Após caso Ingrid, confederação admite rever critérios para convocar atletas
Um episódio envolvendo a dupla formada por Giovanna Pedroso, 17, e Ingrid Oliveira, 20, representantes do Brasil na disputa sincronizada de saltos ornamentais da plataforma de 10 metros da Rio-2016, deve afetar toda a lógica de convocação de atletas de esportes aquáticos do país para depois dos Jogos Olímpicos. Depois do caso, a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) já admitiu fazer uma revisão nos critérios adotados para formação de suas seleções.
Giovanna e Ingrid, que competiam em uma prova sincronizada, tiveram um entrevero antes dos Jogos Olímpicos e chegaram à Rio-2016 sem sequer conversar. A cisão entre as duas ficou ainda mais grave depois que Ingrid iniciou um flerte com Pedro Henrique Gonçalves, 23, representante do Brasil na canoagem slalom, levou o atleta para o quarto que dividia com Giovanna na Vila Olímpica e pediu para a companheira de time deixar o aposento. Giovanna não gostou e fez uma reclamação ao COB (Comitê Olímpico do Brasil), que adotou postura educativa e rechaçou punir Ingrid.
O episódio virou tema de discussão entre atletas brasileiros e espalhou a discussão por outras modalidades. COB e CBDA consideram aceitável que atletas possam ter relações pessoais concomitante à participação nos Jogos Olímpicos, mas alguns representantes nacionais na Rio-2016 usaram o caso como exemplo de cobrança por mais comprometimento – não pelo romance em si, mas por isso ter obrigado alguém que queria se concentrar a deixar o aposento e por ter causado repercussão na relação da dupla.
A CBDA não entrou nessa história de forma oficial, mas a discussão sobre futuras convocações é um bom indício de como isso vai se refletir na entidade. Sem citar o caso Ingrid e sem dizer oficialmente que essa é a razão, Ricardo de Moura, diretor-executivo e principal dirigente da instituição, disse que pretende "repensar critérios".
"Minha posição é a seguinte: vamos estudar uma forma. Aí vem educação, até para você não ser pego de surpresa em nada. Você precisa ter um comportamento absolutamente condizente com o que tem de fazer na vida esportiva. Que não se confundam os cenários e que seja profissional. Não no recebimento do salário, mas no comprometimento", disse o dirigente.
"O atleta vem para os Jogos Olímpicos para cumprir o melhor resultado de esportista. Tudo aquilo que o atleta fizer para concorrer com o resultado é abominável. Agora, é preciso se analisar caso a caso para que a gente possa ter um parecer. Isso tira o foco, atrapalha, mas ela está sendo bem encaminhada pelo COB. Mas nós também vamos tomar medidas", completou.
Ingrid ainda tem pela frente a competição de saltos individuais, marcada para o dia 17. Até por isso, a condução do caso dela tem sido baseada em duas frentes: CBDA e COB têm blindado a atleta, e a entidade que comanda o esporte em âmbito nacional também tem trabalhado para evitar que o assunto cause repercussão negativa entre os times que possuem chances reais de medalhas. O Brasil tem meta de ficar entre os dez primeiros dos Jogos Olímpicos no número total de pódios, e para isso a estimativa do COB é que o país precise de algo entre 23 e 27 láureas.
Giovanna e Ingrid tinham como objetivo obter um lugar entre as cinco primeiras duplas nos saltos sincronizados da plataforma de dez metros. No entanto, o conjunto brasileiro terminou a Rio-2016 na oitava – e última – posição.