Medalhistas olímpicas criticam sujeira e expõem caos em arena da Rio-2016
A menos de cinco meses do início das Olimpíadas de 2016, que serão realizadas no Rio de Janeiro, uma arena que receberá competições de três modalidades durante os Jogos virou motivo de crise. As espanholas Gemma Mengual e Ona Carbonell, ambas medalhistas olímpicas, reclamaram de sujeira e criticaram a estrutura que encontraram no Parque Aquático Maria Lenk para o evento-teste do nado sincronizado, que começou no dia 2 de março e vai até o dia 6. Com isso, escancararam o quanto o equipamento se transformou em problema para a Rio-2016.
“Nós falamos sobre isso ontem [quarta-feira] e nada mudou desde então. Os vestiários estão sujos, assim como o fundo da piscina”, avaliou Ona, 25, medalhista de prata no dueto dos Jogos de Londres-2012. “O piso na área de competição está um pouco escorregadio”, completou Gemma, 38, dona de duas de Pequim-2008 (dueto e equipes).
As espanholas treinam juntas desde 2015 e conquistaram o ouro no dueto do evento-teste do nado sincronizado para a Rio-2016 e já estão classificadas para os Jogos. A despeito das críticas, ambas elogiaram a estrutura do Maria Lenk. “É uma piscina boa, de primeiro nível, com tudo que precisamos”, disse Ona.
Segundo o Comitê Organizador Rio-2016, a responsabilidade sobre o Maria Lenk no evento-teste é da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) e da Fina (Federação Internacional de Natação), que são as organizadoras da competição – o torneio serve como classificatório para os Jogos.
“É um evento-teste. A gente fez com alguma dificuldade de orçamento, mas para os Jogos essas questões vão ser repensadas”, disse Ricardo Prado, ex-nadador e gerente-geral de esportes aquáticos da Rio-2016.
No entanto, alguns dos pontos levantados por elas são problemáticos além do evento-teste. O principal deles é o piso da área de competição: não há orçamento ou prazo para troca dos azulejos, e o espaço será apenas coberto por uma espécie de carpete para os Jogos.
Construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, o Maria Lenk custou R$ 85 milhões e foi cedido ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) no ano seguinte. Em 2014, foi fechado para uma reforma que custou R$ 21,4 milhões aos cofres municipais.
A intervenção teve como principais focos a área de aquecimento seco e a piscina de treinamento, que foi inteiramente reformada. Contudo, isso não encerrou os problemas do aparato para os Jogos Olímpicos.
Como o Júlio Delamare, que originalmente seria palco do polo aquático, foi excluído da lista de instalações olímpicas, o Maria Lenk teve de acomodar a primeira fase da modalidade – o espaço já receberia saltos ornamentais e nado sincronizado.
Na negociação para que o Maria Lenk tivesse os três esportes, a Fina exigiu uma segunda piscina de aquecimento para o polo aquático. Como não havia orçamento para isso, os responsáveis pelos Jogos aproveitaram um tanque que seria instalado no Parque dos Atletas. Ainda não há licitação ou prazo para instalação do aparato temporário – toda a operação de compra, montagem e desmontagem de três piscinas para o local custará algo entre R$ 23 milhões e R$ 24 milhões.