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Obra atrasa, e teste de vela da Rio-2016 usará bactéria contra esgoto

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

A Marina da Glória, no Rio de Janeiro, receberá o evento-teste de vela da Olimpíada de 2016 em meio ao esgoto. A obra que impediria o despejo de resíduos diretamente nas águas do local atrasou. Por isso, a realização da competição que integra o processo de planejamento para os Jogos Olímpicos dependerá de um processo de biorremediação para acontecer.

A biorremediação consiste no emprego algas, fungos e bactérias para amenização dos efeitos da poluição em um local específico. Esses organismos reagem quimicamente com poluentes e reduzem a contaminação de terrenos ou água.

No caso da Marina da Glória, o problema é a qualidade da água. Na área para o estacionamento de barcos, que será usada entre 15 e 22 de agosto no teste de vela da Rio-2016, existe uma saída de esgoto não tratado. Os dejetos que chegam ali vêm do centro e da zona sul do Rio. Caem diretamente nas águas da Marina, e de lá seguem para a Baía de Guanabara.

Para resolver esse problema, o governo do Rio de Janeiro até iniciou a construção de um sistema de coleta de esgoto no entorno da marina. A obra foi anunciada em setembro do ano passado. Seu canteiro foi instalado em setembro. Uma placa com informações públicas sobre o projeto informa que ele deveria ser concluído em 4 de agosto –portanto, antes do evento-teste de vela.

Acontece que a conclusão da obra, agora, está prevista para dezembro –ou seja, para depois do evento-teste. O prazo foi informado pela Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), estatal responsável pelo projeto. A companhia informou ainda que o prazo informado na placa não é o da conclusão da obra, mas referente a seu licenciamento. Afirmou também que trabalha para antecipar a entrega. Só não disse para quando.

O secretário estadual da Casa Civil, Leonardo Espíndola, já disse que espera que a obra esteja pronta em setembro. Apesar de ela não fazer parte do conjunto de projetos olímpicos do governo do Estado, Espíndola considera o projeto importante para a realização dos Jogos de 2016. Para o evento-teste, porém, ele mesmo anunciou a necessidade da biorremediação na Marina da Glória.

“Vamos fazer uma biorremediação no local”, disse ele, durante entrevista coletiva na última sexta-feira. “É uma medida paliativa, mas necessária. ”

O UOL Esporte procurou a SEA (Secretaria Estadual do Ambiente), órgão que monitora a limpeza das águas da Baía de Guanabara (a Marina da Glória fica dentro da baía) para obter mais detalhes sobre a biorremediação. O órgão informou que o processo será tocado pela Cedae. A Cedae, por sua vez, informou que quem fará a amenização dos efeitos do esgoto é o Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016. Procurado, o comitê não se pronunciou.

O presidente da CBVela, Marco Aurélio de Sá Ribeiro, já havia confirmado a necessidade de medidas emergenciais na marina para a realização do teste de vela, em agosto. Ribeiro, contudo, disse que a competição pode, sim, ser realizada no espaço. Disse, inclusive, que a Baía de Guanabara está pronta para receber as provas de vela na Rio-2016.

Na semana passada, o vice-presidente da Federação Internacional de Vela (Isaf), Scott Perry, declarou em entrevista ao Fantástico que, caso a situação da baía não melhore, as provas de vela devem ser transferidas para outro local. O Comitê Rio-2016 já negou qualquer possibilidade de tirar as regatas da baía.

 

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