Seleção vai rever Camarões, algoz de Sydney
Bruno Freitas
Em Qinhuangdao (China)
Para chegar às semifinais, nos compromissos que de fato valerão medalha nos Jogos de Pequim, a seleção masculina de futebol do Brasil terá necessariamente que passar antes por cima de um trauma recente em participações olímpicas: vencer um adversário do continente africano.
As últimas duas missões do futebol do Brasil pelo sonhado e inédito ouro olímpico esbarraram justamente em rivais da África, como Camarões, equipe que cruzará o caminho da seleção de Dunga nas quartas-de-final dos Jogos de Pequim, em duelo definido após o desfecho da primeira fase nesta quarta-feira.
A última das três medalhas olímpicas do futebol brasileiro em torneios masculinos foi conquistada nos Jogos de Atlanta, em 1996, depois de uma dramática derrota para a Nigéria na semifinal, e de uma goleada sobre Portugal na disputa pelo bronze.
BRASIL X AFRICANOS | ||||||
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Nos Jogos de Sydney-00, Brasil perdeu na prorrogação por 2 a 1 | ||||||
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O BRASIL VAI REPETIR 2000? | ||||||
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GAÚCHO ESTÁ MOTIVADO | ||||||
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Na oportunidade, a seleção de Zagallo, Bebeto, Ronaldo, Dida e Rivaldo chegou a abrir 3 a 1, mas cedeu empate aos nigerianos, que definiram a vitória na semifinal com a virada na prorrogação. A dor pela eliminação foi ampliada pelo fato de o Brasil ter batido o mesmo adversário na fase de grupos em Atlanta.
Em 2000, na última aparição olímpica da seleção, a campanha acabou com revés nas quartas-de-final para Camarões, mesmo rival de Pequim. Como quatro anos antes, a derrota teve requintes de crueldade, pois o Brasil empatou o jogo no fim, com Ronaldinho Gaúcho em cobrança de falta, mas foi batido na prorrogação, quando o adversário tinha dois jogadores a menos em campo.
Também em Sydney, mas ainda na primeira fase, a seleção então dirigida por Vanderlei Luxemburgo tropeçou em outra seleção do mesmo continente, com revés diante da África do Sul.
A coincidência que une as derrotas de 1996 e 2000 é que tanto Nigéria como Camarões tiveram como destino final o ouro olímpico depois de eliminar o Brasil da disputa.
Símbolo da equipe que fracassou contra os camaroneses há oito anos, na experiência olímpica que antecedeu a disputa dos Jogos de Pequim (O Brasil não se classificou para Atenas-2004), Ronaldinho admite que leva para o reencontro com os africanos um 'algo a mais' de motivação, que recusa a denominar de revanche.
"Não existe vingança. É uma grande coincidência, por ser a mesma seleção. Mas claro que existe uma motivação pessoal da minha parte nesse jogo, por tudo que aconteceu", comentou o camisa 10 do Brasil nas Olimpíadas 2008.
"A diferença desta vez para o jogo de 2000 é que hoje estou mais experiente. Acho que isso é melhor", emendou Ronaldinho Gaúcho.
O técnico Dunga, por sua vez, prefere minimizar o retrospecto recente contra africanos em Olimpíadas e lançar olhar histórico para uma vitória sobre os adversários das quartas-de-final, citando o triunfo sobre Camarões na Copa de 1994.
"Lembro de 2000. Mas me lembro mais de 1994. E todo campeonato é assim. Você vai eliminando e uma hora ou outra encontra um africano. Estaremos mais concentrados porque é um jogo eliminatório", comentou o treinador.
Se o Brasil passar por Camarões, não significa que estará livre de novos africanos pelo caminho. Do outro lado da chave, a Nigéria, que liderou o grupo B de forma invicta, enfrenta a Costa do Marfim, segundo colocado da chave A. O vencedor poderá cruzar o Brasil em uma eventual decisão ou disputa da medalha de bronze.
Histórico de equilíbrio
Ao todo, o Brasil já cruzou com adversários da África em Jogos Olímpicos em nove oportunidades, com quatro vitórias, dois empates e três derrotas. No entanto, os três insucessos em questão aconteceram justamente nas últimas duas participações do país no evento, em 1996 e 2000.
A última vitória da seleção contra equipes africanas foi nos Jogos de Atlanta, há doze anos, com 4 a 2 sobre Gana. Depois disso, o Brasil só colecionou fracassos contra os adversários do continente em questão.