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Fora de campo, Ronaldinho Gaúcho concentra elogios

Fora de campo, Ronaldinho Gaúcho concentra elogios

Revés masculino transfere esperança para mulheres

19/08/2008 - 18h05

Ronaldinho fracassa como protagonista, mas vê caminho longo na seleção

Bruno Freitas
Em Pequim (China)

Ronaldinho Gaúcho cruzou o mundo com a seleção brasileira para se redimir da experiência nos Jogos de Sydney-2000, em desejo pessoal escancarado durante a preparação da equipe, além de tentar resgatar seu prestígio internacional abalado após período de baixa na Europa. No entanto, o atleta que talvez seja o mais popular do evento sairá da China com seu segundo fracasso olímpico, em nova marca de decepção na trajetória do camisa 10 na equipe nacional.

Convocado para ser o líder da seleção na China, Ronaldinho deixará as Olimpíadas coberto de elogios da comissão técnica por sua postura fora de campo. No entanto, o astro não conseguiu evitar que a meta do ouro inédito do futebol em torneios masculinos seguisse no campo dos sonhos.

"Eu tentei colaborar, por ser o mais velho, fiz o meu máximo, mas não deu", declarou Ronaldinho após a derrota na semifinal para a Argentina na terça-feira, em Pequim. "Mas sei que ainda tenho um longo caminho na seleção", emendou o capitão do time.

SÓ DE BOLA PARADA
EFE
Um indicador da frustração a respeito da expectativa sobre Ronaldinho nos Jogos de Pequim é a sina do meia-atacante de marcar gols apenas em jogadas de bola parada em competições de ponta de nível mundial com a seleção brasileira.

Assim como nas experiências anteriores em Olimpíadas e Copa do Mundo, Ronaldinho não conseguiu anotar um gol sequer em jogadas de bola rolando.

Na soma das quatro competições desse porte que disputou, Ronaldinho conseguiu cinco gols, todos eles de bola parada: três de falta e dois de pênalti (um nos Jogos de Sydney-2000, dois no Mundial de 2002 e mais dois agora nos Jogos de Pequim). O astro passou em branco na Copa da Alemanha em 2006.
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Ronaldinho conseguiu entreter o público chinês e corresponder à enorme expectativa depositada sobre sua convocação para as Olimpíadas apenas no jogo contra a equipe semi-amadora da Nova Zelândia, quando marcou de falta e pênalti, além de desfilar seu repertório de dribles. A magia parou ali.

Em seguida, contra adversários tecnicamente e taticamente mais exigentes, Ronaldinho apagou e fez pouco para se rebelar contra a marcação que lhe era destacada a cada partida. Contra a Argentina, a performance do camisa 10 chegou a ser decepcionante, principalmente em comparação com os jogadores mais destacados do lado contrário.

Depois de deixar o Barcelona quase pela porta dos fundos, Ronaldinho simbolicamente passou o cetro de grande estrela do gigante clube espanhol ao ex-aprendiz Messi no gramado do estádio dos Trabalhadores, na noite desta terça. O baixinho argentino mostrou ser um jogador de grandes partidas, que merece o status internacional ascendente.

O meia-atacante do Milan foi convocado para os Jogos de Pequim como uma das exceções acima de 23 (idade olímpica), em uma decisão que teve intervenção do comando da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), pelo menos aos olhos do público.

Antes de integrar o grupo do técnico Dunga, o jogador ainda passou por trabalho solitário de recuperação física junto ao preparador da seleção Paulo Paixão. O astro batalhou para emagrecer e estar em forma para as Olimpíadas. Mas a China acabou vendo um Ronaldinho ainda distante de seu auge.

"Ele foi um exemplo em todos os momentos. Não é só uma questão de campo, mas extra-campo também. É normal que ele não conseguisse alcançar o nível que todos conhecem nas Olimpíadas. Mas ele vai dar muito a seleção ainda. Estamos muito contentes com o que ele fez nas Olimpíadas", disse o técnico Dunga após a derrota para a Argentina.

Restará ao astro tentar deixar uma última impressão mais apropriada a sua reputação no confronto com a Bélgica pela medalha de bronze na próxima sexta-feira em Xangai, às 8h (horário de Brasília).

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