Olimpíadas 2016

Iaaf mantém atletismo da Rússia fora da Rio-2016 por escândalo de doping

Leonhard Foeger/Reuters
Sebastian Coe, presidente da Iaaf, e Rune Andersen, chefe da força-tarefa que investiga doping na Rússia, durante entrevista em Viena imagem: Leonhard Foeger/Reuters

Do UOL, em São Paulo

A Federação Internacional de Atletismo (Iaaf, na sigla em inglês) anunciou nesta sexta-feira que manteve a suspensão ao atletismo da Rússia pelo escândalo de doping, o que fará os atletas do país na modalidade perderem a Olimpíada do Rio de Janeiro. A informação, primeiramente divulgada pela imprensa europeia e por autoridades russas, foi confirmada em entrevista coletiva nesta tarde após reunião do Conselho da entidade em Viena.

Em novembro do último ano, uma comissão independente da Agência Mundial Antidoping (Wada) soltou um relatório bombástico, no qual denuncia um "esquema de doping organizado e generalizado" na Rússia, levando a Iaaf a suspender o país de todas as competições internacionais. Com os mais de 4 mil representantes do país proibidos de competir, a decisão final ficou para esta sexta-feira após avaliação dos esforços russos para se adequar às exigências.

"Foram feitos progressos, mas a decisão unânime do conselho foi de manter a punição à Rússia", disse o presidente da Iaaf, Sebastian Coe, confirmando que a entidade considerou que a Rússia não atendeu aos critérios de readmissão exigidos pela federação depois do escândalo de doping estourado em novembro do último ano. 

Em comunicado, o ministério de esportes da Rússia disse estar extremamente desapontado com a decisão. "Os sonhos de atletas limpos estão sendo destruídos por causa do comportamento repreensível de outros atletas e dirigentes. Eles sacrificaram anos de suas vidas se esforçando para competir nos Jogos Olímpicos, e agora esse sacrifício está próximo de ser desperdiçado", diz a nota.

Uma brecha para liberação 

Porém, ainda resta uma possibilidade de alguns russos do atletismo participarem dos Jogos. Uma reunião na próxima terça-feira em Lausanne, envolvendo o COI, federações internacionais e nacionais e organismos antidoping, debaterá a possibilidade de avaliar o caso de cada atleta para uma possível “justiça individual" aos que estiverem comprovadamente limpos. Porém, eles competiriam como "atletas neutros", não representando a Rússia.

"Se atletas podem, a título individual, provar de forma clara e convincente que não foram manchados pelo sistema russo porque estavam fora do país e foram sujeitos a regras antidoping mais severas, haverá a possibilidade de solicitar a permissão de disputar competições internacionais, não pela Rússia, mas como atletas neutros", explicou. Sebastian Coe.

Porém, o  chefe da força-tarefa que investiga o caso, Rune Andersen, disse na entrevista que será difícil para o COI conseguir determinar quais atletas vão se enquadrar no caso, já que o sistema vinha de cima para baixo.   

Caberá ao Comitê Olímpico Internacional (COI) estabelecer as condições da participação, que pode acontecer sob a bandeira olímpica, por exemplo, como a delegação de refugiados criada especialmente para os Jogos do Rio.

Logo após a decisão, Yelena Isinbayeva disse, segundo a agência TASS, que irá recorrer à Corte dos Direitos Humanos.

Putin se manifesta

Mais cedo, o presidente russo Vladimir Putin se pronunciou sobre o assunto durante o Forum Econômico Internacional de São Petersburgo e afirmou que "não há e não pode haver nenhum apoio do Estado, principalmente no que diz respeito ao doping".

"Não é possível haver responsabilidade coletiva para todos os atletas. Uma equipe inteira não pode assumir toda a responsabilidade por violações cometidas por apenas uma pessoa", argumentou o chefe de Estado.

Durante a entrevista coletiva, Sebastian Coe rebateu a argumentação de autoridades russas de que a manutenção da suspensão teve fundo político. "A decisão foi unânime. Não houve política naquela sala hoje", disse.

Na quarta-feira, uma comissão de atletas do Comitê Olímpico Russo enviou uma carta ao COI fazendo um apelo para que não houvesse a exclusão. Segundo o documento, ela seria uma "punição coletiva para os erros de uma minoria" e teria "um efeito verdadeiramente destrutivo em todo o sistema de valores olímpicos, causando um dano irreparável ao desenvolvimento do esporte no país".

O escândalo

O escândalo teve início quando o antigo diretor do laboratório antidoping de Moscou, Grigory Rodchenkov, e um funcionário da agência antidoping local denunciaram à imprensa americana que 15 medalhistas russos nos Jogos de Inverno de Sochi e outros atletas foram dopados por autoridades russas.

Além disso, há relatos que agentes do Serviço Federal de Segurança, a antiga KGB, manipularam amostras de urina durante o evento poliesportivo, para evitar que algum caso fosse revelado.

Revelações feitas pela televisão pública alemã "ARD" apontam que o ministro do Esporte da Rússia, Vitaly Mutko, encobriu pelo menos um caso de doping no escândalo que envolve o atletismo do país e que incidem em um suposto programa dirigido pelo governo.

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