tornou-se bicampeão da badalada maratona de Nova York (2006 e 2008) e quinto colocado nos Jogos de Londres-2012.
Na lista de recordes brasileiros na página da CBAT (Confederação Brasileira de Atletismo), o nome de Marílson é o que mais aparece. Ele é o detentor da melhor marca nacional em sete provas, sendo cinco de rua e duas de pista.

“O Adauto Domingues, meu treinador, soube fazer minha carreira evoluir gradativamente, desde que cheguei aqui em 1993, a gente sabia que um dia chegaria na maratona”, contou Marilson. “Ele [Marílson] tem uma saúde muito boa, mas a vida do atleta tem um limite. O de Marílson está chegando”, acrescentou o treinador.

A dupla estima que uma medalha olímpica pode vir se a prova for concluída em 2h09, que é a média de tempo das medalhistas em maratonas nos últimos Jogos. Em Londres-2012, Marílson correu para 2h11 e terminou na quinta colocação. “Se aquela olimpíada tivesse sido no Brasil, dava para ter chegado no pódio”, lamentou o brasiliense. “Agora eu só imagino o público nas ruas, porque qualquer prova rotineira lá no Rio já tem bastante torcida, imagina na olimpíada? E com a torcida a favor, vai ser ainda mais incrível”, vislumbrou Marílson.

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