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Tochas do Pan-2007 viram "elefantes brancos" após virarem alvo de suspeita

Eduardo Knapp/Folhapress
Campeões olímpicos do vôlei em 1992 carregaram a tocha pan-americana em 2007 imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

Uma manada de 429 “elefantes brancos” descansa há oito anos num armazém do COB (Comitê Olímpico do Brasil). Cada um desses “elefantes” é, na verdade, uma tocha dos Jogos Pan-Americanos de 2007, realizados no Rio de Janeiro. Quase uma década após o evento, os objetos históricos esperam uma destinação. Estão guardadas no comitê olímpico já que a compra delas virou alvo de uma investigação devido a suspeitas de superfaturamento.

A saga das tochas é longa e começou ainda antes da cerimônia de abertura do Pan de 2007. Visando à promoção do evento esportivo, foi organizada uma viagem de mais de um mês da chama dos Jogos Pan-Americanos até o Rio.

Para esse tour, foram compradas 500 tochas. Usando dinheiro do governo federal, cada objeto foi adquirido pelo Comitê Organizador do Pan-2007 por R$ 2.042 –total de R$ 1,021 milhão.

Acontece que, inicialmente, cada tocha custaria R$ 759. A diferença de 169% no custo de cada objeto chamou a atenção do TCU (Tribunal de Contas da União) e virou tema de um processo no órgão para apuração de irregularidades na compra.

O processo foi aberto no ano passado. Não tem decisão. Em julho deste ano, entretanto, o tribunal de contas percebeu que, por conta da investigação sobre compra das tochas, os objetos permaneciam guardados e sem utilidade.

O TCU, então, deu 60 dias para que o COB e o Ministério do Esporte encontrassem um destino para 429 tochas. Das 500 compradas, algumas quebraram e outras acabaram ficando com a empresa que fabricou os objetos.

O problema é que essa determinação do TCU está incluída num acordão que também trata de assuntos da Olimpíada de 2016. A APO (Autoridade Pública Olímpica) está citada no documento e acabou o contestando. Por causa disso, a contagem do prazo para a distribuição das tochas do Pan-2007 está suspenso. Não há previsão sobre quando voltará a valer.

Independentemente disso, comitê olímpico e governo disseram que encaminharão em outubro ao TCU um plano para distribuição das tochas remanescentes. A intenção dos órgãos é enviá-las a municípios nos quais estão sendo construídos centros de iniciação ao esporte e também a universidades, escolas públicas, para o Museu da República e até confederações esportivas. 

Sobre a suspeita de superfaturamento, o ministério informou que “não há qualquer decisão do TCU a respeito [de irregularidades], a não ser a determinação de que seja feito o plano de destino das tochas”.

De olho na Olimpíada de 2016

Levando em conta o impasse envolvendo as tochas do Pan, o TCU determinou que o governo elabore já um plano para destinação dos equipamentos que ele comprará para os Jogos Olímpicos de 2016. Segundo o próprio Ministério do Esporte, artigos esportivos que serão usados na Olimpíada serão pagos com recursos públicos.

O ministério informou nesta semana que “o destino desses itens está sendo definido concomitantemente ao processo de aquisição em andamento”.

Já as tochas da Olimpíada de 2016 estão sendo providenciadas pelo Comitê Organizador Rio-2016 sem a necessidade de investimento público. O órgão informou que os objetos serão entregues como presente a cerca de 12 mil pessoas que serão escolhidas para participar do revezamento da tocha olímpica, que começa no ano que vem.
 

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