Vela

Onda de 2 m, bússola e uma reação que vale pódio: o "milagre" de Scheidt

REUTERS/Benoit Tessier
Robert Scheidt veleja pelo Brasil na Rio-2016; veterano recuperou-se com um "milagre" e está na briga imagem: REUTERS/Benoit Tessier

Gustavo Franceschini

Do UOL, no Rio de Janeiro

Robert Scheidt estava na oitava colocação há três dias e hoje é o vice-líder na disputa da classe laser a três provas do fim. A regata que marcou esta reação foi classificada pelo veterano como um “milagre”. Diante de ondas de dois metros, muita oscilação de ventos, o maior medalhista olímpico do país usou a bússola para pular de 32ª para a quarta colocação e voltar à briga pela sexta medalha.

“Foi ótima [tarde]. Eu não estava em uma situação muito fácil. Há três dias eu estava em oitavo [no geral] e ter subido dessa forma me deixa bem animado, principalmente pela forma que eu velejei hoje [sexta]. Consegui um milagre”, disse Robert Scheidt, sorridente.

O tamanho do feito se mede pelas condições. Ainda afetada por uma frente fria que marcou os últimos dias, a Baía proporcionou ventos muito inconstantes ao longo das regatas. Em outras classes, a variação foi tão grande que provas foram canceladas. No caso da laser, os velejadores foram obrigados a esperar o início da competição em alto mar enquanto os dirigentes deliberavam sobre o assunto.

Quando a regata começou, Scheidt passou pela primeira boia na 32ª colocação. Como já teve um 23º e um 27º lugares, o brasileiro não tem mais como descartar um resultado ruim. Ficar tão longe do pelotão de frente, àquela altura, significava sair da briga pelo pódio. O veterano, então, apostou em uma leitura alternativa dos ventos, recuperou espaço e fechou na quarta colocação, aproveitando o clima que maltratou os principais rivais.

“Hoje teve muita onda. É uma condição extremamente difícil, tinha dois metros de ondas lá fora, com muita variação de intensidade de vento. Passei a velejar muito na bússola, melhorei e achei um caminho mais curto. É uma recuperação difícil de se fazer”, disse Scheidt.

O aparelho de navegação, comum na vela, torna-se ainda mais essencial em dias como esta sexta. Antes da regata, a comissão de provas entrega as direções das boias por onde cada barco deve passar. Com muitas ondas e pouca visibilidade, a bússola torna-se uma aliada para ler melhor o vento e não depender tanto do contato visual com os objetos.

“Eu precisava de muita concentração para tirar velocidade do barco. Em cima da onda tinha vento, e embaixo da onda não. Estava variando o tempo inteiro”, disse Scheidt.

Agora, o brasileiro está a três pontos do croata Tonci Stipanovic, líder da laser. Neste sábado, a classe faz suas duas últimas regatas regulares para decidir quem avança para a regata das medalhas, na próxima segunda, quando a pontuação dobrada definirá os medalhistas. Dono de dois ouros, duas pratas e um bronze, Scheidt busca seu sexto pódio na última Olimpíada da carreira.
 

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