Até Rivaldo já foi fiasco olímpico, mas veteranos de Micale são destaques

Encarar o torneio masculino de futebol dos Jogos Olímpicos está longe de ser uma barbada para os jogadores mais velhos. A história da seleção brasileira mostra que mesmo nomes importantes do futebol como Rivaldo, Aldair, Ronaldinho, Thiago Silva e Hulk sofreram na competição Sub-23.
Na Rio 2016, é verdade, a parte crucial ainda está por vir, com a semifinal na próxima quarta-feira e o sexto e último jogo no sábado. Mas o goleiro Weverton, o meia Renato Augusto e o atacante Neymar chegam para encarar Honduras com a reputação elevada depois de um início de competição complicado para todo o grupo de Rogério Micale. Eles são praticamente uma exceção nessa história.
Foi em Atlanta, há duas décadas, que o futebol masculino passou a ter o formato sub-23 com direito a três jogadores mais velhos. Nunca, desde então, o Brasil conseguiu ter um trio de referências, o que ajuda a explicar derrotas que frustraram o desejo de conquistar a medalha de ouro. E que pode indicar um caminho melhor nesses Jogos.
Olimpíada de 1996 - Aldair, Rivaldo e Bebeto
Referência na conquista da Copa do Mundo dois anos antes, o zagueiro estreou com patacoada em parceria com Dida contra o Japão, que venceu o Brasil. A competição terminaria com um drible desconcertante do nigeriano Kanu sobre o mesmo Aldair no gol de ouro, na prorrogação. Rivaldo, então com 24 anos e antes de fazer um grande Mundial em 1998, frustrou. Deixou Atlanta sem nenhum gol, foi substituído em boa parte das partidas e acabou na reserva. Bebeto, com seis gols, foi artilheiro e destaque.
Olimpíada de 2008 - Thiago Silva e Ronaldinho
Em 2000, Vanderlei Luxemburgo não quis levar veteranos e o Brasil teve campanha vexatória. Pior foi, quatro anos depois, sequer alcançar a vaga para Atenas. Eleito treinador em Pequim, Dunga só convocou dois nomes acima dos 23 anos: Thiago Silva era destaque do Fluminense, mas não tinha boas condições físicas e foi reserva dos então são-paulinos Breno e Alex Silva. Já Ronaldinho foi chamado em ordem expressa do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Fora de forma, teve atuações ruins e marcou apenas dois gols na China em partida da primeira fase, contra a Austrália. Ele ficaria marcado por atender o telefone celular no pódio.
Olimpíada de 2012 - Thiago Silva, Marcelo e Hulk
Capitão, Thiago voltou à Olimpíada e indicou um pouco do desequilíbrio emocional que o marcaria dois anos depois. O zagueiro chamado por Mano Menezes cometeu falhas na final contra o México e chegou a discutir com o lateral Rafael na partida que deixaria o Brasil com a prata. Pior foi a participação de Hulk, surpresa na relação de Mano e que acabou ofuscado por Neymar e Leandro Damião. Na decisão, acabou barrado para a entrada de Alex Sandro e até saiu do banco para fazer o gol de honra brasileiro. O lateral Marcelo não brilhou intensamente, mas foi o melhor entre os "veteranos".
Olimpíada de 2016 - Weverton, Renato Augusto e Neymar
Convocado após Dunga eleger Alisson como prioridade e depois de Rogério Micale chamar Fernando Prass (cortado), Weverton ainda não conseguiu ser 100% seguro, é verdade. O goleiro do Atlético-PR tem dado sustos - contra a Colômbia, por exemplo, quase perdeu bola para Preciado, na pequena área. Mas, no fim das contas, ainda não foi vazado em 360 minutos na Olimpíada.
Renato Augusto é quase um símbolo da volta por cima do Brasil. Estático nos dois primeiros jogos, desperdiçou chance incrível no empate com o Iraque. Já nas duas últimas partidas, cresceu ao lado de Walace e com a chegada de Luan à equipe. Fora de campo, sua presença parece ser ainda mais importante. Sem braçadeira, é o grande líder do time. Renato também não era o Plano A - Willian e Douglas Costa foram tentados antes dele para a Rio-2016.
Neymar, apesar de indicado capitão, não brilha exatamente nessa função. Por outro lado, passou a ser a maior referência técnica da equipe com a mudança de posição nos últimos dois jogos. Pelo centro, se entendeu bem com Luan e distribuiu assistências para os gols recentes do Brasil. Diante da Colômbia, quebrou seu jejum pessoal e foi o homem decisivo para a ida até a semifinal.