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Seleção levou bronca de Teixeira e ouviu "bronze é obrigação" em 96

David Cannon/Getty Images
Roberto Carlos persegue Kanu na semifinal olímpica de 1996 imagem: David Cannon/Getty Images

Vagner Magalhães e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

A derrota da seleção masculina de futebol do Brasil na semifinal dos jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta (EUA), ainda permanece na cabeça dos atletas que participaram da partida contra a contra a Nigéria. Depois de um empate por 3 a 3 no tempo normal, os nigerianos se classificaram para a final com um "gol de ouro" de Kanu.

Ao final do primeiro tempo, o Brasil vencia por 3 a 1. O resultado rendeu ao grupo uma "bronca" do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que passou a tratar a medalha de bronze como obrigação. Ela veio com uma goleada de 5 a 0 contra Portugal, na partida seguinte, de disputa pelo terceiro lugar.
 
"Achamos que eles não iriam virar o jogo, mas viraram. Foi muito triste. A medalha de ouro ficou amarga", conta o volante Amaral, que prestes a completar 43 anos, ainda negocia para disputar o Campeonato Paulista do ano que vem pelo Capivariano. "Tomamos sim uma bronca do Ricardo Teixeira. Ele disse que a gente tinha de ganhar a medalha de bronze de qualquer jeito. Aí pegamos Portugal na raiva e goleamos".
 
O ex-volante Zé Elias é outro que participou daquela partida. O hoje comentarista da ESPN Brasil diz que superioridade da seleção foi tanta no primeiro tempo, que o placar de 3 a 1 acabou pequeno. "Poderíamos ter feito cinco, seis. Depois do jogo, o Ricardo Teixeira disse que era obrigação ganharmos o bronze e que não ia dizer mais nada. Foi um tom bruto. Mas tinha de ser em tom de cobrança".
 
O então goleiro Danrlei, que hoje é deputado federal pelo PSD-RS, afirma que perto do final da partida, o sentimento é de que a vitória brasileira era garantida. "Faltando 15 minutos para acabar, o pessoal acabou dando uma relaxada e tomamos dois gols. Aí aconteceu aquela loucura que ninguém acredita. A gente deu bobeira contra a Nigéria", lembra.
 
Amaral diz que aquela geração acabou sofrendo um grande prejuízo com aquele resultado. E que por conta da derrota, muitos, como ele, perderam a oportunidade de estar na Copa do Mundo de 1998. "Se a gente tivesse conseguido a medalha de ouro, praticamente todos nós estaríamos na França. A base era nossa".
 
Para ele, o sentimento após o jogo era o de esquecer o que aconteceu e voltar imediatamente ao Brasil. "Ganhamos a medalha de bronze, mas ninguém estava nem aí. Nem queria colocar a medalha, apesar de uma medalha olímpica representar bastante. Nós recebemos o bronze e já queríamos voltar para o Brasil".
 
Segundo o ex-zagueiro Ronaldo Guiaro, o resultado não tem uma explicação lógica. "Todo mundo esperava que o time chegasse na final. Já tínhamos ganho da Nigéria na primeira fase. Sabíamos como eles jogavam..." 
 
Sávio, ex-atacante do Flamengo e do Real Madrid, lembra que o resultado foi uma tristeza, mas que a medalha de bronze não deve ser deixada de lado. "Eu valorizo muito a medalha de bronze, independente de o futebol brasileiro cobrar da gente ganhar sempre. É difícil disputar as Olimpíadas e mais difícil ainda ser medalhista. Tenho um lugar muito especial na minha sala de troféus para a medalha de bronze. Foi uma conquista".
 

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