Presidente do COI rebate Paes e diz que campo de golfe é ideia do prefeito
O presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach, afirmou nesta quarta-feira (25) estar surpreso com as declarações do prefeito Eduardo Paes sobre a construção do campo de golfe da Olimpíada de 2016. Paes disse na terça (24) que odeia ter que construir o campo. Bach, entretanto, ressaltou que o prefeito se esforçou pessoalmente para que a obra fosse feita na cidade.
“Eu fiquei surpreso com as declarações do prefeito”, disse Bach. “O prefeito pressionou muito pela construção desse campo. Tenho certeza que ele pensou muito antes de tomar a decisão de contruí-lo.”
As declarações de Bach foram dadas em sabatina com estudantes universitários na sede do Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016, no Rio. No evento, o presidente do COI foi questionado sobre vários temas relacionados ao Jogos Olímpicos. E o campo golfe foi um dos destaques.
Fernando, um estudante de Turismo da UFF (Universidade Federal Fluminense), citou as declarações do prefeito Paes sobre o campo de golfe logo na terceira pergunta feita a Bach. O prefeito afirmou na terça que, por ele, não teria feito o campo nunca. Só fez porque era um obrigação olímpica.
Paes também disse que a pista de canoagem slalom também só está sendo construída por causa dos Jogos. Afirmou, inclusive, que ela deve virar um “esquibunda” após o evento esportivo.
Bach falou sobre a canoagem slalom. Disse que outras cidades que receberam os Jogos Olímpicos anteriores também passaram a usar a área de competição para o lazer da população após a Olimpíada. “Lá [em Sydney e Londres], eles tiveram muito sucesso nessa mudança [na utilidade da pista]”, afirmou.
Durante a sabatina, o presidente do Comitê Rio-2016, Carlos Nuzman, interveio para falar sobre a pista de canoagem slalom. Reforçou a opinião do prefeito Paes e disse que, por ele, a pista não seria construída. “Não estamos satisfeitos de ter essa modalidade aqui. Agora, tínhamos que fazer para poder receber a Olimpíada”, disse Nuzman.
Sustentabilidade do campo de golfe
O campo de golfe voltou a ser citado na sabatina com Bach por causa de dúvidas sobre sua sustentabilidade. Beatriz, estudante de Ciências Sociais da FGV (Fundação Getúlio Vargas), afirmou que 1,8 milhão de litros d’água são usados todos os dias para irrigar o espaço. Ao lado, moradores sofrem com torneiras vazias.
Bach disse que essa questão é realmente importante. Ele afirmou que o tema chegou a ser discutido com a prefeitura em reuniões durante esta semana. Segundo Bach, as informações repassadas ao COI apontavam que a crise hídrica no país tinha arrefecido e que a obra não teria impactos negativos sobre o abastecimento de água para moradores.
Mesmo assim, Bach prometeu investigar a questão. “Isso está sempre na agenda do comitê”, afirmou ele.