Atletismo busca seis medalhas e tem polêmica por doping na convocação
Felipe PereiraDo UOL, em São Bernardo do Campo
A equipe brasileira de atletismo terá um número recorde de integrantes na Olimpíada, 66 atletas. A lista de convocados também tem a possibilidade de parar nos tribunais. A velocista Ana Cláudia Lemos foi flagrada no doping, recebeu pena de cinco meses da Justiça desportiva do país e volta nesta segunda-feira a fazer parte do time nacional.
Mas a inclusão dela significou a ausência de Tamiris de Liz, que promete ir à Justiça para estar no Rio de Janeiro. A declaração foi feita à Agência Estado e está baseada em punições maiores aplicadas a outros esportistas flagrados com oxandrolona, substância encontrada no organismo de Ana Cláudia.
Ainda existe a possibilidade da Agência Mundial Antidoping (Wada) e da Iaaf (Federação Internacional de Atletismo) pedirem o aumento da pena. Se houver recurso, o caso será analisado pela Corte Arbitral do Esporte. A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) informou que acatará qualquer alteração na condição de Ana Cláudia participar das provas em que foi convocada, os 100 metros rasos e o revezamento 4x100..
O presidente da entidade, José Antonio Martins Fernandes, disse que encaminhou um pedido de definição sobre a situação de Ana Cláudia à Federação Internacional de Atletismo (IAAF). Ele aguarda um posicionamento até as Olimpíadas. Enquanto isso, a velocista segue treinando no Núcleo de Alto Rendimento, em São Paulo.
Expectativa de medalhas em seis modalidades
A presença de Ana Cláudia é importante porque os dirigentes da CBAt têm esperança de medalhas no revezamento 4x100, salto com vara e marcha atlética. Tanto os homens quanto as mulheres, destas modalidades possuem chances na avaliação do supervisor de Alto Rendimento da entidade, Antônio Carlos Gomes.
Ele disse que torce para os melhores do mundo estarem no Rio de Janeiro, mas admitiu que se os russos não competirem aumenta a possibilidade de pódio dos brasileiros. O país pode não ter representantes por causa da descoberta de um esquema de doping. A alternativa dos esportistas do país é recorrer e competir como atleta neutro.
A situação tem especial influência no caso de Fabiana Murer, do salto com vara, porque afeta Yelena Isinbayeva, dona do recorde mundial. A brasileira tem boas razões para estar confiante, pois conseguiu a melhor marca da carreira no último domingo durante o Troféu Brasil de Atletismo com 4,87 m.
Com este resultado, ela lidera o ranking do ano no mundo, obteve o novo recorde sul-americano e está credenciada para uma medalha. Fabiana ainda tentou atingir 5 metros, mas não teve sucesso. Depois da prova, explicou que nunca tinha arriscado uma marca tão alta em competição e quis experimentar porque nos treinos a sensação é diferente.
Ela não se abalou por ter falhado e declarou que deixou para mais tarde, numa referência a agosto, mês da Olimpíadas. A atleta ainda contou que está feliz por ter conseguido o melhor salto da vida porque está é a última temporada e sempre quis parar no auge. Sobre a medalha olímpica, não cantou favoritismo e afirmou que está na briga junto com mais sete nomes.
Em busca da medalha no revezamento de 4x100 metros, o Brasil terá de melhorar sua marca em 2016. No ano, o melhor tempo da equipe é 38.65, marca que não colocaria o país nem na final olímpica há quatro anos. A situação é mais complicada para as mulheres que ainda têm a 34ª melhor marca do ano, com um tempo de quase três segundos acima do ouro em Londres. O tempo também não as levaria para a final.
Na marcha atlética, a esperança vem de Caio Bonfim entre os homens nos 20 quilômetros. Ele foi sexto no Mundial de 2015, mas tem apenas a 26ª melhor marca de 2016. A situação de Erica de Sena é melhor entre as mulheres, pois, na mesma prova, ela tem o 4º melhor tempo do ano.
Mudança contribui com recorde
O recorde de integrantes no atletismo teve uma ajudinha da nova metodologia adotada pela CBAt. Até as Olimpíadas de Londres o índice estabelecido pela confederação era mais rigoroso que o estipulado pela Iaaf. A entidade internacional adotava este critério para não excluir países sem tradição. Mas a lógica brasileira era levar apenas esportistas muito bons.
Pelas regras anteriores, no feminino somente duas atletas de pista teriam presença no Rio de Janeiro: Ana Cláudia Lemos e Rosangela Oliveira da Silva. O supervisor de Alto Rendimento da CBAt justificou que os brasileiros ficavam em casa, enquanto atletas menos capazes estavam competindo. Nos bastidores, também se fala que a flexibilização no índice ocorreu para garantir uma grande delegação nas Olimpíadas realizadas no país.
E o número de 66 pode aumentar porque há vagas para esportista que não conseguiram índice, mas estão entre os 32 melhores no ranking de sua modalidade. Pelo menos cinco brasileiros têm chances.