Olimpíadas 2016

Atualizada em 06.07.2016 15h05

Em crise, RJ recorre a Exército para policiar bairros turísticos na Rio-16

Vanderlei Almeida/AFP
Ministro da Defesa, Raul Jungmann participa de evento no Rio de Janeiro e explica plano para a Olimpíada imagem: Vanderlei Almeida/AFP

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

A crise de segurança existente no Rio de Janeiro às vésperas da Olimpíada fez o governo do Estado recorrer às Forças Armadas para o patrulhamento da capital fluminense durante a Olimpíada. Após uma solicitação do governador em exercício Francisco Dornelles, Exército e Marinha atuarão inclusive no policiamento ostensivo de ruas principais de bairros turísticos, como Copacabana, Ipanema e Leblon.

A participação das Forças Armadas na segurança dos Jogos Olímpicos foi detalhada nesta quarta-feira (6) pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, e pelo comandante responsável pela atuação militar no Rio durante o evento, general Fernando Azevedo e Silva. Segundo Jungmann, o trabalho dos militares na Rio-2016 será maior que a inicialmente previsto por solicitação do governo do Estado.

"Teremos cerca de 21 mil homens no Rio. Originalmente, nossa previsão era de 18 mil. Acontece que houve uma solicitação para que fosse disponibilizado um maior efetivo", explicou o ministro. "Sabemos da deterioração da segurança do Rio, mas isso vai mudar. Não estamos aqui para brincadeira."

De acordo com o general Azevedo e Silva, no plano inicial de segurança da Rio-2016, as Forças Armadas seriam responsáveis somente pela proteção de áreas estratégicas (instalações elétricas e de comunicação, por exemplo) e pela defesa do país contra ameaças externas. Serviriam também como uma força de contingência para os casos de esgotamento dos recursos da polícia. 

Esse plano, porém, mudou no mês passado a pedido do governo do Rio. Agora, Exército e Marinha também farão o policiamento ostensivo nas proximidades do Aeroporto do Galeão, em algumas estações ferroviárias e nas principais vias de circulação de atletas e autoridades, inclusive naquelas que passam pelos bairros da zona sul do Rio --área mais turística da cidade.

Azevedo e Silva afirmou que militares atuarão integrados com a Polícia Civil e Militar. Ressaltou que agentes das Forças Armadas poderão até efetuar prisões em casos crimes comuns constatados em flagrante. "Prisão em flagrante a gente tem condição de fazer. Outros detalhes da atuação dependem do decreto de Garantia de Lei e Ordem", disse o general, lembrando que o decreto que permite a atuação das Forças Armadas na Rio-2016 será assinado pelo presidente Michel Temer nos próximos dias.

Tiroteios e roubos a um mês da Rio-2016

Faltando exatamente 30 dias para o início da Olimpíada, o Rio vive uma crise em sua segurança, de acordo com o próprio ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que esteve na apresentação desta quarta-feira. Por falta de dinheiro, o Estado atrasou pagamento de policiais e viu índices de criminalidade subirem.

Entre janeiro e maio de 2016, o Estado registrou 48.429 roubos de rua, segundo dados do ISP (Instituto de Segurança Pública) --o maior número em onze anos.  Apenas em maio, foram registrados 7.487 roubos de pedestres, 1.030 roubos dentro do transporte coletivo e 1.451 roubos de celulares.

Também neste ano, foram registrados tiroteios e arrastões na capital. Desde o início do ano, nove pessoas morreram enquanto trafegavam em vias expressas do Rio.

Operação coincide com abertura da Vila Olímpica

Moraes disse a situação deve mudar com a ajuda federal de R$ 2,9 bilhões enviada ao Estado para auxílio da segurança da Olimpíada. Segundo ele, a medida que agentes da Forças Nacional e militares cheguem ao Rio, também é natural que o policiamento da cidade fique mais intenso.

Jungmann disse que 6 mil militares já estão no Rio de Janeiro para trabalharem durante a Olimpíada. Até o próximo dia 17, o efetivo das Forças Armadas na cidade chegará aos 21 mil. No dia 21, haverá um teste geral para a atuação dos militares da Rio-2016 e, no dia 24 julho -data da abertura da Vila Olímpica para os atletas -, as Forças começam efetivamente a trabalhar.

Jungmann afirmou que outros 20 mil militares atuarão na segurança de cidades-sede do torneio de futebol da Olimpíada (São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Manaus). Ao todo, todo o efetivo de segurança dos Jogos envolverá 85 mil pessoas.

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