Hipismo

Doda compara Rodrigo Pessoa a Schumacher em carro ruim: "Não tem como"

AFP PHOTO / John MACDOUGALL

Mauricio Stycer

Do UOL, no Rio de Janeiro

A ausência de Rodrigo Pessoa acabou se tornando uma grande polêmica na equipe de hipismo brasileira nestes Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O cavaleiro foi convocado para a reserva, não aceitou perder a titularidade e se retirou da Rio-2016, o que gerou discussão tanto sobre a escolha do técnico George Morris quanto sobre o posicionamento do atleta. Questionado novamente sobre a situação, Doda de Miranda não recua.

“É um esporte que a gente precisa muito do cavalo. Sem ter um cavalo bom não tem jeito”, declara o cavaleiro, argumentando que a égua de Rodrigo Pessoa não tem nível olímpico. “O Rodrigo com um cavalo inferior não vai conseguir chegar na frente do sheik do Catar, mas ele é muito superior ao sheik como cavaleiro. É como você pegar o Schumacher e colocar ele em uma equipe que não está boa. Não tem como fazer”, completa Doda, que após tanta polêmica contemporiza a troca de farpas.

“Meu relacionamento com o Rodrigo não tem problema. É como num time, você às vezes grita com o companheiro. É coisa de momento. Acredito que ele esteja estressado, eu estou estressado. A gente quer o Brasil no topo do pódio. Com a nossa amizade, o relacionamento de tantos anos, isso é uma coisa que não abala”, garante Doda, que de forma alguma se arrepende da frase. “A gente tem que falar as coisas na hora em que está pensando. E acho que foi importante o que eu falei.”

O cavaleiro deu declaração forte na última quarta-feira, quando disse que Rodrigo Pessoa “passaria vergonha” se disputasse os Jogos Olímpicos com a égua Cadjanine Z. Pessoa rebateu alfinetando outro cavaleiro brasileiro, Stephan Barcha, que foi desqualificado por usar a espora e machucar o cavalo. "Foi ridícula (a eliminação). É uma regra, mas é ridícula. Vai mudar muito em breve porque os cavaleiros ficam todos revoltados", aposta Doda.

A desclassificação prejudicou o Brasil, que disputou a final do salto por equipes sem poder descartar nenhuma nota. Encerrada a participação brasileira nas provas de hipismo da Rio-2016 sem nenhuma medalha, Doda tenta encontrar o lado bom de toda a polêmica.

A opção de Stephan no lugar de Rodrigo teve origem no cavalo. A temporada não foi boa para o campeão olímpico, que perdeu seus dois principais animais para problemas físicos. O número 1, Jordan II, sofreu uma fratura no ano passado. O número 2, Ferro Chin VH Lindenhof, foi afastado por problemas físicos. Além disso, outra opção, Status, não correspondeu. “Ele viria aqui com o quarto cavalo (Cadjanine Z). E a gente tem que entender que nosso esporte é um conjunto, cavalo e cavaleiro”, afirmou Doda – que monta Cornetto K.

“Claro que tem espaço para o Rodrigo na seleção, ele é um cavaleiro excepcional. Rodrigo só não entrou porque não teve resultado. Ele acreditava que poderia fazer um bom resultado com a égua que tinha, e o técnico não acreditava. E muitas pessoas concordavam com o técnico”, simplifica o cavaleiro, que disputou no Rio de Janeiro a sua sexta Olimpíada. “De certa forma acabou sendo uma coisa positiva. O Rodrigo tinha anunciado uma aposentadoria depois do Rio de Janeiro, e agora ele disse que quer esperar mais quatro anos. Vamos torcer para ele agora ter cavalos à altura e poder representar o Brasil”, finaliza Doda.

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