Clemilda Fernandes

"Não tinha coragem de gastar R$ 3 mil em uma bicicleta. Então, ela (a irmã, Janildes) me deu uma de presente".

Incentivadas pelo irmão Neílson, as irmãs Janildes e Clemilda Fernandes se interessaram pelo ciclismo ainda crianças, assistindo às provas do irmão. O gosto pelo esporte logo surgiu. Na primeira corrida de ambas, Janildes ficou entre as primeiras. Clemilda, por sua vez, teve um problema na bicicleta, tentou consertá-la no meio do percurso e acabou nas últimas posições. Exigente, desistiu da empreitada, enquanto Janildes seguiu carreira.

Clemilda tinha então 17 anos, apenas um a mais que a irmã. Passou a trabalhar como vendedora. "Minha mãe tinha uma fábrica de material de limpeza, então vendíamos os produtos. Depois, fiquei três anos em uma indústria de transformadores de alta tensão", conta ela.

Enquanto isso, Janildes somava resultados internacionais e em 1999, no Pan de Winnipeg, faturou o bronze. Na volta ao Brasil, convenceu Clemilda a se dedicar ao ciclismo. "Não tinha coragem de gastar R$ 3 mil em uma bicicleta. Então, ela me deu de presente", recorda a irmã mais velha.

Ao lado da prima Uênia (outra do clã de ciclistas), Clemilda passou a treinar com o apoio do irmão. "Em oito meses entrei na seleção brasileira e consegui um contrato", conta a medalhista de bronze no contra-relógio do Pan do Rio. Até chegar a seu primeiro Pan, em 2007, a mato-grossense passou dificuldades, principalmente financeiras. Mas, com bons resultados, assinou contrato na Europa.

Se nas Olimpíadas passada, em Atenas, a irmã Janildes foi escolhida para preencher a vaga brasileira, quatro anos depois, em Pequim, a oportunidade ficou com Clemilda porque o circuito da prova favorecia a mais velha das irmãs. Em uma prova marcada por muita chuva na capital chinesa, a ciclista terminou o percurso em 51ª lugar, cravando 3h41min01, pedalando quase todo o tempo entre o pelotão da frente.