Olimpíadas 2016

Phelps dá adeus aos Jogos Olímpicos em prova que simboliza sua nova fase

Lee Jin-man/AP
Michael Phelps reage após ficar sem o ouro nos 100m borboleta imagem: Lee Jin-man/AP

Fabio Aleixo e Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

O último capítulo da história olímpica de Michael Phelps, 31, não poderia ser mais simbólico. Após ter conquistado cinco medalhas na Rio-2016 (quatro ouros e uma prata), o recordista de pódios nos Jogos vai dar adeus neste sábado (13), na prova final do revezamento 4x100 m medley (a previsão é que o evento seja realizado pouco depois de 23h, no horário de Brasília). É a representação perfeita do que foi Phelps no Brasil: outrora reconhecido apenas por títulos e recordes, o norte-americano se reinventou como líder e tem conduzido uma transição entre gerações na natação de seu país.

Dono de 27 medalhas olímpicas (22 de ouro), Phelps foi a edições passadas dos Jogos para empilhar recordes. Nunca foi descrito por companheiros como desagregador ou alheio ao grupo, mas tampouco exerceu papel de líder entre os norte-americanos. Em 2016, o comportamento do multicampeão mudou nesse sentido. Em sua quinta participação em Olimpíadas, algo inédito para um nadador de seu país, Phelps podia ter colocado recordes ou metas pessoais acima do restante. O que aconteceu, no entanto, foi justamente o contrário.

Um bom exemplo dessa mudança é que Phelps foi nomeado capitão da seleção de natação dos Estados Unidos pela primeira vez em uma edição de Jogos Olímpicos. A definição dos atletas que carregam esse status – são seis em 2016 – é feita pelos próprios componentes da equipe.

Também foi nítido o comportamento do norte-americano nas provas de revezamento. Quando nadou o 4x100 m livre, por exemplo, Phelps foi o segundo a cair na água. Assim que encerrou sua participação, debruçou-se no bloco de largada e gritou como se pudesse empurrar seus companheiros com o som. Vibrou a cada batida na parede e comemorou o ouro de forma efusiva.

Na última sexta-feira (12), Phelps tinha acabado de perder a final dos 100 m borboleta – foi superado por Joseph Schoooling (21), de Cingapura, e ficou com a prata. Quando passou pela zona mista do Estádio Aquático Olímpico, a norte-americana Maya DiRado, 23, conversava com jornalistas sobre sua vitória nos 200 m costas. Phelps parou, abriu um sorriso, disse o nome da atleta e deu um longo abraço nela.

“Ele ainda não terminou. Tem o revezamento, ainda, e nós sabemos como ele é incrível nisso. É incrível ver o que ele faz. Ele nos inspira, e vem me inspirando desde que eu era criança. Nós sempre olhamos para ele como alguém cujo impacto no esporte vai durar por muitos anos”, ponderou Katie Ledecky, 19, uma das principais candidatas a substituir Phelps como protagonista na natação norte-americana.

Nova geração dos EUA

Ledecky é apenas uma integrante de uma geração de nadadores norte-americanos que ganhou espaço nas provas da Rio-2016. Dois outros (o velocista Caeleb Dressel, 19, e o especialista em nado peito Kevin Cordes, 22) estarão justamente no revezamento de Phelps, fazendo na água a transição simbólica entre o veterano e o restante.

“Não sei se alguém vai carregar o que Michael carregou nos últimos anos, mas estou feliz com o que o time tem feito nesta semana. Talvez possamos substituir coletivamente”, completou Ledecky.

Depois de Londres-2012, Phelps chegou a anunciar que deixaria as piscinas. A aposentadoria durou dois anos, e esse período também foi um dos mais conturbados na vida do nadador. Quando resolveu voltar ao esporte, ele começou a repetir uma frase que acabou virando um mantra: ele queria ter mais uma edição de Jogos Olímpicos para poder se despedir do jeito que havia planejado. Mudou drasticamente os hábitos e também reformulou a vida longe das competições. O maior símbolo disso foi a paternidade: Boomer, o primogênito do astro, nasceu neste ano.

Agora, quase no fim da jornada da reaposentadoria, Phelps parece estar aproveitando os momentos. Na sexta, por exemplo, deu uma entrevista sorrindo a despeito de ter perdido. A reação dele chamou tanta atenção que dois jornalistas perguntaram especificamente sobre isso.

“Eu não queria passar os próximos anos pensando ‘e se?’. Ter a chance de fechar essa porta e encerrar do jeito que eu havia sonhado é algo que me deixa muito feliz. Estou pronto para me aposentar porque estou feliz sobre isso”, explicou Phelps.

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