Cinco provas que Galvão Bueno mereceu ganhar uma medalha na Rio-2016

Mauricio Stycer
Do UOL, do Rio de Janeiro
Reprodução
Galvão Bueno, Glória Maria, Marcos Uchôa e Renato Ribeiro na transmissão da Globo na abertura dos Jogos Olímpicos

A Olimpíada de Londres, em 2012, foi um dos momentos mais traumáticos da carreira de Galvão Bueno. A Globo não teve os direitos de transmissão e o seu principal narrador, sem credencial, apareceu basicamente em programas do SporTV. Mal-humorado, reclamou de quase tudo, brigou com Renato Mauricio Prado no ar e ainda ofuscou os narradores do canal.

Quatro anos depois, Galvão voltou de forma gloriosa. Mais que narrador, ele foi o âncora da Globo em sua cobertura extensiva do evento. Na verdade, ele foi a cara mais visível da emissora na Rio-2016.
 
Galvão esteve em todas – e, claro, causou. Trocou farpas com Gloria Maria na cerimônia de abertura, ouviu um comentarista da BBC pedir que calasse a boca, cometeu gafes variadas e, mais importante, mexeu com os brios da seleção masculina de futebol. 
 
Em um discurso irado, depois de um empate vexaminoso com o Iraque, o narrador cobrou mais disposição dos craques brasileiros. O zagueiro Marquinhos chegou a dizer que as críticas fizeram bem à seleção. De certa forma, Galvão merece a medalha de ouro por seu trabalho nestes Jogos também. 
 
A melhor notícia é que, com contrato com a Globo até 2019, Galvão já deu sinais  de que projeta cobrir a próxima edição dos Jogos Olímpicos, em Tóquio (Japão), em 2020.
 
Abaixo, os cinco melhores momentos do narrador na Rio-2016:
 
1 – Vamos falar pouco:  Galvão e Glória Maria duelaram pelo direito de falar, atrapalhando a experiência de quem estava assistindo. "Esses travesseiros...", disse o narrador ao ver um dos efeitos exibidos no início. "São tambores", corrigiu a repórter. "Vamos falar pouco agora e observar", pediu ele. Não deu certo. "Vamos ouvir, Glória!", cortou.
 
2. Ataque a Neymar:  Revoltado com o silêncio do capitão da seleção após o empate com o Iraque, Galvão detonou: "As milhões de pessoas que estão em casa têm direito, sim, de ouvir. O seu ídolo, o seu jogador, aquele que joga com a camisa da seleção brasileira. É feio, muito feio, não é profissional, não é ético e não é correto, sair de campo o time inteiro e se negar a falar. Alguém tinha que assumir e falar".
 
3. Cala boca, Galvão: Comentando natação para a BBC, o britânico Adrian Moorhouse, campeão olímpico dos 100 m peito em Seul-1988, mal conseguia falar. Ao lado dele, um brasileiro gritava exageradamente. “Cala a boca”, desabafou o ex-nadador sem saber que o seu alvo era o mitológico Galvão Bueno. No dia seguinte, ciente da repercussão do fato, o narrador brasileiro pediu desculpas e reconheceu ter exagerado.
 
4. Fala com a gente, Phelps: Galvão exerceu várias funções na Rio-2016. Além de narrar provas nas mais variadas modalidades, ancorar programas no estúdio e fazer participações em todos os jornalísticos da emissora, ele foi também uma espécie de gerente de comunicação da Globo, dando satisfação sobre fatos ocorridos e fazendo reclamações. Foi assim, em uma entrevista ao “Pânico”, quando reclamou que Michael Phelps não deu entrevista exclusiva à Globo.
 
5. Levantai-vos e andai: Como diz o ditado popular, quem fala demais dá bom dia a cavalo. Naturalmente, Galvão cometeu algumas gafes durante os Jogos. A mais rumorosa foi pedir que os participantes de um programa se levantassem no estúdio para ouvir Marcelo Adnet cantar o hino da Jamaica. O atleta paraolímpico Fernando Fernandes, em sua cadeira de rodas, riu: "Deixa eu ficar sentado".