Olimpíadas 2016

Despedida de Phelps dos EUA tem público recorde, bebê pop e rivais tietes

AP Photo/Nati Harnik
Michael Phelps vence a seleção dos 200m medley, com Ryan Lochte na segunda colocação imagem: AP Photo/Nati Harnik

Guilherme Costa

Do UOL, em Omaha (EUA)

O público dos Estados Unidos despediu-se de Michael Phelps. Aos 31 anos, depois de ter se aposentado e de ter voltado às piscinas, o atleta mais laureado da história dos Jogos Olímpicos disputou na última semana, em Omaha, a seletiva nacional de natação para a Rio-2016. Conseguiu três vagas em provas individuais e deixou uma série de provas do tamanho do mito construído em torno de seu nome. O público recorde, o bebê estrela e a relação dos rivais com o astro são boas demonstrações disso.

Quanto ao público, a seletiva deste ano foi a terceira consecutiva dos Estados Unidos em Omaha. Em 2008 e 2012, o público total do evento ficou na casa de 165 mil pessoas. O Centurylink Center tem capacidade para cerca de 15 mil pessoas, e a edição desta temporada teve ingressos esgotados para todas as 15 sessões. Foi o primeiro evento de natação no país com um contingente superior a 200 mil espectadores.

“Eu lembro de 2000, quando a seletiva mal tinha 3 mil pessoas. Agora, é só olhar ao redor: é uma produção! Nós estamos na televisão aberta em rede nacional! Nós aparecemos em revistas! O site da [revista] Time fez um artigo sobre o Instagram do meu filho! São coisas que a natação nunca teve oportunidade de vivenciar. As pessoas estão empolgadas e interessadas”, relatou Phelps.

Antes de ir para Omaha, a seletiva nacional de natação dos Estados Unidos teve duas edições em Indianapolis. A arena utilizada na cidade tinha capacidade para apenas 4,4 mil pessoas, e a edição de 2000 teve um público total de 100 mil pessoas. “É incrível ver o quanto o esporte cresceu. Há ocasiões em que nós precisamos ser acompanhados pela polícia por causa da multidão”, disse Phelps. “Acho que o esporte mudou muito e que tem ido para uma direção que eu amo, com muitas pessoas aqui e um interesse crescente”, completou.

O discurso em torno do interesse crescente, contudo, conta apenas parte da história. O crescimento da seletiva norte-americana como evento também tem relação com o “mito” Michael Phelps. O nadador acumulou 22 medalhas em Jogos Olímpicos, detém o recorde de pódios em uma edição – oito em Pequim-2008 – e chegou a se aposentar depois de Londres-2012.

Phelps concedeu seis entrevistas coletivas durante a seletiva, e todas foram realizadas com a sala de imprensa cheia. De resto, interagiu com o público apenas na área da piscina do Centurylink Center. Grande astro, o nadador também foi uma figura à parte do evento.

Na loja oficial da seletiva, por exemplo, Phelps foi o único atleta que não teve produtos com seu nome. Ele também não participou de sessões de autógrafo e tampouco levou a família para interagir com o público na arena – os outros nadadores passaram por isso.

Enquanto Phelps limitava o contato com o público, a mulher dele, Nicole Johnson, e o filho do casal, Boomer, acabaram virando celebridades em Omaha. Os dois protagonizaram, por exemplo, um encontro com o público no centro da cidade. Houve fila para pegar brindes com o nome do ídolo.

Phelps teve tratamento de ídolo até entre os outros nadadores dos Estados Unidos. Olivia Smoliga admitiu que tem um pôster dele no quarto; Tom Shields, superado pelo astro nos 100 m e nos 200 m borboleta, tratou o nadador com enorme deferência.

“Isso me faz sentir muito velho”, admitiu Phelps. “Mas o esporte mudou muito nos últimos 16 anos e tem sido legal acompanhar isso. Quando eu tinha 15 anos, dizia que queria transformar esse esporte. Acho que fiz muito, mas que ainda não é tudo”, adicionou.

Por mais que os norte-americanos falem em Big Four (Phelps, Ryan Lochte, Missy Franklin e Katie Ledecky) ou nomes como Ledecky tenham conseguido ganhar espaço na natação dos Estados Unidos, o astro ainda é uma figura incomparável. E isso, segundo ele, tem data para terminar.

“É isso! Não tem mais. Eu terminei. Vai ser minha última”, disse Phelps sobre a participação nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

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