Cavalos e Michael Jackson embalam 1ª chance de medalha do Brasil na natação

O Brasil terá neste domingo (07) as primeiras chances reais de frequentar o pódio nas competições de natação da Rio-2016. As medalhas podem sair nos 100 m peito – o país tem dois representantes, Felipe França (29) e João Gomes Júnior (30), entre os oito finalistas. No entanto, não há evento no dia em que os dirigentes nacionais tenham depositado mais esperança do que o revezamento 4x100 m livre masculino. Tratado com minúcia e privilégio em todo o ciclo olímpico, o time da casa chegará a seu maior teste embalado por um treinamento com cavalos e músicas de Michael Jackson.
Os dois elementos dizem muito sobre o atual momento do revezamento nacional. Houve investimento em individualidades, é claro, mas o país apostou como nunca na formação de um time. O 4x100 m livre trabalhou em camps realizados no Brasil e no exterior e tentou diferentes tipos de abordagem para fortalecer o grupo – a atividade com cavalos, por exemplo. Em meio a tantas atividades em conjunto, acabou fomentando também o entrosamento entre os atletas, que criaram uma banda e se especializaram em músicas de Michael Jackson.
“No meu caso, são 13 anos de seleção brasileira. Fiquei fora desse revezamento em apenas um ano, o ano passado, no Mundial de Kazan. Posso falar com toda certeza que eu nunca vi esse revezamento tão unido e nunca vi cada um se preocupando tanto com o outro. Já posso falar que independentemente de resultado, por ser um dos mais velhos dos meninos, estou extremamente orgulhoso por ver a forma como as coisas estão caminhando. Para mim, finalmente poder falar que revezamento do Brasil é uma equipe é bem bacana”, contou Nicolas Nilo Oliveira.
Nilo comemorou 29 anos na última quinta-feira (04). Desprendido em relação a datas, ficou acordado até 1h30 (orientação da comissão técnica, que proíbe que os brasileiros durmam mais cedo) e não se lembrou que era o dia de seu aniversário. Percebeu apenas no dia seguinte, quando foi acordado pelos outros atletas do revezamento.
“A gente tem uma bandinha e brinca de cantar Billie Jean, do Michael Jackson. Eu, Marcelo [Chierighini] e o pessoal do revezamento. A gente sempre brinca disso aí, e hoje [quinta-feira] de manhã eles entraram no quarto fazendo a banda. Só faltou o vocal, que sou eu”, disse o nadador.
O Brasil não conquista uma medalha olímpica no 4x100 m livre masculino desde Sydney-2000, quando ficou com o bronze. Em 2015, o conjunto nacional venceu a prova nos Jogos Pan-Americanos de Toronto e ficou com a quarta posição no Mundial de esportes aquáticos disputado em Kazan (Rússia).
Os resultados do ano passado ratificaram o investimento da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) e do COB (Comitê Olímpico do Brasil) nesse revezamento. Os atletas fizeram atividades em conjunto, e na última delas, em junho, viajaram aos Estados Unidos para sessões de treino. Lá, uma das dinâmicas foi um trabalho com cavalos, ideia de Markus Rogan, nadador austríaco e psicólogo do brasileiro Thiago Pereira.
Rogan levou os brasileiros do revezamento a um grupo de cavalos especialmente treinados. A missão: cada atleta tinha de conduzir os animais por um circuito. O desafio: treinados para serem sensitivos, os equinos só reagiam se os responsáveis por guiá-los estivessem realmente confiantes no sucesso da empreitada.
O revezamento 4x100 m livre do Brasil na Rio-2016 é formado por Nicolas Nilo Oliveira, Marcelo Chierighini (que deve abrir a prova), Matheus Santana e João de Lucca, que não vai nadar a eliminatória neste domingo (vai priorizar os 200 m livre). Ele será substituído por Gabriel Santos, o mais jovem do grupo.
“Não vou falar agora qual é a ordem, mas uma coisa muito importante é ter uma ordem pré-estipulada. É bom todo mundo saber que mudanças podem ocorrer e estar sempre preparado para elas para não ser pego de surpresa. Todo mundo fez troca com todo mundo e vamos botar quem estiver mais conectado com outro”, avisou João. “Isso já está certo: de manhã eu não nado o revezamento. Se a gente classificar, à tarde eu vou ter a chance de nadar”, completou.