Olimpíadas começam com filas enormes e reclamação de torcedores
Do UOL, no Rio de Janeiro*O primeiro dia oficial de competições dos Jogos Olímpicos começou com muitas filas e problemas de transporte neste sábado (6). Torcedores interessados nos mais diversos esportes relataram filas de 500 m a 1 km em vários locais de competição. Houve relatos de espera de até duas horas. A principal causa do problema foi o não funcionamento de alguns aparelhos de raio-X, equipamento que teve a operação mudada a poucos dias do início dos Jogos.
Questionado sobre os problemas, o diretor de comunicação do Comitê Olímpico da Rio-2016, Mario Andrada, admitiu as falhas. “Tivemos problemas nos raio-x, especialmente no Parque Olímpico. Pedimos desculpas para quem espera debaixo do sol e nas filas, precisamos melhorar esta parte", reconhece Andrada, que garante ter tomado providências. "Informamos as autoridades, e colocamos funcionários da Rio-2016 para melhorar."
No Parque Olímpico, as revistas aconteceram na entrada dos torcedores e não na entrada de cada arena. O local é sede de 16 modalidades olímpicas, de forma que os fãs com ingressos para todos os eventos ali realizados dividiam uma fila enorme, com cerca de um quilômetro. Para melhorar a operação, a organização liberou o raio-X e fez as revistas manualmente. As filas cessaram perto do 12h.
Dois eventos pela manhã agitaram os torcedores no Parque. O jogo da seleção de handebol começou às 9h30 e a ginástica, representada principalmente por Arthur Zanetti, às 10h30. Misturados, atraíram muitos brasileiros. A organização pede que todos que tenham ingresso se programem com antecedência, inclusive com os pertences que irão trazer. Mochilas grandes geram mais tempo na fila de vistoria.
No Centro Olímpico de Hipismo, em Deodoro, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, também houve espera. A situação era um pouco melhor, com filas de cerca de 200 metros.
Raio-X emperra e revistas são mal feitas
Torcedores levaram quase uma hora para entrar no Parque Olímpico, onde as revistas foram menos criteriosas do que se esperaria de um evento de grande porte. Máquinas de raio-X não funcionaram, o que obrigou seguranças a fazerem a revista manualmente.
Além de atrasar a entrada da torcida, o procedimento não teve a mesma cautela. Uma vez dentro do Parque, os fãs ainda tinham que esperar mais dez ou quinze minutos para adentrar nas arenas. Por isso vários jogos começaram com pouquíssimo público.
O problema não é novidade na Rio-2016, visto que o equipamento de revista por raio-x também não funcionou na última sexta-feira (05), na etapa classificatória do tiro com arco, realizada no Sambódromo da Marquês de Sapucaí.
Handebol e Zanetti estreiam sem o público esperado
Foi clara a influência das filas demoradas na estreia da seleção feminina de handebol. A partida contra a Noruega começou com pouquíssimos torcedores na Arena do Futuro, localizada dentro do Parque Olímpico. O local só ganhou bom público nos minutos finais do primeiro tempo.
A poucos metros dali, na Arena Olímpica do Rio, que recebe a ginástica, mais da metade das arquibancadas estavam desocupadas quando o atual campeão olímpico Arthur Zanetti fez sua apresentação nas argolas. O brasileiro é uma das grandes esperanças de medalha do Brasil, sendo um dos favoritos ao ouro.
Torcedores perdem quase jogo inteiro no vôlei de praia
A revista demorada também causou frustração na Arena do vôlei de praia, em Copacabana, onde torcedores reclamaram muito do atraso para entrar no local de competição.
A exemplo do que ocorreu no Parque Olímpico, as filas ali também passaram de um quilômetro de extensão. O local ainda recebia apenas metade da capacidade quando a dupla brasileira Alison e Bruno Schmidt entrou em quadra.
Muita gente perdeu todo o primeiro set e ainda havia pessoas chegando quando a dupla brasileira já estava a poucos pontos de vencer o jogo. Os organizadores alegam que os torcedores chegaram todos na mesma hora, o que atrasou a revista.
Trajetos de ônibus alterados de última hora
As falhas na organização chegam também à cobertura jornalística dos eventos. Vários ônibus credenciados para imprensa tiveram seus trajetos previstos alterados. Isso atrasou não só a chegada dos jornalistas, mas também a entrada no Centro de Imprensa.
Em Deodoro, a desorganização foi tamanha que um ônibus credenciado entrou em uma zona proibida após ter seu percurso alterado.
Voluntários mal ou pouco preparados deram informações erradas sobre o transporte entre os locais de competição. Não houve, por exemplo, ônibus que ligue o Centro de Hipismo ao Sambódromo, onde ocorrem disputas do tiro com arco neste sábado.
Sambódromo sem lanchonete ou restaurante
Quem esteve neste sábado na Marquês de Sapucaí, sede do tiro com arco e do tiro esportivo, teve que conviver com a fome. O público chegou cedo, viu a norte-americana Virginia Thrasher levar o primeiro ouro da Rio-2016 e depois se deu conta de que não tinha o que comer.
Um problema na distribuição de alimentos impediu que houvesse qualquer restaurante, lanchonete ou mesmo barracas de comida. Não chegou comida, nem luvas para os funcionários. Diante disso, teve quem foi obrigado a almoçar uma garrafa de refrigerante.
Para piorar, os torcedores estavam no local desde às 9h30, horário em que as provas começaram. E não há restaurantes nas proximidades do Sambódromo.
Prefeitura e Comitê Rio-2016 pedem paciência
O secretário municipal de Governo do Rio de Janeiro, Rafael Picciani, pediu para que os torcedores “evitassem o uso de carros” neste primeiro dia de Jogos. Ele ainda declara que a recomendação oficial é que todos os interessados nos eventos da Rio-2016 se desloquem “com três horas de antecedência”.
Já o Comitê Organizador dos Jogos preferiu contemporizar a situação com frase filosófica. “A vida sempre tem riscos", declara o diretor de Comunicação dos Jogos, Mario Andrada, quando perguntado sobre os problemas nos equipamentos do raio-x. A organização alega que a falta de coordenação dos funcionários gerou todo o problema.
Presidente do COI vira as costas
Thomas Bach marcou presença na disputa do tiro com arco, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, onde condecorou a norte-americana Virginia Thrasher com a primeira medalha de ouro da Rio-2016. Questionado sobre os problemas, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) optou por ignorar o assunto: virou de costas, balançou a cabeça negativamente e seguiu andando, cercado por seguranças.
Confira as reclamações dos torcedores
*com reportagem de Antoine Morel, Leandro Carneiro, Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos