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Jingyu Wu, do taekwondo, e Jian Yin, da vela, festejam, e corredora dos EUA lamenta

China garante medalha de ouro inédita na vela

20/08/2008 - 14h37

Ouros inéditos impulsionam China, e EUA só evitam derrota com missão impossível

Fernando Narazaki

Em São Paulo

Se restava alguma dúvida sobre quem venceria a disputa pelo quadro de medalhas das Olimpíadas de Pequim, o 12º dia de competição tratou de praticamente encerrá-la. A China ficou muito próxima de definir a inédita liderança de um país fora do eixo EUA-Europa com os 45 ouros obtidos até o momento, simplesmente 19 a mais que os norte-americanos. O país que mais conquistou medalhas na história dos Jogos só evitará o revés com um milagre nos próximos quatro dias.

Reuters

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Bolt vence 200 m rasos e dá uma ajuda à líder China na disputa com os EUA

  • A DISPUTA DOS OUROS
  • 1º dia: China 2 x 1 EUA
  • 2º dia: China 4 x 1 EUA
  • 3º dia: China 3 x 1 EUA
  • 4º dia: China 4 x 4 EUA
  • 5º dia: China 4 x 3 EUA
  • 6º dia: China 5 x 0 EUA
  • 7º dia: China 4 x 4 EUA
  • 8º dia: China 1 x 2 EUA
  • 9º dia: China 8 x 3 EUA
  • 10º dia: China 4 x 3 EUA
  • 11º dia: China 4 x 4 EUA
  • 12º dia: China 2 x 0 EUA

Líder do quadro nas últimas três edições, os EUA terão de vencer, pelo menos, 38% das provas que ainda disputarão em Pequim. Os norte-americanos estão em 54 dos 86 eventos restantes, e precisam no mínimo de 19 triunfos, além de torcer para a China não vencer mais. Porém, o retrospecto das últimas competições mostra que esta missão não deve ser alcançada pelo país. Destas 54 provas que ainda têm esperança, os EUA têm chances reais de brigar pelo ouro em 23 delas, pois têm campeões mundiais, atletas com os melhores tempos nas eliminatórias ou equipes que estão na fase final dos esportes coletivos.

No restante, os norte-americanos são coadjuvantes, como no caso do nado sincronizado, nas duas provas de canoagem que ainda disputam, no pentatlo moderno, na maratona aquática, nas três provas de luta e em nove provas do atletismo. Se conseguir ganhar todos os ouros em que têm favoritos, os EUA ainda terão de torcer para que a China não triunfe nos saltos ornamentais e no tênis de mesa, modalidades que os anfitriões venceram todas as provas até agora e ainda terão mais dois ouros cada em disputa.

Somado a isso, os líderes das Olimpíadas nas últimas três edições não podem nem pensar em perder os confrontos diretos por ouro, como é o caso da final de vôlei de praia entre Walsh e May contra Tian Jia e Wang, nesta quinta-feira. O país também precisa vencer duelos contra brasileiros, que podem acabar ajudando a China na busca inédita pelo topo. O Brasil será o adversário dos EUA na decisão do futebol feminino e do vôlei de praia masculino. Os países ainda podem se confrontar no vôlei feminino e masculino, e no salto em distância feminino do atletismo, em que Maurren Maggi é uma das favoritas ao ouro.

E a tarefa tem um componente mais ingrato. Nos 12 dias de competições, os chineses só tiveram menos triunfos que os concorrentes no oitavo dia olímpico (16 de agosto na China, noite de 15 e manhã de 16 no Brasil). Naquela ocasião, o país-sede ganhou apenas um ouro, enquanto os EUA foram duas vezes ao lugar mais alto ao pódio. Nesta quarta-feira, os norte-americanos amargaram o segundo dia sem obter ouros. A equipe perdeu as duas provas em que tinha favoritos para vencer no atletismo (200 m rasos masculino e 400 m com barreiras feminino) e viu a China obter um inédito triunfo na vela, com Jian Yin na classe RS:X.

Ela obteve a terceira posição na última regata e superou a italiana Alessandra Sensini, atual campeã mundial e ouro em Sydney-2000, por apenas um ponto, tornando-se a segunda representante de um país da Ásia a vencer. Antes dela, apenas Hong Kong teve um ouro na modalidade. Até então, a China tinha apenas duas pratas na história.

Além da vela, os chineses também faturaram em Pequim ouro inédito no remo (com o skiff quádruplo feminino), no tiro com arco (com Juan Juan Zhang, no feminino) e no trampolim acrobático (vitórias no masculino e no feminino). Porém foram os aumentos notáveis na ginástica artística e no levantamento de peso, que definiram a diferença para os EUA. Juntos, os dois esportes deram 17 insígnias douradas para a China, 11 a mais do que o obtido em Atenas-2004. Assim, o país asiático trilhou o seu caminho para alcançar o sonho de se tornar pela primeira vez o vencedor do quadro de medalhas, mesmo sem ganhar um ouro no atletismo, modalidade que dá mais ouros olímpicos (47). A não ser que os EUA contrariem a lógica e façam em quatro dias o que não mostraram até hoje.

Fora o aumento chinês na liderança, o 12º dia das Olimpíadas ficará marcado por mais um show do jamaicano Usain Bolt, que quebrou o recorde mundial dos 200 m rasos na final e tornou-se o nono da história a vencer as duas provas mais velozes do atletismo. O último havia sido o norte-americano Carl Lewis, em Los Angeles-1984. Para o Brasil, o time de vôlei masculino se classificou para a semifinal com fácil vitória sobre a China, a dupla Márcio e Fábio Luiz superou Ricardo e Emanuel na semifinal do vôlei de praia, e as nadadoras Poliana Okimoto e Ana Marcela Cunha ficaram em sétimo e quinto lugares, respectivamente, da maratona aquática.

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