Rio-2016 foca preparação no esporte e deixa legado em 2º plano
“O foco agora está no campo de jogo. Depois, acertamos toda a operação, mas tudo a partir do campo de jogo”.
Essa frase é do diretor executivo de Esportes do Comitê Organizador Rio-2016, Agberto Guimarães. Ela ilustra bem a atual fase da preparação do Rio para a Olimpíada de 2016. Faltando exatamente 500 dias para o início dos Jogos Olímpicos, o esporte tornou-se o centro absoluto das atenções dos envolvidos na realização do megaevento esportivo. Pior para o legado, que ficou em 2º plano nas discussões olímpicas e corre cada vez mais risco de ser menor do que o prometido.
A essa altura, aliás, já não são poucas as promessas de legado olímpico abandonados ou a ponto de serem adiadas (veja lista abaixo). Só o governo do Estado do Rio de Janeiro já desistiu de limpar as lagoas do entorno do Parque Olímpico antes do início da Rio-2016 e até admitiu a possibilidade de não atingir a meta de despoluição da Baía de Guanabara prevista no dossiê de candidatura da capital fluminense à sede dos Jogos de 2016. Já a prefeitura adiou há meses a entrega do corredor de ônibus TransBrasil para depois da Olimpíada de 2016.
Acontece que os projetos de transporte, para melhorias ambientais ou de ampliação de acesso ao esporte já não fazem mais parte dos principais assuntos da “pauta olímpica” a um menos um ano meio para o início da Rio-2016. Até o COI (Comitê Olímpico Internacional), que em última instância deveria cobrar que esse tipo de ação saísse do papel, já demonstrou que, a partir de agora, o que importa mesmo são as obras dos locais de competição.
Na última inspeção de membros do comitê olímpico ao Rio de Janeiro, em fevereiro, ninguém queixou-se dos atrasos ou problemas em obras de infraestrutura ou projetos de legado. Não que os problemas não existam. O atraso na limpeza da Baía de Guanabara e a ampliação do metrô foram temas de vários questionamentos ao COI em sua passagem pelo Brasil. Fato é que, para a entidade, os principais desafios do Rio rumos aos Jogos são: velódromo, campo de golfe e centro de hipismo.
Há cerca de um ano e meio atrás, as preocupações era diferente. Em setembro de 2013, quando o então diretor executivo para Jogos Olímpicos do COI, Gilbert Feli, esteve no Rio ele declarou em entrevista sua apreensão quanto ao ritmo das obras de construção da linha 4 do metrô, sentido Barra da Tijuca.
O governador Luiz Fernando Pezão e, principalmente, o prefeito Eduardo Paes têm ressaltado que a maior parte das iniciativas tocadas em prol da Olimpíada de 2016 é para garantir o legado do evento. De fato, dos mais de R$ 37 bilhões que serão investidos para a realização dos Jogos, R$ 24,1 bilhões vão para obras que não tem qualquer ligação com o esporte.
A 500 dias do início da Olimpíada de 2016, entretanto, o Comitê Organizador Rio-2016 está cada vez mais ativo na preparação do evento. E, segundo o diretor executivo de Comunicação, Mario Andrada, “não podemos nos esquecer que a Olimpíada é, acima de tudo, um evento esportivo". Uma das maiores promessas de legado da Olimpíada de 2016 é a da despoluição da Baía de Guanabara. Projetos bilionários para a limpeza do espaço foram anunciados. Parte deles foi suspenso. O governador do Rio de Janeiro já admitiu que é possível que a meta de despoluição não seja cumprida. Outra grande promessa de legado ambiental da Olimpíada de 2016 é da limpeza do Complexo Lagunar da Barra da Tijuca e Jacarepaguá. As lagoas desse complexo ficam ao lado do Parque Olímpico. a A Secretaria Estadual de Ambiente já anunciou que a promessa não será cumprida. A Olimpíada do Rio de Janeiro tem como missão a sustentabilidade. Levando isso em consideração, o governo estadual prometeu promover o plantio 34 milhões de árvores no Estado até o final de 2015 para compensar possíveis danos ambientais causados pela realização dos Jogos. Acontece que a meta foi abandonada. Depois de 5,5 milhões terem sido plantadas, o número deixou de ser perseguido. O Parque Olímpico da Rio-2016 está sendo construído no terreno do antigo Autódromo de Jacarepaguá. A pista foi desativado para dar lugar à principal obra da Olimpíada. A prefeitura prometeu construir um novo autódromo na capital fluminense para substituí-la. A obra não começou nem tem data para começar. A Prefeitura do Rio de Janeiro planejou construir uma nova rede de transporte público na cidade até a Olimpíada de 2016. Um pedaço importante dessa rede seria formado pelo BRT TransBrasil, um corredor de ônibus expressos ligando o bairro de Deodoro ao centro da cidade. A entrega, entretanto, foi adiada para depois da Olimpíada. Logo após o final da Olimpíada de Londres, o governo federal reuniu atletas olímpicos brasileiros e anunciou um plano para colocar o país no top 10 no ranking de medalhas dos Jogos de 2016. Esse plano previa, entre outras coisas, a reforma ou construção de 22 centros de treinamento para que os esportistas pudessem se preparar para a Rio-2016. Essa meta, contudo, deve ser cumprida. Depois de o Rio ter sido escolhido sede dos Jogos, o governo do Estado criou o Projeto Rio 2016 para ampliar a prática de esportes em 800 comunidades fluminenses e atender 150 mil pessoas. O projeto foi apresentado como o "maior legado social" que a Olimpíada deixaria para o Rio. Contudo, foi abandonado. Legado olímpico fica 'pelo caminho'
Despoluição da Baía de Guanabara
Recuperação das lagoas da Barra
34 milhões de árvores
Novo autódromo para o Rio
TransBrasil
22 centros de treinamento
Inclusão pelo esporte