Com Varejão sob risco, Brasil enfraquece em setor que era trunfo por pódio
Fábio AleixoDo UOL, em São Paulo
Quando o ano começou e Rubén Magnano iniciou o seu planejamento para a Olimpíada, o garrafão da seleção brasileira certamente era o que menos oferecia dor de cabeça. Afinal, o treinador tinha opções de qualidade de sobra. Mas a 12 dias da estreia nos Jogos, contra a Lituânia, o cenário é de preocupação e incertezas naquele que era um dos principais trunfos do time na briga por uma medalha.
Atualmente o treinador conta apenas com Nenê, Rafael Hettsheimeir, Augusto Lima e Guilherme Giovannoni, sendo que só o primeiro é um pivô de ofício para atuar na posição 5. Os outros fazem mais o trabalho de sair para arremessos de média distância.
Magnano já perdeu Tiago Splitter (operado do quadril em fevereiro) e Vitor Faverani (dispensado no dia 1º de julho com problemas no joelho direito). Agora, Anderson Varejão está na iminência de ser cortado. No momento, ele se encontra nos Estados Unidos passando por exames para verificar a gravidade de sua lombalgia.
Mas segundo o UOL Esporte apurou, a situação é extremamente complicada e a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) já iniciou contatos para contar com atletas que nem treinando estão, casos de Rafael Mineiro e JP Batista. Diante da incerteza, até mesmo o nome de Cristiano Felício voltou a ser colocado em pauta.
O pivô do Chicago Bulls não foi chamado para a preparação pois preferiu se dedicar à Liga de Verão e foi duramente criticado por Magnano na convocação realizada no dia 10 de junho. Agora, o discurso é de que ele poderá ser chamado caso o corte de Varejão realmente se concretize. Isso porque o atleta faz parte de uma lista da CBB enviada ao Comitê Olímpico Brasileiro ainda em março. O limite para uma troca seria 2 de agosto, véspera de entrada da delegação na Vila Olímpica. Mas segundo Magnano, ele poderá esperar até o dia 5, véspera do início do torneio de basquete,
"Felício seria uma possibilidade. Como há outras possibilidades, plano A, plano B, plano C também. Mas vamos esperar por Anderson o tempo que precisarmos. Anseio que ele chegue bem e em condições de nos dar alguns minutos. Claro que sem o Anderson, a equipe perde um jogador de potencial e isso é uma preocupação. Mas sofri tantas adversidades em seis anos que estou aqui que esta seria apenas uma mais", disse Magnano.
Ainda que o pivô não seja cortado, sua condição gera muita dúvida. Afinal, já está há uma semana sem treinar e o período de inatividade deverá ultrapassar dez dias até que retorne dos Estados Unidos, o que não tem data para ocorrer.
O pivô Nenê, que foi destaque nas duas vitórias em amistosos contra a Romênia em São Paulo, reconheceu que a iminente perda de Varejão é um grande complicador para o garrafão.
"Ele é um jogador de altíssimo calibre, mas temos de nos preocupar com o que podemos controlar. Temos de procurar fazer as coisas da melhor maneira e nos ajustar nas adversidades", disse o jogador.
Um destes ajustes Magnano começou a testar na vitória de 96 a 50 sobre a Romênia na noite de segunda-feira. Rafael Hettsheimeir foi muito mais utilizado na posição 5, como um reserva de Nenê. No sábado, havia atuado muito mais na posição 4.
"Para mim, não faz diferença. Gosto de jogar de 4 e 5. Gosto das duas posições, de ter esta esta versatilidade", disse o jogador.
"Eu, como treinador, preciso potencializar as coisas positivas que temos e já vivemos. A última coisa que posso é passar ao time uma imagem negativa, de infelicidade ou preocupação", afirmou Magnano.