Atletismo

Bolt "adota" novato com piadas e provocações e avisa: "Ele pode ser grande"

Lucy Nicholson/Reuters
Usain Bolt troca sorrisos com Andre de Grasse na semi dos 200m rasos; jamaicano "adotou" o rival imagem: Lucy Nicholson/Reuters

Antoine Morel, Gustavo Franceschini e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

Andre De Grasse, um canadense de 21 anos que fez sua estreia olímpica no Rio de Janeiro, queria ser o homem a bater Usain Bolt. Não deu, mas a ousadia conquistou o jamaicano. O esforço do jovem rival para batê-lo desde as semifinais dos 200 m arrancou sorrisos, piadas e provocações do homem mais rápido do mundo, que “adotou” o adversário em seu adeus aos Jogos.

“Não se enganem, na final ele queria muito ganhar de mim, e é assim que nós competidores somos. Ele é um jovem talento, mas eu digo a todo mundo que eu não dou essa chance. Você nunca vai ter essa oportunidade”, disse Bolt aos risos, para logo em seguida elogiar. “Se ele continuar nessa linha ele vai ser grande”.

De Grasse foi bronze nos 100 m e prata nos 200 m. Na semifinal da última prova, a preferida de Bolt, ele apertou o ritmo para tentar passar à decisão com o melhor tempo. O jamaicano reagiu já dentro da prova, “reclamando” com o rival que ele estava correndo demais antes da hora. “Ele só estava brincando. Depois ele me falou: ‘Você vai aprender sobre isso, você é jovem’. Acho que ele fez eu pagar por isso”, disse o canadense, que chegou cansado ao fim dos 200 m.

Bolt, mesmo com o ouro, fechou a distância irritado com seu tempo. Com bom humor, culpou De Grasse. “Graças a ele minhas pernas estão cansadas”, disse o jamaicano, em uma de suas várias tiradas com o rival na coletiva de imprensa que eles concederam após a prova.

Quando um jornalista perguntou se De Grasse vai ficar feliz com a aposentadoria de Bolt, o jamaicano caiu na gargalhada. “Eu já estou feliz”, disse o canadense, na brincadeira. “Não, eu gosto de competir contra os melhores”, completou.

A sintonia não é ocasional. Como Bolt, Andre De Grasse é patrocinado pela fabricante de material esportivo Puma. Segundo ele, os dois já se conheciam antes da Rio-2016 por terem dividido ações de marketing da empresa anteriormente. Formado na geração no auge do melhor do mundo, o canadense agora deve ter caminho aberto para herdar o legado dele.

“Depois do que aconteceu aqui, o futuro dele é o ouro. Ele estava desapontado com o tempo [dos 200 m], mas desde 1984 o Canadá não conseguia duas medalhas nas provas de velocidade”, disse Stuart McMilian, técnico de De Grasse, ressaltando os feitos do pupilo. 

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