"Comentarista fofa", Maurren já tomou bronca da Globo por proteger atletas
Não espere críticas de Maurren Higa Maggi durante as competições de atletismo da Rio-2016. Primeira brasileira a ganhar uma medalha de ouro em disputas individuais de Olimpíadas, a vencedora do salto em distância de Pequim-2008 vai integrar neste ano o "Time de Ouro", nome atribuído pela TV Globo a sua equipe de comentaristas. Na preparação, tem apostado em viagens e conversas com muitos dos nomes que vão representar o Brasil. E quanto mais estabelece proximidade com os atletas, menos ela enxerga aspectos negativos do grupo.
"Sou a fofa. Sou legal e sou protetora. Já tomei até uma dura na emissora porque eles tinham de dar uma notícia e queriam fazer isso de uma maneira ruim. Eu pedi para mudar porque estavam falando dos meus amigos. A gente passou de uma maneira mais sutil algo que era ruim", explicou Maurren. "Não vai ser fácil falar dos meus amigos. Como comentarista do atletismo, vou falar das pessoas que eu conheço, com as quais eu convivi. Espero muito que eles tragam a medalha que eu tenho, também. Vou torcer muito para isso e para narrar uma medalha", completou.
Maurren fechou com a Globo em 2014, mas só oficializou a aposentadoria em fevereiro deste ano. No ínterim, aproveitou para atualizar a agenda de contatos e estreitar laços com outros atletas. Também seguiu recebendo Bolsa Atleta, programa de incentivo provido pelo governo federal. Mesmo após ter diminuído o volume de competições, mesclando os tempos nas pistas com participações no quadro Dança dos Famosos do "Domingão do Faustão", por exemplo, a saltadora continuou ganhando R$ 3,1 mil mensais.
"Pelo meu histórico, pelos treinamentos. Eu ainda era atleta e estava visando 2016. Meu objetivo era chegar se estivesse competitiva para ganhar medalha. Se eu não estivesse, não me interessaria. Não competiria só por competir. Quando recebi a proposta de integrar o time de ouro da Globo, aí falei que era hora de pensar em parar. Eles me deram carta branca para ir até onde quisesse. Tanto é que eu fiz minha despedida em fevereiro, e a partir daí não recebi mais a minha Bolsa Atleta", disse Maurren.
A saltadora também aproveitou o tempo livre para estar em eventos e viagens da CBAT (Confederação Brasileira de Atletismo). Maurren integra um time de “heróis olímpicos” montado pela Caixa, patrocinadora da entidade. “Estou muito envolvida com a CBAT. Pedi para estar nas competições com os atletas. Queria ter ido agora para o Mundial juvenil da Polônia para interagir e ficar mais perto dos atletas. Vou visitar o centro de treinamento em que eles vão ficar aqui para tirar informações que valorizem na hora de falar de todos eles. Além disso, estou acompanhando e tenho o telefone da grande maioria, senão de todos. Vai ser muito fácil passar para o público o que eu souber dos atletas”, relatou.
A viagem para a Polônia teve de ser abortada por um problema físico: Maurren caiu da cama quando estava na casa dos pais, no interior de São Paulo, e sofreu uma pequena fratura em um osso localizado na base da coluna vertebral. Recebeu recomendação de repouso e ainda tem de lidar com dores na região. “Vou para a Olimpíada lesionada. Nem sei se posso chegar assim”, brincou.
Enquanto lida com as questões físicas, a saltadora também tenta encontrar um espaço na Globo após os Jogos Olímpicos. A emissora ainda não sinalizou até quando manterá o “Time de Ouro”, e Maurren pretende fazer da Rio-2016 uma porta de entrada no canal. "Sempre gostei de TV. Quero uma oportunidade melhor para poder falar mais e da minha maneira em relação ao esporte".
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O atletismo do Brasil na Rio-2016
“Para muitos, chegar a uma final já é o suficiente. Então a gente tem de prestar atenção nisto: a medalha nem sempre é tudo para um atleta. São mais de 200 países competindo, e é legal a gente pensar que o atleta está lá para fazer o melhor resultado dele. A gente tem uma expectativa de duas ou três medalhas, mas eu acho até que podem ser mais. A gente está torcendo muito por alguns nomes que podem trazer isso para o Brasil”.
Fabiana Murer, do salto com vara
“A Fabiana é minha amiga. Eu espero mesmo que ela traga medalha, ainda mais depois das dificuldades que passou na vida. Essa é a medalha que falta na carreira dela, e eu tenho certeza que ela vai conseguir. A Fabiana compete muito bem no Brasil, e eu estou contando só com positivos. Ela gosta do Engenhão, e eu espero que ela faça o melhor resultado da vida lá”.
O escândalo de doping no atletismo da Rússia
“Em relação à Rússia, não sei até que ponto é verdade. Tem toda uma investigação para ser feita. É um assunto olímpico, e a gente está brigando pela medalha mais importante do universo, mas é delicado. Espero que quem estiver competindo esteja limpo e faça o melhor de si”.
N.R.: Maurren foi flagrada em exame antidoping realizado no Troféu Brasil de 2003. A análise apontou traços de clostebol, um esteroide anabolizante, mas ela alegou que havia tido contato com a substância em um creme cicatrizante utilizado depois de uma sessão de depilação. A saltadora ficou fora das competições até o fim de 2005.
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“Nada. O atleta vai ter as condições de treinamento, de competir, e isso vai ser igual para todo mundo. Ninguém vai ser protegido. Todos eles estão lá no mesmo lugar, na Vila Olímpica, e o cenário é igual para todo mundo. A polêmica talvez aconteça do lado de fora, em situações como trânsito e poluição, mas não atinge o atleta”.
A preocupação de atletas estrangeiros com os Jogos no Rio de Janeiro
“Eles estão ansiosos para vir. O pessoal de fora sempre tem ansiedade e medo, mas eles sabem que dentro da Vila Olímpica é um mundo à parte. Não tem violência ou invasão. O risco de dar errado é 1%. O cara que vem sabe que vai ter segurança, conforto e o que é necessário para todos os atletas”.