Vela

Belga da vela passa mal e suspeita que água da Baía pode ser a causa

Clive Mason/Getty Images
Evi van Acker, da Bélgica, compete na classe laser radial na Rio-2016 imagem: Clive Mason/Getty Images

Gustavo Franceschini

Do UOL, no Rio de Janeiro

Bem cotada para um pódio olímpico na classe laser radial, a belga Evi van Acker começou mal a competição e é só a sétima colocada na classificação geral a três regatas do fim. A culpa, segundo ela, pode estar na Baía de Guanabara. Questionada sobre a performance, a velejadora explicou que contraiu uma infecção, não tem competido 100% e que os médicos que a estão tratando apontaram as águas do Rio de Janeiro como possível origem da bactéria que está lhe tirando as forças.

“Eu não estou me sentindo bem. Eu não tenho forças para nada. Isso explica meus resultados ruins até agora. Eu tento não pensar muito nisso durante a regata, mas hoje não foi possível”, disse Van Acker na última quarta, revelando a primeira parte da polêmica ao jornal HBVL.

“É muito provável que Evi esteja sofrendo com uma bactéria que a contaminou no Rio, no começo de julho. De acordo com os médicos, é possível que essa bactéria, que causa disenteria, esteja acumulada por toda a baía”, disse Wil van Bladel, técnico de Van Acker.    

A suspeita criou um certo alvoroço na Marina da Glória, de onde tem saído os barcos para as competições. Van Acker seria o primeiro caso mais grave de insatisfação com as águas do Rio de Janeiro desde o começo da Olimpíada. Até então, os velejadores só fizeram, em sua maioria, elogios às condições oferecidas.

Depois de um dia de folga na quinta, Van Acker voltou a competir na última sexta. Na saída da água, foi uma das atletas mais concorridas pela imprensa, mas decidiu só falar com a imprensa de seu país. Disse, em francês, que não tem 100% de certeza de que a Baía é a causa do problema. Quando foi questionada pelos repórteres de outros países, disse estar com pressa e recusou-se a responder sobre o mal estar.

O retorno da preocupação com a qualidade da água causou uma certa saia justa com os demais velejadores. Jornalistas estrangeiros repetiram questões sobre poluição a praticamente todos os atletas que pararam na zona mista. Alguns deles chegaram a se incomodar com a insistência. “É complicado você treinar quatro anos e ter de falar tanto sobre isso”, resumiu Joe Morris, americano que compete na 49er.

A tensão foi visível até com os compatriotas de Van Acker. Yannick Lefebvre e Tom Pelsmaekers, da 49er, foram bem sucintos ao serem questionados sobre o assunto. “Nós não queremos falar sobre a água. Se quiserem saber algo sobre ela [Van Acker], devem perguntar a ela”, disse Lefebvre.

“Era só vocês terem ido para fora para verem a quantidade de onda que tinha. Ela provavelmente ficou mal de mareada mesmo. De passar mal com marinharia, e não por qualidade de água ou qualquer outra coisa”, disse Marco Grael, brasileiro da 49er, defendendo a Baía.
 

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