Nesta terça-feira, a Vila Olímpica dos Jogos do Rio de Janeiro deve receber seu 2391º habitante. Deve porque, desde a abertura, o local tem tido uma série de problemas. Segundo o Comitê Organizador, 21 dos 31 prédios construídos para abrigar os atletas estão prontos: a infraestrutura foi checada e as instalações foram limpas - um deles é o prédio australiano, que gerou queixas desde o domingo.

Ainda restam 10 prédios, de 17 andares cada, para resolver – até quinta-feira o CO-Rio pretende deixar tudo pronto. Até lá, porém, delegações estão se manifestando. E desistindo de tomar posse dos apartamentos designados.

O caso mais recente é da Suécia. Na noite de segunda-feira, representantes da delegação foram flagrados pela reportagem do Globoesporte.com saindo do local. Segundo relatos, os atletas que do país que já chegaram ficarão hospedados em apartamentos vizinhos à vila, alugados pelo seu comitê olímpico.

É mais ou menos o que aconteceu com a Austrália, que deixou a Vila após encontrar problemas de eletricidade, encanamento e vazamentos de gás em seu prédio – a chefe de missão do Comitê Australiano, Kitty Chiller, deu entrevista a jornalistas britânicos admitindo ter presenciado um curto-circuito. Existem reclamações, também, de membros da delegação de Holanda, Argentina, Itália, Rússia...

Nesta terça-feira, porém, os australianos já começaram a ocupar seus apartamentos e a expectativa é a de que 100 atletas durmam na Vila a partir de quarta-feira. São competidores de hóquei, rúgbi, boxe e canoagem slalom.

"Parte do nosso corpo técnico já se mudou para os apartamentos hoje. E nossa previsão é que os atletas vão entrar na vila amanhã", afirmou Mike Tancred, chefe de comunicação da delegação australiana.

O motivo de tantas críticas foi o atraso da obra. O Consórcio Ilha Pura, formado pela Odebrecht Imobiliária e pela Carvalho Hosken, entregou as instalações hidráulicas e elétricas da Vila Olímpica de atletas apenas há um mês. A Odebrecht é a mesma construtora que entregou o estádio de abertura da Copa, Arena Corinthians, inacabado para o primeiro jogo.

Polêmicas envolvendo Vilas Olímpicas, no entanto, não são exclusividade do empreendimento brasileiro. Considerada modelo, a Vila de Londres-2012 teve atletas norte-americanos relatando aparelhos de ar condicionados quebrados e indianos falando que o quarto, com malas e equipamentos, não tinha espaço suficiente.

Nos Jogos da Comunidade Britânica de 2010, em Nova Déli, a reclamação foi sujeira. Nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara-2011, o foco ficou nos problemas de encanamento. Nas Olimpíadas de Atenas-2004, brasileiros lembram que precisaram comprar rodos de emergência para lidar com vasos sanitários que transbordavam.

Não existem números oficiais sobre reclamações ou de saídas da Vila da Rio-2016. Só de ocupantes: nesta terça, chegam 791 pessoas, entre eles 200 atletas de 82 países – chegando aos 2391 habitantes do início da matéria. Desses, 600 vão competir por medalhas por 129 países.